Um relatório feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) avaliou que o Complexo Industrial Portuário de Suape tem, atualmente, a capacidade de atrair investimentos na ordem dos US$ 2,24 bilhões, além de gerar 19 mil empregos, diretos e indiretos, o que levaria a um aumento de 3,13% no Produto Interno Bruta (PIB) dos municípios pernambucanos de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho.
A estimativa de crescimento leva em conta quais produtos têm capacidade de passarem a ser fabricados na região do litoral sul do estado, utilizando as infraestruturas e competências já disponíveis com o objetivo de aumentar a complexidade das exportações e, consequentemente, a movimentação econômica.
As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (25) durante o Suape Conecta 2024, evento que reuniu representantes das empresas instaladas no território, autoridades do segmento corporativo e do setor público, além de investidores, clientes, funcionários e fornecedores.
Foram identificados 141 produtos, distribuídos em seis setores prioritários: (1) máquinas e aparelhos mecânicos; (2) máquinas e equipamentos elétricos; (3) química e farmacêutica; (4) ferro e aço; (5) plásticos; e (6) veículos.
O estudo levou cerca de nove meses e foi elaborado a partir de uma parceria entre a Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (ONU Comércio e Desenvolvimento) e pelo Observatório da Indústria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Pernambuco (Senai/PE).
Intitulada “Revelando o Potencial de Suape: Caminhos Estratégicos para a Complexidade Econômica e Competitividade Global”, a sondagem servirá para orientar a tomada de decisão voltada para impulsionar as atividades econômicas no complexo.
Caso a produção da mais de uma centena de produtos venha a ser atraída ao Porto de Suape, as maiores oportunidades de mercado estão localizadas na Ásia (Índia, China e Japão) e Europa (Holanda, Alemanha e Itália), com potencial de exportação avaliado em US$ 47,2 bilhões e US$ 41,3 bilhões, respectivamente. O relatório destaca também Argentina, Estados Unidos, México e África do Sul.
Produtos
O estudo da ONU e Senai-PE mostra que, com sua atual base industrial, o Complexo Portuário de Suape tem condições de expandir sua atuação, aumentar a complexidade dos produtos que fabrica e competir melhor em mercados globais.
Os novos potenciais estão na produção de geladeiras e freezers (máquinas e aparelhos mecânicos); acumuladores elétricos e fontes de LED (máquinas e equipamentos elétricos); propileno (química); produtos laminados, planos de aço inoxidável e barras de liga de aço (ferro e aço); policarbonatos e poliésteres (plásticos); e airbags de automóveis e carros com propulsão diesel e elétrica (veículos).
Clóvis Freire Junior, chefe da Seção de Pesquisa e Análise de Commodities da ONU Comércio e Desenvolvimento, e que esteve à frente do estudo, explica que, “na verdade, foram identificados mais do que seis setores” de produção.
“Inicialmente, quisemos identificar produtos que poderiam ser produzidos com até 80% ou mais de probabilidade, que teriam uma complexidade maior do que a média, então foram mais de 2 mil produtos, mas nos concentramos nos seis setores com maior oportunidade de exportação”.
A delimitação de foco é justificada. O objetivo de Marcio Guiot, presidente do Porto de Suape, é “mudar o padrão”, explica Freire. “Ao invés de em vez de só importar, ter a capacidade de exportar mais pelo porto”, completa o pesquisador.
Não é possível, no entanto, precisar quantas empresas podem ser atraídas, devido à existência de indústrias de fabricação de um único produto e daquelas com capacidade de confecção de múltiplos produtos.
“Depende muito de como eles (o Porto) vão fazer a atração desse potencial novo investimento. Podem priorizar empresas que vão fabricar mais de um desses produtos e ver quais são os próximos produtos. É algo que depende muito do setor.”
ZPE do Porto de Suape
No Suape Conecta 2024 também ocorreu assinatura do um Termo de Serviço entre o Porto de Suape e a Fundação Getulio Vargas (FGV), para que, em janeiro, o projeto da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) seja entregue.
O objetivo é atrair mais empresas para o complexo a partir da divulgação do relatório e também do anúncio feito no início da semana sobre a primeira fábrica de e-metanol do país, que funcionará no complexo a partir de uma parceria entre o Governo de Pernambuco e a empresa dinamarquesa European Energy.
“Temos o prazer de assinar a ordem de serviço para que ela também seja um instrumento importante neste contexto de atratividade”, detalha Guiot.
As ZPEs são áreas de livre comércio com o exterior, destinadas à instalação de empresas voltadas para a produção de bens a serem exportados. Essas zonas são criadas com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico, aumentar as exportações, gerar empregos e difundir novas tecnologias no país.
Dentro desses espaços, as empresas podem operar com benefícios fiscais, cambiais e administrativos, como isenção de impostos em algumas operações.
Porto de Suape
Guiot quer uma Suape movida a dados. E o estudo veio com essa perspectiva, “com a missão de nos dar um norte para que pudéssemos realmente direcionar nossas ações”. É um planejamento a longo prazo que culmina em 2030.
“Hoje, movimentamos em torno de 24 milhões de toneladas, e nossa estimativa é que, em 2030, consigamos chegar a 50 milhões de toneladas, com todos esses investimentos se estabelecendo e atingindo o grau de maturidade necessário”, pontua o presidente.
O levantamento “Revelando o Potencial de Suape: Caminhos Estratégicos para Complexidade Econômica e Competitividade Global” foi realizado por meio da análise de dados sobre as indústrias presentes no complexo.
Foram examinadas informações sobre produção, exportação e importação de diferentes setores. O foco foi entender como o Suape se compara a outros países em termos de capacidade de produção e competitividade.
O relatório avalia a probabilidade e possibilidade de produção de novos produtos a partir das indústrias já existentes, mostrando quais são os melhores produtos a serem incorporados e além de potenciais compradores para aumentar a exportação.
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