Somente de janeiro a julho, Pernambuco já superou em 5,2% a exportação de açúcares de todos os 12 meses de 2023. No último ano, o total havia sido de US$ 297,6 milhões, enquanto em 2024 já passa dos US$ 313 milhões.
Também até o momento, a África contabiliza sua maior participação em termos de proporção dos últimos dez anos na compra de produtos pernambucanos, representando 18,67% do total das exportações. O índice é influenciado principalmente pela compra de açúcares. Em contrapartida, a Ásia e a Europa apresentaram quedas expressivas, com participações de 9,08% e 13,82%, respectivamente.
As cinco maiores exportações de Pernambuco, até julho de 2024, foram de veículos automotores e combustível fóssil. As vendas foram feitas para o México, Argentina e Singapura e geraram US$ 301 milhões, correspondendo a 27,6% do total de mais de US$ 1 bilhão em exportações feitas pelo estado no primeiro semestre.
As informações foram obtidas com exclusividade pelo Movimento Econômico a partir de dados disponibilizados pela Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem). Foram analisadas as informações do Comércio Exterior de Pernambuco anualmente de 2010 a 2023 e até julho de 2024. As exportações do estado são realizadas, majoritariamente, pelos portos de Suape e do Recife.
A saída de automóveis movimentou, só nos sete primeiros meses de 2024, US$ 218,8 milhões. A compra de veículos representou o maior volume de vendas, em termos de valores, para a América do Norte e América do Sul. No primeiro, para o México, com a compra de automóveis do tipo sedans e SUVs compactos, e no segundo, para a Argentina, com a aquisição de veículos similares a furgões, caminhonetes e vans.
A crescente expressiva na exportação de automóveis é percebida desde 2015, ano em que o complexo industrial da Stellantis se instalou no município de Goiana, no litoral norte do estado. Desde então, a fábrica já produziu mais de 1,5 milhão de veículos. Já os combustíveis são resultado da entrada em operação da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca, a partir de novembro de 2014.
Análise por continente
A Líbia foi o país da África que mais pagou neste ano pelo açúcar pernambucano. Foram US$ 30,1 milhões por açúcar de cana e de beterraba. A commodity também foi o produto mais exportado para o continente, correspondendo a 97,02% das compras, com mais de US$ 197 milhões empregados para a aquisição do produto.
“O açúcar é uma commodity que Pernambuco dispõe, mas é muito menos poderosa do que a que os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste possuem, como o café em São Paulo, a soja do Mato Grosso até Goiás, além de outros produtos que são considerados commodities”. A análise é de Maurilio Lima, gerente de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Condepe.
Os outros 2,97% do total de exportações para a África foram de combustíveis, carnes, gengibre, margarinas e outros produtos.
Os Países Baixos foram os maiores compradores da Europa. Popularmente conhecidos como Holanda, a exportação de mangas frescas e secas para o país totalizou mais de US$ 33 milhões. Os Países Baixos também se destacaram na compra de limões, abacates, polpa de frutas, melões, uvas e gengibre.
Mangas foram também exportadas para a Espanha e Portugal, segundo e quinto lugares, respectivamente, das maiores participações.
A Ásia, que correspondeu a 9,08% do total, importou, majoritariamente, óleo combustível para Singapura. Também foram vendidos ao continente açúcar, coque de petróleo, borrachas e também mangas secas e frescas.
No entanto, observando os primeiros meses do ano e comparando-os à média histórica, as exportações para Ásia e Europa diminuíram. Mas Maurílio explica que “são ciclos”.
“A exportação é uma divisão de bolo. Diminuiu para um, mas aumentou para outros. Diminuiu para a Europa, mas aumentou na América do Sul. Aí há fatores de mercado, a demanda dos países europeus que deve ter diminuído e as exportações foram favorecidas para outros países, outros blocos.”
Ainda segundo Maurílio, a tendência das exportações é manter-se estável até o final do ano, com poucas variações.
Trinidad e Tobago foi a campeã da América Central e Caribe, também com a importação do açúcar pernambucano. Para o Oriente Médio e Oceania, a participação no volume total das exportações do estado foi decimal, com contribuição de 0,75% e 0,15%, respectivamente.
Omã comprou US$ 5,5 milhões em coque de petróleo não calcinado e as Ilhas Marshall US$ 1,18 milhão em óleo combustível.
Saldo da balança comercial
Pernambuco exportou mais de US$ 1 bilhão em produtos de janeiro a julho deste ano. Apesar disto, a balança comercial do estado fechou o primeiro semestre de 2024 com saldo negativo. O volume total de importações, que foi US$ 4,1 bilhões, superou o das exportações, computando um saldo negativo de US$ 3,2 bilhões.
O déficit, no entanto, é histórico. Observando a série dos últimos 14 anos, a diferença só é diminuída quando há queda nas importações, o que vem acontecendo desde meados de 2022.
Contudo, o saldo negativo não deve ser interpretado de forma pessimista, segundo Maurílio Lima, já que “dependendo do que é importado, vê-se que a indústria pernambucana será beneficiada com o aumento da capacidade produtiva”.
Um exemplo disto é a importação de células fotovoltaicas. Apesar da liderança do Rio Grande do Norte em usinas solares, Lima explica que, “nos últimos três anos, o volume de importação dessas células aumentou, e elas são destinadas exatamente a essa transformação da luz solar em energia elétrica. Isso não é um aspecto negativo da importação.”
Até julho deste ano, mais de US$ 74 milhões em células fotovoltaicas montadas em módulos ou em painéis foram importadas para o estado, o que corresponde a 1,7% de participação nas importações totais de Pernambuco para os sete primeiros meses de 2024.
Destaca-se também a importação de outros propanos liquefeitos, com 7% de participação e movimentação de US$ 305 milhões, além de querosene de aviação, que movimentou US$ 293 milhões, representando uma participação de 6,8%.
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