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Paulo Guimarães: a eleição e a economia

Por Paulo Guimarães* Os primeiros sinais do mercado em um ano eleitoral no Brasil são de relativa calmaria ou acomodação ao cenário político. Alguns especialistas analisam como sendo um compasso de espera no posicionamento das peças, e na apresentação das propostas pelos grandes blocos partidários. A avaliação é de que a partir de abril o […]

Por Paulo Guimarães*

Paulo Guimarães

Os primeiros sinais do mercado em um ano eleitoral no Brasil são de relativa calmaria ou acomodação ao cenário político. Alguns especialistas analisam como sendo um compasso de espera no posicionamento das peças, e na apresentação das propostas pelos grandes blocos partidários. A avaliação é de que a partir de abril o jogo político ficará melhor definido e até a eleição deverão ocorrer oscilações no humor dos investidores e atores econômicos. Ainda assim, fica a indagação se as questões políticas brasileiras já estariam incorporadas como variáveis corriqueiras pelos cenaristas do mercado. Haveria um certo descolamento entre a economia e a política? É bem provável que não, pelo menos no Brasil.

As indagações políticas devem ser respondidas ou pelo menos clarificadas até o final de 2022. O fato é que, mesmo com cenário político afetando as decisões dos investidores, o Brasil é sempre lembrado pelas diversas oportunidades com demandas significativas de infraestruturas econômica e social e um enorme mercado consumidor. O jargão “muito a se construir” pode ser traduzido em números e, dependendo de uma maior estabilidade política e institucional, a mobilização de capital pode ocorrer de forma rápida e volumosa.

Uma consulta nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, mostra avanços consideráveis nos serviços de infraestrutura, mas ao mesmo tempo nos apresenta uma carência em pleno século XXI de serviços básicos. Em 2019 (IBGE), a população brasileira era de cerca de 211,0 milhões de habitantes, havia, portanto, aproximadamente 73,0 milhões de pessoas sem rede de esgoto, 33,6 milhões sem acesso à água tratada, e cerca de 27,4 milhões sem acesso à internet (ver gráfico).

É importante observar que no caso da eletricidade e da telecomunicação móvel, houve um significativo incremento no período mencionado, que, segundo o Banco Mundial, foi motivado por regimes regulatórios mais estáveis e com melhores condições tarifárias, proporcionando atração de investimentos privados mais vultuosos. Outro destaque foi o avanço dos serviços de internet, proporcionado principalmente por provedores de médio porte, aproveitando a oportunidade de mercado nas cidades intermediárias.

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Fonte: Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios. (*) Pessoas de 10 anos ou mais segundo a posse de telefone móvel

Essa mesma análise pode ser ampliada para diversos segmentos como, por exemplo, o habitacional, sistemas logísticos e modais de transporte, que se perceberá patamares semelhantes de demandas e necessidades de investimentos. Agrega-se ainda, o fato de ter ocorrido avanços no marco legal, proporcionando maior transparência e segurança no sistema regulatório e, portanto, maior capacidade de mobilização de capital privado através de concessões e PPPs.

Embora repetitivo, a necessidade de estabilidade política e consequente capacidade dos atores econômicos em planejar e enxergar o longo prazo, apresenta-se como uma das principais chaves para o desenvolvimento dessa grande oportunidade chamada Brasil.

*Economista, doutorando pela Universidade de Lisboa e Sócio Diretor da CEPLAN

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