Ex-miss retorna ao Sertão para empoderar mulheres de comunidades rurais

Desde que saiu do Sertão, Núbia Santana tinha um objetivo: usar a arte para levar conhecimento às mulheres e jovens em situações de delito no Sertão de PE.
cineasta Núbia
Ex-miss e cineasta, Núbia Santana usa o cinema como meio de ajudar mulheres do seu Sertão/Foto: divulgação

Ela é uma ex-miss de Pernambuco e cineasta que tem percorrido o Sertão nordestino para empoderar mulheres de comunidades rurais contra a violência doméstica. Sertaneja, de Iguaracy, a cineasta e ativista humanitária, Núbia Santana, faz isso por meio do projeto “Virando o Jogo“, que criou em 2022. Assim, tem promovido o empreendedorismo feminino como arma de combate à violência. O projeto também tem ajudado jovens com histórico de cometimento de delitos, na prevenção e enfrentamento da violência por meio da arte.

A jornada no Sertão começou na última semana, pelos municípios de Tuparetama, Ingazeira e sua cidade, Iguaracy. Mas, a expectativa é ir mais além. Núbia, que também é presidente do Instituto Lumiart, uma Organização da Sociedade Civil (OSC), com sede em Brasília (DF), veio ampliar contatos com ONGs, estados e municípios do Nordeste.

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“Estamos em tratativas com organizações na Bahia, Ceará , Maranhão, Paraíba e Piauí para levar o projeto Virando o Jogo a comunidades rurais e organizações que trabalham em defesa dos direitos da mulher e do empoderamento feminino”, disse também a ex-miss Pernambuco 1994.

Como surgiu a ideia

Desde que saiu do Sertão, Núbia Santana tinha um objetivo: usar a arte para levar conhecimento às mulheres e jovens em situações de delito. O passaporte para suas iniciativas foi a criação do Instituto Lumiart, em 2010, que deu início à sua trajetória de sucesso produzindo filmes sobre violência doméstica, além de promover o empreendedorismo feminino mostrando mulheres que são exemplos de superação. 

O Instituto trouxe luz, câmera e ação a jovens que já se envolveram com o pesado jogo do tráfico de crack no Distrito Federal, produzindo o filme “Pedra do Mal”, uma forma de mostrar a dura realidade de crianças e adolescentes. Para esse público, o Lumiart também realiza oficinas, capacitações e workshops que apontam oportunidades de mudança de vida por meio de diversas formas de arte.

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Rodadas de Conversas 

O projeto Virando o Jogo é desenvolvido pelo Instituto Lumiart, em Brasília, e se completa com seu último curta-metragem, “Virada de jogo“. Na programação, as mulheres assistem ao filme, que conta seis grandes histórias de superação e protagonismo de fortes mulheres, inclusive a da própria Núbia Santana.

Cineasta Núbia Santana
Cineasta Núbia Santana numa roda de conversas no Sertão/Foto:

Após a exibição, ela conduz uma roda de conversa com o público para troca de impressões e reflexões sobre o filme e uma ‘escuta de qualidade’, onde as mulheres falam sobre situações de violência doméstica, criando confiança para também virar o jogo.

O encontro termina com uma performance teatral, abordando o tema superação e esperança. “A importância do projeto está também em ouvir essas mulheres da área rural que, raramente, têm voz”, reforça Núbia. 

“A minha missão com esse projeto é despertar a força que tem dentro de cada uma dessas mulheres. Com conhecimento tudo fica mais fácil. A arte e a cultura são fortes instrumentos e me auxiliam bastante nessas rodas de conversa com mulheres. Ir até às comunidades da área rural é um resgate de mim mesma, pois foi ali que tudo começou para mim. E uma  conversa em torno de questões dramáticas como a violência, uso de drogas e a fome, tendo como pano de fundo a defesa dos direitos da mulher e dos jovens, é alimento para o meu coração. Essas mulheres sofrem muito! E o pior sofrimento, a meu ver, é a falta de esperança”, explica a ativista. 

Projetos Lumiart 

Os projetos do Instituto Lumiart surgiram para dar voz às mulheres, para incentivar a arte, a cultura, os trabalhos sociais”, diz a cineasta, que traz na bagagem o longa metragem “Pra Ficar de Boa”; o documentário “Pedra do Mal”, sobre a realidade do tráfico do crack, no Distrito Federal; o documentário “Profissão Livreiro ” premiado no último Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, além dos curtas “O Poder da Mulher Empreendedora” e “Virada de Jogo”, destaque no último Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e ganhador do 24° Troféu Câmara Legislativa como melhor roteiro. 

Mulheres do Sertão
Mulheres do Sertão são o alvo do projeto/Foto: divulgação

“Falar de sonhos para elas me emociona só em pensar… Eu sofri muito na vida e quando não tinha esperança nenhuma veio uma luz, que foi uma mulher que nunca tinha me visto na vida, dizer que eu poderia ficar bonita se fosse lapidada. Eu quero falar algo que mude a vida delas também”, declara Núbia.

Infância sob o umbuzeiro

Desde criança, quando ainda morava no sítio dos seus pais José e Maria Odete Santana, na cidade de Iguaracy, Sertão do Pajeú, Núbia tinha um sonho de transformar a vida das pessoas, de sua família e da comunidade em seu entorno. 

Única mulher de uma prole de oito filhos, Núbia teve uma infância marcada por muito sacrifício, mas também pela união da família diante das dificuldades e a esperança de que dias melhores fossem possíveis. 

Dos 7 aos 10 anos, ela trabalhava numa carvoaria junto com os irmãos para ajudar os pais no sustento da família e ainda enfrentava uma rotina de caminhar cerca de 30 quilômetros por dia para ir e voltar da escola, na vizinha Ingazeira. 

Mesmo com muito trabalho, a fome rondava e invadia a casa da família Santana, assim como a de tantos sertanejos que até hoje sofrem sem assistência em tempos de seca. Esse embate em sua trajetória gerou resiliência e coragem para enfrentar desafios. E, quando chegou ao limite, saiu de sua casa no Sertão e foi em busca do sonho de tirar a família da miséria, no Recife, onde não conhecia ninguém ao desembarcar. 

De Miss à cineasta

A fé em Deus e a obstinação no seu propósito abriram portas. Da pensão onde foi acolhida ao chegar à capital, aos grandes salões da sociedade pernambucana e do mundo.

Quando foi eleita em 1994 como representante de Pernambuco no concurso Miss Brasil, Núbia Santana travou consigo o desafio de fazer daquele prêmio uma oportunidade para mudar sua vida e a de seus familiares. E como mudou. 

Depois de viajar por todo o país, fazer contatos, decidiu ir morar em Brasília, onde teve a oportunidade de trabalhar em um órgão público, o Ministério do Trabalho, e fixou moradia, mas sem tirar os olhos do Sertão nordestino.

No Distrito Federal, ingressou na Faculdade Dulcina de Moraes, no curso de artes cênicas e, hoje, já tem em seu currículo várias produções cinematográficas e teatrais. 

Núbia é também presidente da Associação dos Produtores de Cinema (Aprocine), com sede em Brasília, e fundadora do Projeto Nota 10, que promove oficinas de teatro, percussão e atividades audiovisuais para adolescentes autores de infrações graves. Foi nessa “pegada” de estar mais próxima aos jovens dependentes de drogas que nasceu o documentário “Pedra do Mal”, em 2015.

Visite o www.institutolumiart.org.br

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