Por Mauricio Frizzarin*
Historicamente, sempre que uma nova tecnologia começa a ganhar espaço na sociedade e nos diferentes mercados, uma dúvida especial toma conta das discussões: qual será o seu impacto nos empregos? Então, uma série de avaliações apocalípticas são feitas, alertando para o fim de milhares de postos de trabalho. Foi assim com o advento dos automóveis com motor a combustão, com a popularização dos smartphones e da internet e uma série de outras tecnologias.
Não podemos negar que há um impacto no mundo como o conhecemos e estamos habituados. No entanto, da mesma maneira que determinadas funções deixam de ser necessárias, outras passam a surgir e a ganhar relevância na nova realidade que se instaura. Isso ocorre, visto que a tecnologia tem o interessantíssimo poder de transformar a realidade.
É justamente esse o momento que vivemos em todo o mundo em relação à Inteligência Artificial (IA). Essa nova tecnologia tem o potencial de impactar uma ampla variedade de setores e ocupações e de modificar as rotinas que conhecemos. Ela seguramente vai levar as sociedades a uma mudança nos tipos de empregos disponíveis, à substituição de alguns empregos existentes e à criação de novas oportunidades.
Embora a IA possa automatizar certas tarefas e levar à redução de empregos em algumas áreas, ela também tem o potencial de criar empregos e impulsionar o crescimento econômico em setores emergentes. À medida em que novas tecnologias são desenvolvidas e implementadas, surgem novas demandas e necessidades, que podem levar à criação de funções, que atualmente sequer imaginamos.
Por exemplo, a implementação da IA pode exigir o desenvolvimento, a manutenção e a supervisão de sistemas de IA, bem como a interpretação e a aplicação dos resultados gerados por esses sistemas. Também podem surgir oportunidades em áreas como ética e governança da IA, segurança cibernética, interpretação de dados, design de experiência do usuário e consultoria especializada em IA.
Além disso, a Inteligência Artificial certamente vai impulsionar a inovação e o empreendedorismo, permitindo o surgimento de novas empresas e modelos de negócios. À medida em que a tecnologia evolui, novas indústrias e mercados se desenvolvem e criam oportunidades de trabalho.
No entanto, é importante destacar que a transição para essa nova realidade exigirá investimentos em educação e requalificação para garantir que os trabalhadores possam adquirir as habilidades necessárias para os empregos do futuro. A adaptação às mudanças tecnológicas requer uma abordagem holística, que envolva governos, empresas e instituições educacionais a fim de preparar os trabalhadores para os empregos emergentes e fomentar a inovação e a criação de novas oportunidades de trabalho.
Destaco, ainda, que a IA não necessariamente eliminará todos os empregos em áreas, que já estão sendo impactadas pelo uso da nova tecnologia, caso de setores como Transporte e Logística, Indústria, Atendimento ao Cliente, Serviços Financeiros e Jurídicos ou de Saúde. Reafirmo que, assim como no caso das novas oportunidades advindas do desenvolvimento da tecnologia, a natureza do trabalho pode ser afetada nesses segmentos e exigir que os profissionais adquiram novas habilidades para se adaptar às mudanças tecnológicas. Quem estiver atento e adquirir conhecimentos o quanto antes provavelmente surfará essa onda com tranquilidade.
*Mauricio Frizzarin é fundador e CEO da Qyon Tecnologia – empresa especializada no desenvolvimento de softwares para gestão empresarial com inteligência artificial – cursou Tecnologia de Software e Marketing, OPM (Owner/President Management) na Harvard Business School, Executive Education em Inteligência Artificial na University of California, Berkeley e em Fintech em Harvard.
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