Pernambuco é o estado da região Nordeste com o maior número de ocorrências de roubo de cargas em 2024. Com 34,8% do total de registros, o estado é seguido no ranking por Bahia (28%) e Maranhão (17,2%). Juntos, esses três estados concentram sozinhos 80% dos crimes desse tipo cometidos na região.
A pesquisa é preliminar e computa os dados do primeiro semestre deste ano. O levantamento revela que Pernambuco e Bahia continuam na liderança quando se trata deste tipo de ocorrência, já que em 2023 e 2022 também foram primeiro e segundo lugar, respectivamente.
Os números são da pesquisa “Panorama de Roubo de Carga na Cadeia Logística na Região Nordeste”, elaborada pela ICTS Security, empresa de identificação de ameaças e oferecimento de soluções a negócios. A análise completa de 2024 será divulgada apenas em 2025.
O porquê dessa concentração é explicado por Anderson Hoelbriegel, diretor de negócios da ICTS Security, devido à “presença de grandes pólos logísticos em Recife, Salvador e Fortaleza”.
“Essas áreas concentram uma grande quantidade de atividades logísticas, cercadas por rodovias, que são o principal modal de escoamento de produtos. Nesse contexto, somado a certa insuficiência na cobertura policial das rodovias, observa-se um aumento nos casos de roubo de carga na região.”
Segundo o diretor, é uma junção de fatores: o contexto da atividade econômica que ocorre no Nordeste e a localização geográfica, influenciada pela presença das rodovias. “A principal questão aqui é a escolha do modal rodoviário para o escoamento dos produtos. Esse modal tem uma capilaridade muito grande e um volume significativo de trânsito de caminhões.”
A incidência é maior, de acordo com o levantamento, no roubos de cargas fracionadas, que são aquelas compostas por diferentes tipos de mercadorias destinadas ao atendimento do comércio local.
Roubo de carga: incidentes e quase-incidentes
Os primeiros meses do ano apontam para uma tendência de diminuição no número de registros do roubo de cargas no Nordeste, que apresentou queda de 43% em fevereiro e de 29% em abril deste ano (sempre em comparação com mesmo mês do ano anterior), mas a situação ainda é de alerta. O maior perigo para Hoelbriegel é a forma de computação desses registros.
O diretor explica que apesar de ser “fundamental que as empresas possuam um setor de segurança dedicado à prevenção de roubo de carga, o setor deve atuar em sinergia com os órgãos de segurança pública, estabelecendo uma forte relação institucional e promovendo a troca de informações.”
Existe uma diferença entre o que é registrado no boletim de ocorrência “e o que aparece nas estatísticas oficiais”: são sinistros evitados, também chamados de “quase-acidentes”, dados que todas as empresas possuem, mas que não são compartilhados com o poder público, o que causa uma interferência no entendimento do real panorama da situação.
Como evitar o roubo de cargas?
Para mitigar ocorrências de roubos de carga, Hoelbriegel aponta para a necessidade da união entre ferramentas de monitoramento e treinamento de pessoas. “Se não houver um foco muito claro nas pessoas — que são os operadores logísticos, os motoristas e os ajudantes —, de nada adianta a tecnologia.”
Os operadores, segundo ele, devem ser treinados constantemente e saber como agir em situações de risco. “Eles seguem procedimentos específicos de rotina, alerta e emergência que, em caso de tentativa de sinistro, permitem que ajam de forma segura, sem colocar suas vidas em risco e preservando a carga do cliente.”
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