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Armando Bisneto: “Precisamos reequilibrar o contrato do Tecon para que todos ganhem”

Nesta entrevista, Armando Bisneto pontua temas que envolvem Suape, desde novos investimentos aos engarrafamentos no acesso ao complexo
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Armado Bisneto concede entrevista a Patricia Raposo/Foto: ME

Armando Monteiro Bisneto é advogado com sólida formação acadêmica e ampla vivência nas áreas jurídica e contábil. Graduado em Direito e Ciências Contábeis, construiu sua trajetória profissional atuando na advocacia consultiva, com foco no assessoramento de grandes empresas e entidades em suas relações com o poder público. Especialista em Relações Institucionais e Governamentais, acumulou experiência no diálogo com o Executivo, o Congresso Nacional e agências reguladoras, participando da elaboração e do aprimoramento de normas com impacto regulatório.

Armando Bisneto trabalhou em importantes escritórios como Pinheiro Neto, Marcos Engelberg e Honda, com forte interface com os mercados de São Paulo e Brasília. Ao assumir a presidência do Complexo Industrial Portuário de Suape, atendeu ao convite da governadora para liderar uma gestão focada no diálogo com stakeholders e na condução técnica dos temas estratégicos.

O novo presidente de Suape defende uma gestão pública moderna, ancorada no entendimento de que cada tema traz consigo uma rede de atores que deve ser considerada nas decisões. Na última quinta-feira, ele visitou a redação do Movimento Econômico e concedeu uma entrevista. Destacamos aqui os principais pontos:

Movimento Econômico – Como foi sua chegada à presidência de Suape? O que mais lhe impressionou?

Armando Monteiro Bisneto – A cada dia que eu passo em Suape, eu aprendo a ressignificar Suape, que tem múltiplas facetas e uma centralidade impressionante. Estar ali dentro é uma redescoberta diária. Suape é o maior porto de granéis líquidos do Brasil, maior movimentador de contêineres do Nordeste e maior porto em cabotagem do país, ou seja, é o porto de onde saem o maior número de ligações para outros portos na costa brasileira. Também é o sexto maior porto do Brasil e o principal hub de automóveis. Mas o que mais me impactou foi a dimensão ambiental: são 17.300 hectares, dos quais 59% são área verde preservada, com um viveiro capaz de produzir até 450 mil mudas por ano.

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Movimento Econômico – Suape passou por um período de grande dinamismo, mas também enfrentou um arrefecimento na atração de novos investimentos. O senhor chega agora com o desafio de retomar essa pujança. Como vê esse momento?

Armando Monteiro Bisneto – Eu não concordo totalmente com essa ideia de calmaria. Vários investimentos de grande porte foram estruturados recentemente. A Blau Farmacêutica, por exemplo, é um projeto bilionário que vai gerar mil empregos diretos. O novo terminal da APM Terminals, que será o mais moderno e automatizado da América Latina, também está em implantação. São empreendimentos relevantes que mostram que o complexo seguiu atraente.

Movimento Econômico – Mas esses investimentos começaram ainda no governo anterior…

Armando Monteiro Bisneto – Sim, foram iniciados antes, mas é importante dizer que muitos desses projetos só avançaram agora graças à ação do governo atual. Eu mesmo ouvi isso de executivos envolvidos: a gestão da governadora Raquel Lyra foi decisiva para viabilizar diversos empreendimentos, destravando etapas e oferecendo segurança institucional. A governadora tem visão clara sobre o papel de Suape e tem nos dado apoio direto.

Movimento Econômico – Quais novos investimentos foram efetivamente captados nesta gestão?

Armando Monteiro Bisneto – Temos grandes novidades. A refinaria Abreu e Lima, que havia sofrido descontinuidade no governo federal anterior, voltou ao plano de investimentos da Petrobras. Serão 10 mil empregos diretos na obra e 20 mil indiretos. Isso vai provocar uma revolução no complexo.

Temos também a European Energy, que está investindo R$ 2 bilhões em um projeto de e-metanol, gerando mil empregos diretos na construção. E estamos prestes a anunciar um segundo grande projeto privado na área de e-metanol, de porte semelhante, que deve consolidar Suape como polo nacional de combustíveis verdes.

