Análise de mercado: Fed, IPCA-15 e riscos geopolíticos

Por aqui, o noticiário repercute o IPCA-15, que veio bastante ruim ontem, e as idas-e-vindas no entorno da Petrobrás e dos cortes de impostos para tentar aliviar temporariamente alguns preços.

Por Marco A. Caruso | Eduardo Vilarim*

Nada muito diferente no noticiário, mas o viés dos mercados é negativo esta quarta-feira (25). As narrativas têm oscilado entre o medo de o late cycle global se transformar em recessão com a sensação de que alguns diretores do Fed começam a moderar os seus discursos.

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Marco Caruso Banco Original
Marco Caruso é economista chefe do Banco Original/Foto: divulgação

Certamente não parece uma guinada dos membros do BC norte-americano, mas discutimos passado a visão de Bullard de que os juros poderiam começar a cair em 2023 e, agora, Raphael Bostic fala em prudência assim que os Fed Funds atingirem o seu patamar neutro, estimado em ±2,5% ao ano pelos documentos da própria instituição. Relembrando, hoje a taxa está em 0,75%.

Tudo precisa ser “combinado com os russos”. A inflação por lá medida pelo PCE está em 6,6% ao ano e em 8,3% no caso do CPI versus uma meta de 2,0%; tudo isso com os juros reais negativos até o vértice de 5 anos nos juros futuros. Nesse contexto, a semana traz a ata da última reunião do Fed hoje (15h) e o novo PCE na sexta.

Ainda no front de batalha dos BCs, hoje a Nova Zelândia subiu os juros em 50 pontos base, para 2,0%, e sugeriu que a taxa básica atingirá 4,0% no próximo ano, onde permanecerá até 2024. Nós não acompanhamos o RBNZ, mas é interessante trazer os patamares sugeridos pela autoridade para compararmos com a discussão nos EUA. O Fed consegue parar antes?

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Já o banco central europeu descreveu a água enquanto os ativos se afogam em sua Revisão de Estabilidade Financeira ao alertar para os riscos crescentes de que “alguns ativos continuam em risco de novas correções caso as perspectivas de crescimento enfraqueçam ainda mais e/ou a inflação venha a ser significativamente maior do que o esperado”. A retórica dos seus diretores se tornou mais dura nas últimas aparições, mas a região segue fazendo QE em meio a um risco de recessão não desprezível.

Agora do front geopolítico, chamou atenção a notícia do New York Times que afirma que o governo Biden acelerou seus esforços para reformular os sistemas de defesa de Taiwan. Segundo ex-funcionários dos EUA, o país busca uma presença militar mais robusta na região para tentar impedir um possível ataque chinês.

Por aqui, o noticiário repercute o IPCA-15, que veio bastante ruim ontem, e as idas-e-vindas no entorno da Petrobrás e dos cortes de impostos para tentar aliviar temporariamente alguns preços.

Em resumo, vê-se um maior espalhamento da inflação, com mais itens com variação mensal incompatível com a meta de inflação. A principal conclusão é que o pico do IPCA tem mais cara de platô por mais 3 meses. Para o caminho da Selic, achamos mais válido ouvir o Copom já que fim de ciclo tem mais arte do que conta: a inflação corrente não ajuda a parar hoje, assim como não vai ajudar a parar daqui 3 meses; alguma compra de risco o Comitê vai fazer em algum momento dado que o ajuste nos juros foi rápido e forte, mas seus resultados têm maior defasagem.

*Marco A. Caruso é economista-chefe do Banco Original; Eduardo Vilarim é economista do Banco Original

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