Estiagem e custos com energia puxam PIB do setor agropecuário do Ceará para baixo

Segmento apresentou recuo de -4,71%, queda mais acentuada do PIB agropecuário no Brasil

O setor agropecuário do Ceará apresentou resultado aquém do esperado em 2021. Pelos números do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, divulgados pelo IBGE, o segmento apresentou recuo de -4,71%, queda mais acentuada do que a registrada no Brasil, que fechou o ano com recuo de -0,2%. Apesar do mal desempenho do setor, no balanço geral, outros segmentos, como a indústria e o setor de serviços, fizeram com que o Ceará encerrasse 2021 com 6,63% de crescimento do PIB, na comparação com o ano de 2020.

Fatores climáticos e o aumento dos custos com insumos e energia elétrica são fatores que explicam a queda livre no setor agropecuário do estado. “No ano passado as chuvas foram bem abaixo da média e isso afetou principalmente a produção de grãos, como feijão e milho, por exemplo. Outro fator foi a escalada no preço da energia elétrica, que impactou diretamente nos custos da produção”, diz Ana Cristina Lima, assessora técnica do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), que publicou o estudo junto com o IBGE.

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castanha de caju
Fruticultura sofreu impacto da estiagem. Produção de castanha de caju foi uma das mais afetadas/Foto: Pixabay

A fruticultura também foi castigada pela estiagem ao longo do ano. “Com menos chuva, os produtores de melão, melancia e outras frutas cultivadas na nossa região plantaram menos. No entanto, isso não comprometeu as exportações dessas culturas, que cresceram, devido, principalmente, ao preço do dólar”, acrescenta Ana Cristina.

Entre as frutas, a queda mais sentida foi a da castanha de caju, que apresentou recuo de -25,94%. Na produção de grãos, houve uma variação negativa de -27,6%, entre 2020 e 2021. O destaque negativo foi para o milho, que apresentou recuo de -33,7%.

Já na pecuária, atividade focada na criação de animais, os números do ano passado não foram negativos, mas ficaram abaixo dos de 2020. No segmento bovino, a taxa de crescimento foi de 1,1%, ante 3% do período anterior. A produção de leite e derivados fechou o ano com 2,9% de crescimento, bem abaixo dos 9,2% registrados no ano retrasado. O único setor com alta expressiva na comparação com o período anterior foi o granjeiro, com crescimento de 15,6% na produção de frango em 2021, ante 7,7% em 2020; e de 8,8% contra 4,5% na produção de ovos.

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A previsão é de que a agropecuária cearense ainda demore um pouco para se recuperar. Segundo a representante do Ipece, as chuvas devem permanecer abaixo da média no estado. Somado a isso, existe o fator inflacionário e a guerra entre Rússia e Ucrânia. “Acreditamos que o setor produtivo vai crescer em 2022, mas será um aumento moderado, nada muito expressivo”, acrescenta Ana Cristina.

A previsão do PIB do Ceará para este ano é de crescimento de 1,25%, superior ao projetado para o Brasil, que deve avançar 0,5%, segundo projeção do governo estadual.


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