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Municípios rechaçam proposta do governo federal sobre ICMS

Municípios consideram irresponsável aprovação da proposta do governo federal que reduz alíquotas do ICMS, causando prejuízos aos governos locais
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista

A Confederação Nacional de Municípios (CNM), em nota à Imprensa, afirma que “é de extrema irresponsabilidade” a aprovação na íntegra do Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/2022, que reduz as alíquotas de ICMS de combustíveis, energia e telecomunicações a um teto de 17%-18%, e, ao mesmo tempo, zerar a tributação (por meio do ICMS e do PIS/Cofins), sobre o óleo diesel. A proposta é do governo federal e, segundo a CNM, irá tirar dos cofres de Estados e Municípios R$115 bilhões por ano, sendo R$27 bilhões apenas dos Entes locais, por não oferecer a devida compensação à perda.

Prefeitos de Goiás trataram do assunto com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, nesta terça (7) – Foto: Agência CNM

“É lamentável um debate com impactos expressivos aos cofres municipais envolver apenas governos federal e estaduais, deixando de lado os governos locais, que são os que efetivamente prestam serviços à população”, diz o comunicado.

Para a CNM, além do quadro fiscal desses Entes, é necessário debater os impactos sociais aos cidadãos mais vulneráveis, que pouco serão beneficiados pela redução proposta, mas que sentirão diretamente a desassistência em áreas fundamentais como saúde e educação. No cenário pós-pandemia, com pressão sobre o sistema de saúde e a volta às aulas presenciais, a situação fica mais crítica pela perda de receitas nessas áreas que, segundo a CNM, corresponde a 70% da perda anual de ICMS para os Municípios.

Na nota, a Confederação ressalta que o valor de R$ 25 bilhões a R$50 bilhões sugerido pelo Ministério da Economia não compensa nem metade das perdas que Estados e Municípios sofrerão e terá caráter provisório, relacionado à desoneração do óleo diesel. No entanto, a maior parte das perdas – cerca de R$ 80 bilhões – terá caráter permanente, devido ao teto que se pretende criar para as alíquotas de combustíveis, energia e telecomunicações. Ao aprovar o projeto, governo e Congresso não só impõem uma perda substancial de receita aos Entes federados com o propósito de reduzir o preço da gasolina, como proíbem que, superado o atual momento inflacionário e de alta do preço do petróleo, as alíquotas de ICMS dos combustíveis possam aumentar.

Municípios consideram solução insuficiente para controlar inflação

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A CNM lembra que o preço do petróleo é naturalmente volátil e, há alguns anos, o barril estava sendo vendido a US$40, como em 2008 chegou a ser negociado a US$ 140 e hoje está em US$ 120. A redução do ICMS pode reduzir em R$ 0,70 o preço do litro da gasolina, mas o aumento da cotação internacional do petróleo em US$40, como ocorreu nesse último ano, tem um impacto de R$1,20 no preço da bomba. “Não é correto criar um teto que vai reduzir permanentemente a arrecadação de Estados e Municípios para buscar uma solução conjuntural e absolutamente insuficiente para controlar a alta da inflação e dos combustíveis em particular. Trata-se de uma solução muito custosa para limitados benefícios para a sociedade”, conclui o comunicado dos municípios.

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