
A chegada da montadora chinesa BYD ao polo de Camaçari traz um novo fôlego à economia baiana, que sofreu duro golpe com a saída da fábrica da Ford, há cerca de dois anos. O desmonte gerou um efeito em cascata na cadeia produtiva do setor, ceifando 50 mil empregos e derrubando a arrecadação do estado e município.
Mas a Bahia não deve comemorar sozinha. Como noticiou o site Movimento Econômico domingo passado, a BYD tem planos para produzir o carro elétrico híbrido, movimento semelhante ao da Stellantis, que produz o Jeep e outras marcas em Pernambuco, e que em breve deve lançar sua versão elétrica.
Os carros elétricos produzidos pela BYD e pela Stellantis no Nordeste serão híbridos a etanol e vão colocarão a região no protagonismo de uma nova geração veicular, de alta tecnologia, impactando negócios que orbitam em torno do setor automotivo, desde fornecedores de fardamentos, alimentos e peças, por exemplo, às usinas do combustível verde.
O desafio do setor sucroalcooleiro, desde já, é acompanhar a demanda que virá por etanol, e isso exigirá mais investimentos para ampliar a produção e a produtividade. É um novo momento da indústria automotiva, com novos atores, inclusive. No começo de agosto, a empresa de energias renováveis Be8 anunciou a construção da primeira usina de etanol de trigo no Rio Grande do Sul, com investimento de R$ 556 milhões.
Muitas novidades estão por vir. Em São Paulo a gigante Raízen já vem se dedicado ao etanol de segunda geração (E2G), também chamado de bioetanol, feito a partir dos resíduos da fabricação do etanol comum (E1G) e do açúcar. Não há dúvidas de que a produção do E2G vai se espalhar pelo Brasil.
O Nordeste, portanto, está prestes a ver outros setores de sua economia dar nova guinda, como ocorre agora na área de geração energia renovável e de tecnologia.
NOTAS
BNB e o Novo PAC
O Banco do Nordeste (BNB) será um dos financiadores do Novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado na última sexta-feira, pelo presidente Lula. No total, o BNB irá disponibilizar R$ 11,5 bilhões em crédito, somente no exercício de 2023, nos nove estados do Nordeste, em Minas Gerais e no Espírito Santo. Os financiamentos serão destinados aeroportos, portos, saneamento básico, geração de energia, petróleo e gás, rodovias, linhas de transmissão e universalização do abastecimento de água.
Compaz
Durante o lançamento do Novo PAC, no Rio de Janeiro, o Governo Federal também anunciou a nacionalização dos Centros Comunitários da Paz (Compaz). Premiado pela ONU, o programa será amplificado com a construção de 40 Centros Comunitários pelo país. Sua presença consegue reduzir a taxas de criminalidade em torno de 30%.
Consórcios
O movimento de formação de consórcios deve se intensificar com o Novo PAC, que prevê investimentos de R$ 1,7 trilhão. O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse que muitas empresas, isoladamente, não têm tido capacidade de disputar grandes obras e agora terão essa chance, seja através de concessão, PPP [parcerias público-privadas] ou licitação direta.
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