O FDNE, um dos principais instrumentos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, registrou um crescimento de demanda de 5% em 2023 sobre 2022. Foram registrados 78 pedidos de financiamento do fundo na linha de crédito administrada exclusivamente pela autarquia. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (8), pela Coordenação-geral de Fundos de Desenvolvimento da Sudene.
De acordo com o balanço, o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste totalizou solicitações para obtenção de crédito da ordem R$ 7,5 bilhões. Os pedidos vieram em quase 100% da área de energias renováveis – principalmente solar e eólica – evidenciando o boom da geração limpa nos estados nordestinos. A única exceção foi um projeto no setor de turismo, para implantação de um empreendimento hoteleiro.
FDNE tem 45 consultas prévias já aprovadas
Entre os pedidos de financiamento, 45 já tiveram as consultas prévias aprovadas pela Diretoria Colegiada da superintendência. Esses projetos somam R$ 4,8 bilhões em créditos do FDNE.
Do ponto de vista da distribuição por estados, o Piauí lidera o número de consultas aprovadas (20), seguido pela Bahia (17), Ceará (12), Rio Grande do Norte (12), Minas Gerais (7), Pernambuco (5), Paraíba (3) e Maranhão (2).
Esses números se explicam pelo fato de Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia e Piauí liderarem a implantação de empreendimentos de energias renováveis na região e estarem na briga pela atração da cadeia de hidrogênio verde, que é totalmente dependente de geração limpa.
Pernambuco também participa dessa corrida do ouro pelo pioneirismo e liderança da indústria do H2V no Brasil e articula o fortalecimento do seu polo solar, eólico e de biocombustíveis.
Fora do Nordeste, Minas Gerais, que integra a área de atuação da Sudene, tem hoje um dos maiores clusters de energia solar fotovoltaica do país.
Já o empreendimento turístico que terá apoio do fundo é um estabelecimento da AXYZ Administradora de Hoteis, que obteve sinal verde para um financiamento de R$ 23,1 milhões destinado à implantação do Amado Bio & SPA Hotel, em João Pessoa. O Amado Bio, orçado em R$ 57,8 milhões, terá 240 quartos e entra agora na fase de procedimentos para acesso ao crédito.
Próximos passos
Após a aprovação da consulta prévia, a Sudene emite um termo de enquadramento ao interessado, que deve apresentar o projeto ao agente operador credenciado de sua preferência e solicitar análise técnica e de risco. Atestada a viabilidade do empreendimento, a superintendência poderá, então, aprovar o financiamento, procedendo à liberação do crédito.
FDNE: demanda é maior que orçamento do fundo
O superintendente da Sudene, Danilo Cabral, ressalta que “as solicitações de crédito em 2023 ultrapassaram o volume de crédito do FDNE para 2023, que foi de R$ 1,3 bilhão”.
Para o executivo, além de evidenciar o potencial econômico da região, “os números mostram que a Sudene é uma alternativa confiável e estratégica para obtenção de crédito pelos empreendimentos”.
“Este cenário, inclusive, já foi apresentado como justificativa para balizar o recente pedido de capitalização deste fundo regional. Temos uma demanda represada que precisamos atender”, defende.
Entre as alternativas para ampliar o FDNE, a Sudene obteve autorização da Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex) para captar R$ 500 milhões via Banco dos Brics (NDB), presidido por Dilma Rousseff.
Promoção impulsiona o fundo
O diretor de Fundos, Incentivos e de Atração de Investimentos da autarquia, Heitor Freire, destaca o esforço de marketing – incluindo eventos, relacionamento, promoção e comunicação – que vem sendo realizado pela Sudene visando tanto promover as vocações econômicas regionais, quanto reforçar a divulgação do FDNE junto ao setor produtivo.
“Em 2023, tivemos uma agenda intensa de eventos, feiras e reuniões com empreendedores, procurando garantir mais visibilidade a este fundo, que tem em sua carteira obras de importância estratégica para o Nordeste, como a Ferrovia Transnordestina, além de atuação bastante significativa na área de energia”, analisa.
Cenário da economia nacional impacta FDNE
A coordenadora-geral de Fundos de Desenvolvimento e Financiamento, Cláudia Silva, chama a atenção para a melhoria das expectativas do empresariado em relação à economia do Brasil, o que se reflete nos projetos de investimento, impactando o FDNE.
“Além disso, há iniciativas do governo federal para estimular o avanço da geração de energias renováveis que também acabam gerando aumento da procura por operações de crédito para investimento na região”, frisa.
Mais capilaridade incrementa demanda
Outro fator que contribuiu para incrementar a demanda pelo FDNE no ano passado foi o aumento da capilaridade. A Sudene firmou acordo com novos parceiros – entre eles o Banco do Nordeste (BNB) – para ampliar a rede de agentes financeiros do fundo, viabilizando mais facilidade para os empreendedores.
O contrato com o BNB foi firmado em julho de 2023, reforçando a sinergia entre as duas instituições, já que o banco é o agente operador de outro instrumento de desenvolvimento regional: o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).
Saiba mais sobre o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste
Uma das vantagens do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste é a estrutura do seu financiamento. O FDNE oferece prazos que se iniciam em 12 anos e pode chegar a 20 anos no caso de projetos de infraestrutura.
Os empreendedores têm à disposição uma taxa de carência de um ano após a data prevista de início das operações do empreendimento. Além disso, a taxa média de juros, uma das menores do mercado, registrou, em 2023, índices de 8% ao ano, dependendo do porte e da localização do empreendimento solicitante.
Outros diferenciais do FDNE, segundo a Sudene, são a celeridade e a facilidade para apresentação dos pleitos por meio de cartas-consultas.