Valéria Saturnino: A inflação está na mesa

Valéria Saturnino* Neste artigo a Doutora em Finanças comenta a alta dos preços dos alimentos O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu na última quarta-feira, 04 de agosto, elevar a taxa básica de juros da economia, a taxa Selic, de 4,25% ao ano para 5,25% ao ano, sendo a quarta e maior […]
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista

Valéria Saturnino*

Neste artigo a Doutora em Finanças comenta a alta dos preços dos alimentos

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu na última quarta-feira, 04 de agosto, elevar a taxa básica de juros da economia, a taxa Selic, de 4,25% ao ano para 5,25% ao ano, sendo a quarta e maior elevação consecutiva em 2021. A decisão é motivada pela alta da inflação, que nos últimos doze meses alcançou a marca de 8,35%, bem acima do teto da meta estipulada.

Valéria Saturnino

O indicador oficial de inflação no país é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o qual abrange uma população alvo com rendimentos mensais compreendidos entre um e quarenta salários-mínimos. Considerando o que informa a última Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua (2019), a metade dos trabalhadores brasileiros com os menores rendimentos tem uma renda média de R$ 850,00. Sendo assim, alguns itens da cesta de produtos, base para o cálculo do IPCA, não é representativo da maior parte da população. A categoria de alimentação e bebidas representa 23,12% da composição do índice, mas para a população de baixa renda, a inflação nesta categoria representa um peso superior no orçamento mensal.

Analisando a composição detalhada do IPCA no site do IBGE – por grupos e subgrupos de itens que tiveram seus preços analisados para a composição do índice – alimentação e bebidas teve uma alta de 12,59% nos últimos doze meses. A alimentação no domicílio – um subgrupo deste – subiu 15,3% no mesmo período.

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Destaca-se o arroz e o feijão fradinho, os quais tiveram alta de 46,21% e 48,19%, respectivamente, em seus preços no mesmo período. O fubá de milho – item presente no cotidiano em algumas regiões do país – registrou alta de 22,01%. Já a alface registrou alta de24,66%. As carnes em geral subiram 38,17%, mas aqueles cortes mais em conta tiveram seus preços elevados em cerca de 45%. Nem a categoria de aves e ovos escapou – alta de 16,41%.

Na categoria de óleos e gorduras, com itens como margarina e óleo, presentes na maioria dos lares, a alta foi de 54,9%. A alta dos preços não afetou de forma impactante produtos mais caros. Por exemplo, na categoria de bebidas e infusões, o vinho teve uma alta de 4,87%, contra 10,96% no café solúvel. Já o bacalhau teve uma deflação de 1,82%.

A inflação está na mesa no brasileiro e reduz o poder de compra da população, em especial do mais pobre, do trabalhador, que depende da sua alimentação no lar para enfrentaro dia a dia de trabalho pesado. O IBGE comprovou isso, verificando a redução de 5,6% da massa de rendimentos real no último trimestre móvel da PNAD Contínua.

Para a maior parte da população brasileira, ver nos noticiários a inflação de 8,35% nos últimos doze meses é incompreensível. Está pesando no bolso, e todos esperam que ocontrole da inflação volte logo aos eixos.

* Valéria Saturnino é Doutora em Finanças, Professora da UFPB e Consultora Associada da CEPLAN Consultoria Econômica e Planejamento

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