Ainda chegou direito para ocupar o cargo, mas cheio de ideias para colocar em prática. O pedagogo Gilberto Sobral assinou o termo de posse como Superintendente do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural Nacional (Iphan) em Pernambuco no início da tarde da última sexta-feira (5). Ainda buscando informações sobre o que encontrará, ele já foi informado sobre o andamento de alguns processos que ganharam destaque nos últimos tempos, como o polêmico restaurante em formato de um zepelim no Bairro do Recife. “Ali é assunto encerrado!”, exclamou, seco.
No entanto, diz já haver motivo para celebrar, antes mesmo de iniciar o seu trabalho. O motivo é o fato de Pernambuco ter sido beneficiado com R$ 100 milhões dentro do PAC Seleções Cidades históricas. Serão 12 projetos em seis cidades.
Olindense, suas palavras mostram um olhar especial para a Cidade Patrimônio Cultural da Unesco. É sobre Olinda que ele dedica boa parte das suas observações iniciais sobre o trabalho que fará em Pernambuco. Ele lembra que nos últimos anos, o município perdeu a verba de 11 projetos, dos quais nove foram retomados no Governo Lula.
“Houve uma perda de recursos do antigo PAC. De ações e obras que estavam previstas, foram perdidas e que o Governo Lula retomou. Das 11 ações que foram perdidas, nove voltaram. A mais volumosa é a do Mosteiro de São Bento, que passará por uma requalificação total”, destaca Gilberto Sobral.
Qualificando a superintendência do Iphan como o maior desafio de sua vida, ele elanca mais algumas ações em Olinda, como a reforma dos casarões do Carmo, a requalificação da Igreja do Monte e a transformação do Cine Duarte Coelho, no bairro do Varadouro e hoje em ruínas, em uma escola de audiovisual.
“É um projeto bem mais abrangente do que um simples cinema. E que pelo que eu recebi de ontem para hoje (sexta), existem tratativas para que a Universidade Federal de Pernambuco assuma a gestão do projeto e a gente vai tratar disso com o reitor”, avaliou o gestor.
Sobre as constantes notícias de que Olinda poderá perder o título de Patrimônio Mundial da Unesco, Gilberto garante que vai trabalhar para que isso não aconteça.
“Eu ainda não conversei com o pessoal de lá sobre o processo. Todos os títulos de patrimônio, eles passam por um processo de avaliação de 10 anos em 10 anos. Avaliam o sítio histórico, como é que tá a situação dele… Essa avaliação é rotineira, é corriqueira, a gente sabe que Olinda realmente tem muitos problemas, mas o Iphan vai orientar para ajudar para tentar fazer com que as coisas permaneçam do jeito que foram no passado”, ponderou.
Sucateamento do Iphan
Mesmo antes de assumir, Gilberto tem um temor, o sucateamento do órgão nos últimos anos.
“Eu acho que o maior desafio hoje de qualquer entidade, como o Iphan, a Fundação Joaquim Nabuco, onde eu estava, de fato tudo de educação e de ciência, o desafio hoje é remontar o que foi desmontado nos últimos anos. Os órgãos estão defasados de pessoal, de equipamentos. Há uma defasagem muito grande. Desde o início do governo Lula, vem sendo feita essa recomposição, mas em um ano e meio você não recupera e foi derrubado em quatro anos. Na verdade, em seis, porque desde que houve a questão da entrada de Temer que parou de se investir em cultura”, colocou Gilberto.
Pelo que já soube, no Iphan há deficiência de arquitetos, de engenheiro, de todos os profissionais técnicos que são necessários para fazer o Iphan funcionar.
“Agora, ao mesmo tempo, essa dificuldade ela é amenizada pelo compromisso dos servidores que estão lá. Que aguentaram esses quatro anos de Lapada, né? E estão com esperança de que a coisa vai melhorar e vem melhorando”, afirmoy o gestor.
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