Por Patrícia Raposo
A cidade de Araripina, no Sertão de Pernambuco, vai ser a sede da montadora modular do Grupo Novo Brasil (NBR), que tem por proposta lançar um veículo de design futurista e estilo off road, capaz de se adaptar aos diversos perfis de público. Mais do que isso, o Grupo NBR quer levar ao mercado um carro genuinamente pernambucano e verdadeiramente popular, que deve custar entre R$ 60 mil e R$ 80 mil.
Para conseguir esse objetivo estando a mais de 700 km da capital e de um polo automobilístico já consolidado no estado – o da Jeep, no município de Goiana – a empresa pretende comprar fibra de vidro e de carbono em larga escala para produzir localmente as lâminas que serão usadas na montagem dos veículos, contando com a ajuda do Senai para capacitar a mão de obra.
Mesmo assim, a montadora sertaneja, que receberá investimentos iniciais de R$ 260 milhões, com previsão de chegar a R$ 1 bilhão em 5 anos, terá que superar os desafios de levar à Araripina as inúmeras peças que compõem os veículos e escoar a sua produção. Para tanto, conta com o Porto Seco de Salgueiro, a 170 km do município, com o Porto de Suape, a 718 km – ambos em Pernambuco – e com o Porto do Pecém, a 591 km, no estado do Ceará, além, claro, das rodovias brasileiras.
Pesou na decisão por Araripina, a disponibilidade das instalações de uma antiga fábrica de óleo da mamona e os incentivos fiscais. Montadores se enquadram no Agrupamento Industrial Especial do Programa de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco (Prodepe) e, estando situadas no Sertão, têm direito a incentivos que correspondem a um crédito presumido do ICMS equivalente a 95% do saldo devedor desse imposto, apurado em cada período fiscal, por um prazo de 12 anos, prorrogável por igual período.
O NBR vai produzir carro de passeio de vários modelos e buggies, on e off road. O carro modular do NBR será compacto, para até cinco pessoas, com estrutura tubular e projetado com chassi em fibra de vidro ou carbono. Ele segue uma tendência asiática, com pontos chapados e arredondados.
Os motores serão dianteiros 1.0, 1.0 turbo e 1.3 e 1.5, com tração 4×2 e 4×4, sistema de suspensão independente nas quatro rodas, direção hidráulica e sistema de iluminação LED.
Embora planeje ter revendas próprias em todo o Brasil, negociações com revendedoras serão iniciadas nos próximos meses. O diretor-presidente Evandro Lira diz que sua montadora veio para ocupar uma lacuna onde não há concorrência em nenhum país do mundo.
“Quando você observa a forma como vamos fabricar os carros, posso garantir que nosso projeto não tem concorrência ”, disse Lira, acrescentando que os fabricantes de buggies no Brasil são artesanais e tendem a adaptar carros pré-existentes. Ele espera vender entre 1.200 e 1600 carros no primeiro ano.
A pedra fundamental da nova montadora foi lançada num evento no Recife, com a presença do prefeito de Araripina, José Raimundo Pimentel (PSL), e diversos empresários, nesta quinta-feira (24). O início da operação está previsto para 2023.
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