Paulo Guimarães: Feliz Ano Novo?

No ambiente internacional, as previsões se mostram bastante desafiantes com tendência de início de uma recessão global.
Paulo Guimarães

Paulo Guimarães*

O ano já acabou? Ainda não, mas após um dos processos eleitorais mais acirrados da história brasileira, que passou a impressão que não chegaria ao fim, e o início da Copa do Mundo, as semanas devem voar e chegaremos rapidamente ao final de 2022. E o que esperar do próximo ano?

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Além da importância política, por ser um ano de início de novos governos Federal e Estaduais, o presente artigo pretende analisar os horizontes de curto e médio prazos, principalmente no âmbito econômico.

No ambiente internacional, as previsões se mostram bastante desafiantes com tendência de início de uma recessão global, alertada e estudada pelos principais organismos multilaterais como Banco Mundial e FMI. Estados Unidos e Europa devem puxar a crise, alimentada ainda pela desaceleração Chinesa e persistência do conflito bélico entre a Rússia e a Ucrânia. Ao que tudo indica, não há no curto prazo expectativa de redução nas taxas de juros, diante da permanência da inflação elevada nas principais economias do mundo.

No que se refere ao Brasil, há também uma serie de desafios em curso. Um primeiro e já bastante debatido é a reorganização das contas públicas, principalmente com a estimativa de que as despesas primárias estão R$ 200 bilhões acima do teto de gastos, proveniente do programa de auxílio emergencial e outros gastos a ele associados. Uma taxa de crescimento mais elevada do PIB, pode ajudar esse indicador a partir do segundo semestre de 2023.

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Por parte do Banco Central, permanece o monitoramento do processo inflacionário e, portanto, a pouca margem de manobra sobre a elevada taxa de juros (Selic), desestimulando o investimento das empresas.

Devido às desigualdades sociais e regionais do Brasil, é importante se analisar também temas que vão além dos macroeconômicos. Olhando de forma mais estrutural, em nível federal, observa-se a retomada de algumas estratégias que merecem acompanhamento.

Uma primeira é a intensificação das relações internacionais, com possíveis agendas entre o Brasil e as principais economias do mundo, proporcionando um conjunto de oportunidades de atração de investimentos e ampliação do comercio internacional para empresas brasileiras.

Outro ponto que merece atenção, é o debate sobre a reindustrialização associada à transição para a economia digital e verde. Nesse aspecto, observa-se a retomada de uma política industrial que permita o País elevar o nível de competitividade através de investimentos em tecnologia e inovação.

A questão ambiental e social também vem ganhando destaque no debate pós-eleitoral, não apenas como compromisso de responsabilidades, que são inerentes à sociedade com o governo nela incluído, mas como ativos relevantes na perspectiva de mobilização de capital, investimento e imagem do País. Nesse contexto, o conceito ESG[1] já transita intensamente na pauta das principais economias no mundo, e torna-se cada vez mais relevante nas decisões empresariais ou na implantação de projetos e programas de governos e organismos internacionais.

No que se refere às políticas de desenvolvimento regional, os movimentos são ainda incipientes, não há de forma explicita a retomada desse tema e dos desafios de um País com diferenças tão relevantes. De qualquer forma, é bem possível que esse aspecto seja retomado nas instituições de fomento como nos bancos públicos de desenvolvimento.

De fato, há um número significativo de desafios e temas fundamentais na pauta do ano que se aproxima, mas possivelmente a palavra mais importante que o Brasil precisa no momento seja Paz. Oportunidades e povo trabalhador temos de sobra.

*Economista, doutorando pela Universidade de Lisboa e Sócio Diretor da CEPLAN


[1] Sigla em inglês para Environmental (ambiente), Social (social) e Governance (governança)

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