Estudo aponta desafios e oportunidades para revitalizar o Centro do Recife

Fecomércio fez um levantamento incluindo informações sobre os nove bairros que compõem o centro expandido do Recife
Presidente do Sistema Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto, fala sobre iniciativas como os corredores de segurança. Foto:Gui Maker

Os desafios são grandes para a revitalização do centro do Recife como mostra o estudo Perspectivas e Oportunidades Econômicas do Centro do Recife 2024 lançado, nesta terça-feira (18), pelo Sistema Fecomércio-PE e Sebrae-PE. Realizado pela Ceplan consultoria, o trabalho cita o que contribuiu para o atual quadro de decadência do centro e aponta iniciativas – incluindo até oportunidades de negócios – nos nove bairros que formam o centro expandido da capital pernambucana.

Paralelo ao levantamento, a Fecomércio-PE está articulando corredores de segurança a serem implantados na área central do Recife por onde passam mais estudantes – inclusive os do Sistema S – como as ruas no entorno da Avenida Conde da Boa Vista, Agamenon Magalhães e Rua 13 de Maio. “Cerca de 70% dos nossos alunos utilizam o transporte que passa nesses corredores”, explica o presidente do Sistema Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto. A iniciativa ocorre em parceria com a Polícia Militar de Pernambuco.

A falta de segurança é um dos grandes problemas do centro do Recife e contribuiu – entre outros fatores – para o seu esvaziamento. A instituição já mapeou algumas ruas e pretende chamar entidades e empresas para participarem da iniciativa como a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Neoenergia, Faculdade Esuda, entre outras. Todas estão no entorno dos corredores citados.

Existem outros grandes desafios citados no estudo. Um deles é que as áreas e imóveis com preservação rigorosa restringem o uso e a ocupação dos imóveis, levando a “desvalorização mercantil de espaços e equipamentos”. Isso ocorre porque uma parte do centro é protegido por leis específicas que trazem restrições “quanto às possibilidades de reforma e ocupação dessas áreas” com obstáculos quanto aos seus usos e ocupação, não podendo, por exemplo, aumentar a área construída, de acordo com o estudo.

A falta de segurança não é o único desafio a ser enfrentado no centro do Recife. Existem outros, como a desvalorização imobiliária; evasão de potenciais moradores e consumidores;a concorrência do varejo moderno e e-commerce que retiram clientes do varejo tradicional do centro da cidade; disfunção das ruas, em especial das calçadas – que são hostis a população -; espaços públicos degradados; precariedade no trânsito e do transporte público; poucas vagas de estacionamento para o transporte particular; comércio informal; crescimento da mendicância, moradores de rua e usuários de drogas, sinalização incipiente, entre outros.

- Publicidade -
Sócio-diretor da Ceplan Consultoria, Valdeci Monteiro, diz que as ações devem ser articuladas, integradas e planejadas na revitalização do centro do Recife. Foto: Gui Maker

Ação articulada na revitalização do centro do Recife

Sócio-diretor da Ceplan Consultoria, o economista Valdeci Monteiro apresentou o estudo nesta terça-feira na Casa do Comércio para um público composto por empresários e executivos do setor público. Ele argumentou várias vezes que é preciso uma ação articulada entre as várias esferas do governo e planejada para a revitalização do centro do Recife “com políticas de médio e longo prazo articuladas e que façam o dialogo entre o setores público e o privado”. E acrescenta:”reocupar é a palavra mágica”.

“O estudo traz orientações de natureza programática para recuperar a vitalidade dos negócios e das pessoas no centro do Recife. É preciso trazer novos negócios e pessoas para ocuparem os espaços novos e os antigos”, resume o sócio-diretor da Ceplan, Jorge Jatobá.

O trabalho também identificou que há carências em alguns segmentos de negócios no centro da capital pernambucana, como autopeças, supermercados, lojas de plantas, equipamento esportivo e eletrônicos especializados.

A diferença entre o atual estudo e os demais que abordam a mesma temática é a perspectiva. “Os outros estudos têm o olhar do governo e o nosso tem o olhar do setor privado”, explica Bernardo Peixoto. Ainda no evento, ele falou de várias iniciativas do sistema Fecomércio que vão resultar em investimentos superior a R$ 100 milhões, como a implantação de um centro de cursos de saúde na Avenida Dantas Barreto, que tem um orçamento que pode totalizar R$ 60 milhões.

Realizado no ano passado, o estudo levou em consideração os nove bairros que formam o centro expandido do Recife, que inclui Coelhos, Paissandu, Santo Amaro, entre outros.

O desafio maior

“O grande desafio é trazer as pessoas ao centro”, diz o empresário Celso Muniz Filho, que está à frente do Shopping Boa Vista, atuando no Centro do Recife desde 1998. Ele acredita que para mais pessoas voltarem a frequentar o local é preciso trazer âncoras, como repartições públicas, que iriam fazer com que mais consultórios médicos e escritórios de advogados se instalassem na área central da capital, voltando a atrair mais moradores.

“É necessário unir os governos federal, estadual e municipal para o centro voltar a ser o que era. É um grande avanço a Sudene, via Fundo Constitucional do Nordeste (FNE), aprovar que sejam feitas retrofit de moradias nos centros. O impacto é grande, porque é uma fonte de recursos relativamente barata”, conta Celso Muniz Filho, argumentando também que o retrofit não é uma obra barata.

Leia também

Fecomércio-PE fará centro de cursos de saúde no Centro do Recife

Pedro Campos integra Frente Parlamentar pelos Centros Urbanos

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -