
A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito dos Estados Unidos de “Aaa” (triple A) para “Aa1”, retirando o país do seleto grupo das três principais agências globais que ainda mantinham a nota máxima para a dívida americana. Com isso, os EUA deixam de ter a classificação máxima de investimento em todas as grandes agências de rating.
O principal motivo apontado pela Moody’s é o contínuo crescimento do déficit fiscal e da dívida pública dos EUA. Segundo a agência, o déficit federal deve subir de 6,4% do PIB em 2024 para quase 9% do PIB até 2035, impulsionado principalmente pelo aumento dos pagamentos de juros sobre a dívida, maiores gastos obrigatórios (como benefícios sociais) e uma arrecadação relativamente estável.
Dívida dos EUA
A Moody’s projeta que a dívida pública federal americana saltará de 98% do PIB em 2024 para cerca de 134% do PIB em 2035. Além disso, os pagamentos de juros federais devem consumir cerca de 30% da receita do governo em 2035, contra 18% em 2024 e apenas 9% em 2021.
A agência destaca que, mesmo com a forte demanda global por títulos do Tesouro americano, os rendimentos mais altos desses títulos desde 2021 vêm pressionando a capacidade de pagamento da dívida dos EUA. Para a Moody’s, a falta de consenso político para implementar medidas que revertam a tendência de déficits elevados e custos crescentes com juros é um fator central para o rebaixamento.
Projeções fiscais da Moody’s
- Déficit federal: de 6,4% do PIB em 2024 para quase 9% do PIB em 2035.
- Dívida pública: de 98% do PIB em 2024 para 134% do PIB em 2035.
- Pagamentos de juros: devem consumir 30% da receita federal em 2035 (eram 18% em 2024 e 9% em 2021).
Consequências e contexto
O rebaixamento da nota pode impactar os mercados financeiros, elevando as taxas de juros dos títulos do Tesouro americano e aumentando o custo de financiamento do governo. A Moody’s ressalta, porém, que os EUA ainda mantêm fundamentos econômicos sólidos, como o dólar como moeda global dominante e uma política monetária eficaz conduzida por um Federal Reserve independente.
A agência também observa que, sem mudanças substanciais em tributação e gastos, a flexibilidade orçamentária dos EUA permanecerá limitada, com gastos obrigatórios (incluindo juros) representando 78% do orçamento federal em 2035, contra 73% em 2024.
Histórico
Antes da Moody’s, a S&P rebaixou a nota dos EUA em 2011 e a Fitch fez o mesmo em 2023, deixando o país sem a nota máxima nas três maiores agências de classificação de risco pela primeira vez na história.
“Reconhecemos as qualidades expressivas da economia e das finanças dos EUA, mas acreditamos que isso não é mais suficiente para contrabalançar totalmente o declínio nas métricas fiscais,” disseram os analistas da Moody’s
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