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“Ninguém sai do seu lugar”, diz Sindicato dos Médicos sobre decreto de Raquel Lyra

Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) criticou falta de planejamento do governo Raquel Lyra ao determinar volta de profissionais cedidos a postos de trabalho de origem
dr Walber Steffano, presidente do Simepe
De acordo com o Walber Steffano, presidente do Sindicato dos Médicos de PE, Secretaria de Saúde manteve diálogo. Foto: divulgação / Simepe

“A saúde é um transatlântico. Se você precisa fazer uma curva e girar o leme bruscamente, o que vai acontecer? Ele vira. E se você tem um iceberg à sua frente e não programar a curva lá atrás, você bate. Faltou planejamento”. Essa é avaliação do presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Walber Steffano à medida inicial do governo do estado que, por meio do decreto nº 54.394, publicado no dia 3 de janeiro, segundo dia útil do início da gestão, determinou, entre outros atos administrativos, a volta dos servidores cedidos a outras repartições que não as suas de origem, num prazo de apenas cinco dias.

Imediatamente após a publicação do decreto, o Simepe procurou a secretária recém nomeada da saúde do estado, dra Zilda do Rego Cavalcanti, para tratar dos impactos que a medida traria ao atendimento prestado à população. Segundo Steffano, só à Prefeitura do Recife há hoje 1.200 servidores estaduais cedidos – em todas as áreas, não só na saúde. Retirá-los de seus postos de forma imediata poderia deixar serviços inteiros desfalcados.

O presidente do sindicato diz que, diferente do que alegam outras categorias, com a Secretaria Estadual de Saúde houve diálogo desde o início. O que faltou foi antever o problema e alinhar de que maneira o decreto poderia ser aplicado ou ajustado. Foi então, que, na última quinta-feira (5), ficou pactuado, após reunião com a secretária, que nenhum profissional médico concursado do estado que esteja em licença ou cedido a outras secretarias precisará retornar imediatamente a seus locais de trabalho de origem. “O que vai acontecer agora é que o prazo de cinco dias dado no decreto será para que o médico procure a chefia do serviço ao qual ele está cedido, informe seu local de origem e peça que ele faça o pedido de renovação da cessão para, em seguida, levar esse documento ao seu hospital de origem. O mesmo vale para quem está de licença-prêmio: é informar suas chefias, pra que seja registrada e mantida a licença, que é garantida por lei, independe de quem está no governo, se Raquel, ou quem quer que seja”, explicou Walber Steffano.

Ainda segundo o médico, o que vai acontecer agora é uma espécie de censo. Nem o governo do estado e nem o sindicato tem hoje levantados quantos são os médicos que estão cedidos, onde eles estão e quantos são os que estão em licença. “Na transição, já era pra saber disso. Mas, fez o caminho inverso e vai se saber agora. Inclusive, há casos de profissionais que estão fora de seus locais de concurso, mas estão dentro da rede estadual, por uma demanda e necessidade daquela unidade. Retirá-lo também desfalcaria o atendimento do estado. Isso deveria ter sido feito na transição. Mas, vai ser feito agora”, criticou o presidente do Simepe.

Relembre o decreto

O Decreto Estadual Nº 54.393 foi publicado na edição da última terça-feira (03) no Diário Oficial do Estado, determinando a exoneração de todos os servidores comissionados da administração direta, autarquias e fundações e também, no caso dos servidores efetivos, a dispensa do exercício de funções gratificadas de supervisão, apoio e assessoramento.

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Além disso, o documento também revoga todas as cessões de servidores e a concessão das licenças para trato de interesse particular e determina o retorno ao trabalho presencial de todos os servidores da administração estadual até a regulamentação, via decreto, do trabalho remoto.

O decreto trazia exceções em relação aos serviços essenciais, como ocupantes de cargos de direção nos hospitais, presidente da Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope), gerentes regionais de educação e saúde, gestores de segurança, chefes das unidades prisionais e coordenadores de centros socioeducativos. E mantinha os cargos das servidoras gestantes e em gozo de licença-maternidade.

O ato gerou polêmica e muitas críticas de lideranças sindicais de diversas áreas do serviço público, que alegaram que o cumprimento imediato das medidas, sem previamente planejar a substituição dos profissionais, traria dano ao serviço prestado à população. Diante disso, o Governo do Estado voltou atrás e, no dia seguinte à publicação do decreto, reeditou o texto, ampliando as exceções previstas na medida, assegurando que nenhum serviço essencial será prejudicado. 

Leia também: Raquel Lyra encaminha projeto de reforma administrativa à Alepe

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