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FNE terá recurso para retrofit e obras públicas

Conselho da Sudene decidirá se governadores podem usar recursos do FNE para obras de infraestrutura
centro
Centro de cidades como o do Recife, com prédios ociosos, poderão contar com o FNE para retrofit/Foto: Edson Holanda/PCR

O Conselho Deliberativo da Sudene (Condel), o órgão máximo de articulação e decisões estratégicas da Sudene, se reúne nesta quinta-feira (13). Na pauta, entre outros temas, dois assuntos muito aguardados por estados e municípios. O primeiro vai mexer com a ocupação dos centros urbanos. O segundo, com obras de infraestrutura. Tudo isso usando recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). 

Realizada de forma virtual, com a presença do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, a reunião do Condel decidirá sobre a aprovação da pauta, que já passou pelo crivo do Comitê Técnico da Sudene.

No primeiro caso, o Condel analisará o financiamento para obras de retrofit e construção de novas moradias em centros urbanos decadentes. O retrofit é um processo que tem por objetivo restaurar prédios antigos, preservando a arquitetura original. O objetivo da Sudene é ajudar a reverter a degradação e abandono desses espaços.

“Esse é um problema comum a várias cidades no Brasil e no mundo. E todos os especialistas apontam que a solução para conter a degradação desses espaços é povoando essas áreas com moradias”, sustenta o superintendente da autarquia, Danilo Cabral.

Potencial do centro

No Recife, por exemplo, há um potencial enorme para moradia. No centro da cidade, 31% do espaço imobiliário está ocioso. “Mas adequar os edifícios às condições de habitabilidade, cumprindo todas as normas, exige grande esforço de financiamento”, explica Cabral.

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Embora pesquisas indiquem que há interesse por parte da população em morar no centro, entidades como Sinduscom e CREA, que foram ouvidas pela Sudene, alegam que as obras de retrofit exigem investimentos maiores do que os financiamentos ofertados para habitações no padrão Minha Casa, Minha Vida, o que tem dificultado iniciativas por parte de construtoras.

“Após a escuta que fizemos com diversos setores, tivemos um pré-Condel e apresentamos ao Comitê Técnico uma proposta de disponibilizar parte das verbas do FNE alocadas para infraestrutura para financiar novas moradias e retofit”, disse o superintendente. Essa é uma demanda de várias cidades da região.

Administrado pelo Banco do Nordeste(BNB) , o FNE dispõe de R$ 38 bilhões em seu orçamento para 2024 e 30% desse valor é direcionado à infraestrutura. “Esses recursos não eram acessíveis à moradia, mas agora abriremos espaço para isso, permitindo a reestruturação dessas áreas que já contam com a vantagem de serem dotadas de água, energia, esgoto e acesso viário”, explica Danilo Cabral. Segundo ele, as condições de financiamento seriam as mesmas para projetos de infraestrutura.

O outro tema é uma demanda dos governadores. Constitucionalmente, os estados são proibidos de tomar financiamento pelo FNE, cujos recursos são destinados ao setor produtivo. Mas a Sudene tem sido provocada pelos chefes de estado, que gostariam de ter acesso ao fundo para financiar obras que são contrapartida para a instalação de empreendimentos.

Lógica do FNE

“A lógica do FNE é financiar a economia. Mas veja o caso da Stellantis, que contou com R$ 2 bilhões do FNE e mudou a economia de Pernambuco. Para essa fábrica se instalar no estado, o governo teve que dar uma contrapartida. O que queremos é que essa contrapartida seja financiada pelo fundo. Ou seja, o dinheiro iria para o setor produtivo, só que por meio de obras de infraestrutura executadas pelo estado”, explica Danilo Cabral.

Investimentos no Nordeste: Danilo Cabral (Sudene) destaca atuação da autarquia no desenvolvimento regional
Danilo Cabral, superintendente da Sudene/Foto: Elvis Aleluia

Segundo o superintendente, essa abertura no FNE foi pactuada entre Sudene, Consórcio Nordeste – que reúne os governadores da região – Ministério da Integração Regional e BNB. “Estamos propondo que 30% dos 30% destinados à infraestrutura sejam direcionados a este fim, algo em torno de R$ 5 bilhões”, explica, acrescentando que a verba contemplaria Parcerias Público Privadas (PPPs) e concessões. Não haveria um percentual estabelecido para esse uso.

Sendo aprovada, a programação para 2025 começa com uma escuta do BNB junto aos estados para identificar suas prioridades. No próximo dia 15 de agosto, o Conselho Deliberativo publica a resolução da escuta e tem até 15 de dezembro para validar, em reunião com governadores, as obras que receberão recursos do FNE. Caso a obra selecionada não tenha sua execução estruturada em tempo hábil, os recursos voltam para o fundo.

“Essas são pautas importantes, fruto de diálogo. Por outro caminho teríamos que mudar a Constituição”, afirma Danilo Cabral.

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