Pela primeira vez uma sorveteria do Ceará recebe uma validação internacional por promover práticas sustentáveis dentro da companhia. E detalhe: a fábrica conta com apenas nove funcionários. A Duggê Sorvetes Artesanais é uma das quatro novas empresas contempladas com o Selo ESG-FIEC, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), em cerimônia na manhã desta quarta-feira (2).
Lançado em 2022, o Programa de Certificação ESG-FIEC quer guiar as indústrias cearenses à sustentabilidade. Além da Duggê, também terão direito ao selo a Cinco Quinas Pães e Doces, a Carnaúba do Brasil e a Arca Plast, o que levou a federação a um patamar de 19 empresas credenciadas — fora outras 47 que estão em processo de qualificação e avaliação.
É comum relacionar a adoção de práticas ESG apenas a grandes empresas, afinal uma mudança de processos internos que leva em conta o ambiental, o social e a governança de uma firma pode ser complexo, custoso e desafiador, principalmente quando a empresa tem menos de uma dezena de colaboradores.
Mas a Duggê já fazia, só não sabia que era ESG. “Nós já tínhamos ações, mas faltava documentar”, pontua Socorro Castro, engenheira de alimentos, cozinheira, confeiteira e proprietária da Duggê. “Colocamos isso no papel com a ajuda da FIEC”.
A documentação varia em cada segmento. Para uma sorveteria, o básico é o alvará da vigilância sanitária, o pagamento de impostos e o pagamento correto do funcionário.
“Economia de água e de energia é cuidado com o meio ambiente. Essas são questões que tentamos reduzir ao máximo, desde colocar plaquinha de apagar a luz ao sair até mesmo reaproveitar a água dos ar-condicionados. Além, também, da abertura para o funcionário conversar conosco.”
O processo levou cerca de 10 meses. Em 23 de julho, a empresa passou por um processo de auditoria, no qual foi aprovada.
A empresa se comprometeu a reduzir o consumo anual de água e energia em 5%, garantir no mínimo 50% de mulheres na gestão da empresa e ter ao menos um fornecedor certificado no programa ESG FIEC até o ano de 2028.
A Duggê também pactuou treinar todos os colaboradores da empresa anualmente sobre os temas de ética, conduta, respeito à diversidade, combate ao greenwashing, combate à corrupção, suborno e concorrência desleal, liberdade sindical, conhecimentos ESG e outras práticas de governança, assim como a própria política da empresa — que já conta com página própria no site da fábrica.
A Duggê do Eugenio
A fábrica de sorvetes Duggê tem 35 anos de história. As quase quatro décadas de funcionamento deram tempo para a inovação. “Trabalhamos com o tradicional, mas temos essa linha mais diferenciada: sorvete de capim-santo, de rapadura, de queijo coalho, de cream cheese, de manjericão, de gengibre”.
Duggê vem do Gegê, apelido de Eugenio Gondim, chefe sorveteiro e fundador da marca. Aos 23 anos, encontrou uma máquina de sorvetes esquecida em sua casa e passou a fabricar seus sabores. Montou sua própria fábrica de sorvetes, e, além de proprietário, Gondim era diretor, comprador, financeiro, produtor, vendedor, entregador e tudo mais que a Duggê precisasse.
Eugenio faleceu em 2021 durante a pandemia da Covid-19. Socorro, sua esposa, deu continuidade ao negócio focando nas modificações necessárias para que a empresa seguisse um rumo ainda sustentável.
Com faturamento anual de cerca de R$ 1,5 milhão, a Duggê espera ser exemplo para outras pequenas empresas do estado e do ramo de sorvetes.
“Normalmente, você vê empresas grandes. Nós não somos gigantes. Somos uma empresa de pequeno porte, então, isso deixa a gente mais orgulhoso ainda”. A engenheira entende o momento como uma conquista conjunta, por isso que hoje “não tem expediente na Duggê”, “todos os funcionários vão para a FIEC receber o selo”.
“Estamos todos bem contentes porque eles sabem que todos fizeram parte da conquista deste selo. É um trabalho conjunto. Não podemos ter sem os funcionários e os funcionários sem a empresa.”
A fábrica da Duggê fica localizada na Rua Moreira Leite, 150, no bairro de Cambeba, em Fortaleza, Ceará. A maior parte da produção é focada na distribuição para confeitarias, restaurantes e cafeterias, mas conta também com uma loja para vendas próprias.
Outras empresas certificadas
Cinco Quinas Pães e Doces – Com mais de 35 anos de atividade, a panificadora é um tradicional empreendimento localizado no bairro Parquelândia, em Fortaleza. O proprietário da padaria e Presidente do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Ceará (Sindpan), Alex Martins, guia hoje a atuação do empreendimento dentro das diretrizes social, ambiental e de governança.
Carnaúba do Brasil – Indústria de beneficiamento de cera de carnaúba fundada em 2004, com fábrica sediada no município de Itarema, na Zona Norte do Ceará. Fundado por Gerardo Azevedo e Dedé Tibúrcio, a empresa do setor carnaubeiro busca aliar uma gestão tecnológica com o compromisso diante das pautas de responsabilidade social e sustentabilidade ambiental.
Arca Plast – Fundada em 2005 pela família Pegado, a indústria de fabricação de artefatos de material plástico tem sede atual em Horizonte, município da Região Metropolitana de Fortaleza. A empresa carrega como missão a oferta de produtos e serviços sustentáveis, destacando o compromisso com práticas que minimizam o impacto ambiental.
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