Firmamos ainda um Memorando de Entendimento com o grupo Rotamérica, em parceria com a Copa Energy e o grupo Edson Queiroz, para instalação do maior terminal de GLP congelado do Brasil. O investimento é de R$ 1,2 bilhão, com dois tanques de 120 mil m³ cada.

Movimento Econômico – E a Blau, quando finalmente começa a obra?

Armando Monteiro Bisneto – A construção começa ainda neste ano. Houve apenas uma mudança de terreno por razões técnicas. Eles trocaram a área próxima à Aché por um novo local, mais adequado para a planta industrial. Estamos na fase final de prospecção e prontos para iniciar.

Movimento Econômico – E quanto à infraestrutura do porto? Como estão as obras estratégicas?

Armando Monteiro Bisneto – A quarta etapa do molhe está adiantada. Já entregamos 17% da obra, acima do cronograma. Pleiteamos junto ao Ministério de Portos a antecipação dos recursos e fomos atendidos com aumento de valor. São R$ 123 milhões no total, sendo R$ 73 milhões federais e R$ 50 milhões do Estado. Essa obra vai garantir mais segurança portuária por 40 a 50 anos.

Movimento Econômico – E a dragagem interna?

Armando Monteiro Bisneto – Já foi licitada, e a empresa vencedora está em fase de reequilíbrio por conta da variação cambial no fim de 2023. Em breve, faremos o chamamento da draga. A profundidade chegará a 16,5 ou até 18 metros, o que será essencial para o terminal da APM.

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Tecon Suape/Foto: divulgação

Movimento Econômico – E como está a renegociação com o Tecon Suape, que vem se arrastando há um bom tempo?

Armando Monteiro Bisneto – Esse contrato foi firmado numa época em que a regulação portuária ainda era incipiente. Hoje, o modelo precisa ser revisto. As tarifas são altas, e estamos buscando uma solução que torne o terminal mais competitivo. Já assinamos um acordo para modernização das defesas de atracação, mas precisamos avançar mais. O contrato vence em 2031, e queremos garantir ganhos mútuos para Suape, o terminal e Pernambuco.
Além da revisão tarifária, são exigidos investimentos em modernização tecnológica e estrutura operacional, além do cumprimento das metas já previstas em contrato. O objetivo é garantir equilíbrio entre os dois terminais, assegurando uma operação eficiente e sustentável. O interesse é que todos ganhem.

Movimento Econômico – A mobilidade para o porto ainda é um gargalo. Empresários reclamam muito da perda de tempo em engarrafamentos na BR-101, muitas vezes causados por obras como capinagem das margens da estrada e tapa-buracos em horários de pico. Embora seja uma rodovia federal, Suape pretende intervir de alguma forma junto ao DNIT?

Armando Monteiro Bisneto – A solução mais imediata passa pelo acesso na área da Vitarella, que será ampliado, com duplicação e novas pistas. As obras devem começar em breve. Também está prevista a construção do Arco Metropolitano, cuja entrega está prevista até 2026. E, com apoio da governadora, temos dado prioridade às ações que impactam diretamente o setor produtivo.

Movimento Econômico – A Transnordestina, como pretende tratar esse tema?

Armando Monteiro Bisneto – Já estive com o presidente da Infra S.A., Jorge Luiz Macedo Bastos, e lá ele me deu a boa notícia de que, a partir do próximo semestre, mais dois trechos da Transnordestina vão estar a todo vapor: o que liga Salgueiro a Custódia e outro na sequência.

Também receberemos o projeto executivo para o traçado interno da ferrovia dentro do porto, que é fundamental. A Transnordestina permitirá que Suape se torne polo de exportação de minérios e grãos. Já temos estudos que indicam competitividade para atrair grãos do Matopiba, mesmo antes da ferrovia estar completa. Já há empresas interessadas em estruturas de armazenagem.

Movimento Econômico – Qual é a meta para Suape nos próximos anos?

Armando Monteiro Bisneto – Com o apoio da governadora Raquel Lyra e uma gestão orientada por dados, inteligência de mercado e diálogo com o setor produtivo, Suape vai se consolidar como um dos principais polos logísticos e de energia limpa do Brasil. Nosso foco é atrair investimentos estratégicos, ampliar a infraestrutura e garantir competitividade nacional e internacional.

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