Por Bruno Oliveira Castro*
A pesquisa “Perfil e Hábitos dos Produtores Rurais em Mato Grosso” realizada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) em 2023 acendeu um alerta amarelo no setor produtivo do Estado: o envelhecimento dos produtores rurais e a pauta emergente da sucessão familiar nas empresas.
Levando em consideração que a média de idade dos produtores rurais em Mato Grosso é de 51 anos é urgente discutir o papel da governança e da holding no processo de sucessão familiar. É preciso garantir a transferência do conhecimento e dos negócios para as gerações mais jovens e investir no que difere essa modalidade de negócios das demais: os valores familiares.
É necessário implementar uma gestão estratégica que envolva habilitar herdeiros para que eles sejam muito mais do que sucessores, mas também, possam agir como uma espécie de guardiões dos princípios que solidificaram a marca e transformaram os empreendimentos.
Na obra que escrevi em parceria com minhas sócias Emília Vilela e Luize Calvi Menegassi Castro “Herança ou Legado? O que você deixará para a próxima geração?” faço essa reflexão. Não basta apenas construir uma herança valiosa em termos financeiros para os herdeiros, é necessário envolvê-los na transmissão de cultura, valores e propósitos do negócio.
As famílias com negócios no campo ou na cidade tem duas possibilidades: construir um negócio de valor, depois de inúmeras lutas e depois de uma média de 80 a 90 anos deixar um patrimônio; ou semelhantemente, viver, realizar, compartilhar, partir, mas com a diferença de deixar junto com o patrimônio os princípios e valores sobre quais ele foi alicerçado. Na primeira opção temos a herança e na segunda, um legado.
O que os sucessores vão fazer ou deixar de fazer para honrar vale mais do que qualquer número. É a boa ação executada em memória daquela pessoa querida que já se foi, mas que deixou claramente ensinado o bom exemplo a se seguir. É a conduta profissional presente em negócios de ramos completamente distintos, mas que deixam pistas de que um mesmo tipo de ser humano esteja por trás. É o vínculo indissolúvel que mantém a força de uma estrutura organizacional pela união que lhe pertence.
E você? Quer deixar patrimônio ou um legado?
*Bruno Oliveira Castro é advogado, professor e atua no Direito Empresarial com especialidade em constituição de holdings familiares, falência e recuperação de empresas, governança, Direito Civil e Direito Autoral