Porto do Pecém chega aos 22 anos com expectativa da Transnordestina e de se tornar hub energético

Consolidado na logística do Brasil e do Nordeste, o Porto do Pecém se prepara para um novo ciclo de crescimento, impulsionado pelo modal ferroviário e pelo H2V. Saiba como isso vai acontecer
Porto do Pecém: Transnordestina pode elevar a movimentação de cargas no ancoradouro para outro patamar
Elmano de Freitas prevê duplicação do volume de carga no Porto do Pecém com a ativação da Ferrovia Transnordestina/Foto: Balada In (Internet)

Idealizado nos anos 1990 para ser um polo indutor do desenvolvimento do Ceará e inaugurado em 2002, o Porto do Pecém chega aos 22 anos de operação consolidado como um dos equipamentos logísticos mais importantes do Nordeste e do país e como empreendimento vital para o ecossistema de negócios do qual é âncora: o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).

O presente e o futuro, no entanto, reservam a oportunidade para que o ancoradouro atinja um patamar ainda mais estratégico para a economia nacional e cearense, com a chance de um reposicionamento por meio da Ferrovia Transnordestina e de se tornar um hub energético global, com papel de destaque mundial na descarbonização.

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Projetado como um porto offshore (fora da costa), Pecém tem profundidade de 14 a 15,4 metros e se enquadra como equipamento multicargas, com 10 berços voltados atualmente para granéis sólidos, granéis líquidos, contêineres e cargas em geral.

Com essa estrutura, o ancoradouro ocupa um espaço decisivo nas exportações do Nordeste, considerando principalmente o escoamento da produção de placas de aço da ArcelorMittal, cuja siderúrgica no Ceará fica localizada a poucos quilômetros da área portuária.

Em 2023, os embarques de placas pelo ancoradouro bateram record, acompanhando a evolução da produção da ArcelorMittal Pecém, que atingiu pela primeira vez o limite de sua capacidade, de 3 milhões de toneladas/ano. Com isso, o volume total escoado pelo porto chegou a 2,9 milhões de toneladas.

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Porto do Pecém é hub de contêineres

O ano passado também foi de record na movimentação de contêineres no Porto do Pecém, que vem se destancando tanto nos embarques de carga conteineirizada, quanto no recebimento e distribuição regional. Em 2023, as operações nesse segmento chegaram a 482,9 mil TEUs (unidade padrão de contêiner de 20 pés), incremento de 16% sobre 2022.

Entre os produtos mais importantes movimentados por Pecém nesse setor estão o sal, enxofre, gesso, cereais, plásticos, frutas frescas (dos polos de agronegócio do Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco) e equipamentos para geração solar e eólica.

No caso da fruticultura, Pecém é um dos equipamentos logísticos mais importantes para a atividade, juntamente com Salvador (CE) e Suape (PE).

Ao todo, em 2023, o volume de operações de carga no porto atingiu a marca de 17,3 milhões de toneladas, 2% a mais que em 2022. Esse número eleva a movimentação total no ancoradouro para 90 milhões de toneladas nos últimos cinco anos.

Transnordestina vai aumentar escala no Porto do Pecém

Os números atuais do Porto do Pecém são expressivos, mas a Ferrovia Transnordestina tem potencial de ampliar as operações em Pecém para uma outra escala, ao integrar o ancoradouro à malha férrea do Nordeste.

Embora a ferrovia seja uma das maiores obras inacabadas na História do país, o trecho cearense do empreendimento vem evoluindo, ao contrário do braço do projeto em Pernambuco, paralisado desde 2016.

No Ceará, estão previstos 608 km da ferriovia e três terminais de carga. Um deles, dedicado a grãos, ficará na região entre Iguatu e Quixadá. A localização dos outros dois – destinados a combustíveis e fertilizantes – está em fase de definição pelo operador privado, a Transnordestina Logística SA (TLSA).

A concessionária iniciou, em janeiro, as obras dos lotes 4 e 5 da ferrovia no Ceará, orçados em R$ 1 bilhão. A extensão totaliza 101 km, interligando os municípios de Acopiara, Piquet Carneiro e Quixeramobim.

Com esse avanço, a previsão é de que a linha cearense da Transnordestina entre em operação entre o final de 2026 e o começo de 2027. A projeção anima o governador Elmano de Freitas.

“Com a interligação do Porto do Pecém à ferrovia, vamos dobrar o volume de cargas no ancoradouro e ajudar várias cadeias produtivas no interior do Ceará”, afirma.

Porto do Pecém na rota do hidrogênio verde

Além da Transnordestina, a outra grande aposta do Porto do Pecém é a plataforma de produção e exportação de hidrogênio verde que governo estadual e empresariado estão empenhandos em criar no CIPP.

A previsão é de que, com a viabilização desse projeto, o ancoradouro se torne um dos centros logísticos mais importantes na cadeia de negócios da descarbonização da economia mundial.

Essa expectativa é reforçada pelo corredor marítimo Pecém-Holanda, parceria firmada em 2023 entre o porto cearense e seu sócio internacional, o Porto de Roterdã, detentor de 30% do controle acionário. A rota será voltada justamente para o H2V, o hidrogênio produzido com zero pegada de carbono e conhecido como o “combustível do futuro”.

Porto do Pecém: presidente do CIPP destaca a responsabilidade do ancoradouro para mais um salto da economia estadual
“Temos a responsabilidade de transformar o Ceará por meio da transição energética e do Porto do Pecém”, diz o presidente Hugo Figueirêdo/Foto: Carlos Gibaja (Governo do Ceará)

Qual o papel do Porto do Pecém no H2V?

Na concepção do projeto chamado Hub do H2V, o Porto do Pecém aparece como peça fundamental para o polo cearense de hidrogênio verde. Vale lembrar que a implantação dessa indústria na Zona de Processamento de Exportações instalada no porto – a ZPE Ceará – tem o status de política de estado, integrando governo local, empresários, setor portuário e a academia.

Atualmente, o número de empresas interessadas em ter operações no hub se aproxima de 40, com sinalização de investimentos da ordem de US$ 30 bilhões de dólares (R$ 145,7 bilhões de reais).

Para garantir as condições necessárias ao atendimento dessa nova demanda, o porto quer investir US$ 90 milhões, por meio de um financiamento junto ao Banco Mundial já autorizado pelo governo brasileiro.

Os recursos serão destinados à implantação de infraestrutura básica para corredores de utilidades, acesso ao setor produtivo de H2V, expansão do atual Terminal de Múltiplas Utilidades (TMUT) e incremento do Píer 2 do terminal, que será destinado a H2V e derivados.

“Temos uma grande responsabilidade em mãos, de transformar novamente a economia do Ceará por meio da transição energética e do Porto do Pecém. Não tenho dúvidas de que veremos isso acontecer”, diz o presidente do CIPP, Hugo Figueirêdo.

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