Por Vanessa Siqueira, de Alagoas
As usinas pertencentes ao Grupo Coruripe, de origem alagoana, ganharam uma certificação internacional, a ISCC Corsia Plus, que as habilita a produzir e comercializar etanol para aviação, contribuindo para a transição energética do setor. O processo de auditoria foi concluído no mês de março e certificou as unidades do grupo situadas nas cidades de Iturama e Limeira do Oeste, em Minas Gerais.
O ISCC é o principal sistema de certificação internacional de biomassa e bioenergia, com foco em sustentabilidade do uso da terra e da água, rastreabilidade da produção e verificação dos gases de efeito estufa. O processo é bem rigoroso e abrange uma série de critérios de ESG, como condições seguras de trabalho e responsabilidade social.
O reconhecimento serve para comprovar que o etanol produzido nas unidades de Iturama e Limeira do Oeste, no Triângulo Mineiro, cumpre os requisitos internacionais para a produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês).
Segundo o coordenador de Sustentabilidade da Usina Coruripe, Allan Pedrosa, como a companhia possui um alto padrão de Sistema de Gestão e atua muito fortemente em ações voltadas para a Sustentabilidade, não foram necessários novos investimentos para adequações necessárias para a certificação.
“A área de produção precisou demonstrar que não houve desmatamento, comparando o uso e ocupação do solo atuais, com dados de 2008. Além disso, é necessário alcançar uma redução nas emissões de carbono comparado aos combustíveis fósseis, sendo o desmatamento zero um requisito fundamental”, explicou Pedrosa.
Grupo Coruripe em grupo exclusivo
As unidades do Grupo Coruripe passam a integrar uma seleta lista que conta com apenas cinco usinas brasileiras que estão certificadas com o ISCC e podem produzir e comercializar combustível sustentável de aviação. As demais usinas certificadas no país são as plantas industriais de Raízen, São Martinho e BP Bunge.
Atualmente, o Grupo Coruripe produz combustível, do tipo etanol anidro, oriundo da cana-de-açúcar, que é verificado por meio da Certificação Bonsucro, e exportado para a Europa.
“Agora, para atender as demandas do setor de aviação, o etanol, primeiramente, passará por um reprocessamento em indústrias apropriadas para tal, transformando o etanol para ser utilizado como bioquerosene de aviação”, completou Allan Pedrosa.
De acordo com dados do Balanço Energético de Alagoas (Beal), o estado tem atualmente 87% de sua matriz energética originada de fontes renováveis. E a produção é liderada pela cana de açúcar, com 47% desse total.
O estudo aponta ainda que Alagoas tem desenvolvido ações para ampliar o uso do eucalipto, milho e outras biomassas, como é o caso da Cooperativa Pindorama e do Grupo EQM que, ambas em parceria com a ZEG Biogás, irão produzir biocombustíveis.
A Cooperativa Pindorama se prepara para entrar na segunda safra de produção de etanol a partir do milho e do sorgo. Já o Grupo EQM irá produzir em Alagoas e Pernambuco biometano de alta pureza.
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