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Brasil registra 78ª posição em ranking sobre igualdade de gênero

Pontuação do país no Índice de Gênero dos ODS 2022 chegou 66,4. Brasil ficou atrás de países como Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai em igualdade de gênero

O Brasil alcançou a 78ª posição no ranking que mede igualdade de gênero em 144 países. O dado faz parte do Índice de Gênero dos ODS 2022, desenvolvido pela Equal Measures 2030, um relatório global que avalia a evolução dos países em metas e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para a agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

A pontuação do Brasil chegou 66,4, atrás de países como Uruguai (31º), Argentina (44º), Chile (49º) e Paraguai (74º). Na edição anterior do ranking, em 2019, a posição do país era a 77ª.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

De acordo com o documento, a pandemia de covid-19 expôs ainda mais a desigualdade de gênero no mundo. A publicação aponta que menos de um quarto dos países está fazendo progressos considerados rápidos em direção à igualdade de gênero, e um em cada três países não está fazendo nenhum progresso ou está se movendo na direção errada.

“Para dar um exemplo, o Brasil ainda é o quinto no ranking mundial de casamentos infantis em números absolutos. Isso porque o problema é ainda maior quando consideramos as uniões informais, muito mais frequentes por aqui”, explicou a gerente de empoderamento econômico e gênero da Plan International Brasil, Raíla Alves. “Embora, em 2019, o Brasil tenha mudado a legislação sobre o casamento infantil, ela ainda tem uma brecha, pois permite a união a partir dos 16 anos com a autorização de responsáveis e/ou da Justiça. Na prática, os casamentos continuam ocorrendo e atingem, principalmente, meninas com menos de 18 anos”, acrescentou.

De acordo com o documento, a pontuação do índice do Brasil estagnou com o “não progresso” entre 2015 e 2020. Segundo Raíla Alves, atualmente “não há projeção de avanço às metas da Agenda 2030, sobretudo no que tange ao quesito de igualdade de gênero e empoderamento de meninas e mulheres”. “[Este cenário] representa um prejuízo que pode afetar não só as meninas de hoje, mas as gerações futuras também”, ponderou.

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Índice abrange 56 indicadores

O índice abrange 56 indicadores-chave em 14 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Dos 144 países pesquisados, 135 têm estatísticas de pelo menos dois anos, o que possibilita acompanhar o progresso entre 2015 e 2020. Segundo o relatório, não é possível “voltar ao normal” em relação à igualdade de gênero em um cenário pós-pandemia.

“Voltar ao normal seria retomar um cenário anterior à pandemia. Comparando a posição do Brasil em 2019 à atual, percebemos que pouco mudou. Por isso, para alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030 não basta só retomar o que fazíamos antes. Vamos precisar acelerar muito para recuperar o tempo perdido. E isso não diz respeito apenas ao Brasil, mas a boa parte dos países no mundo”.

O documento apontou ainda que nenhum dos 144 países pesquisados alcançou a igualdade de gênero e nenhum país tem o melhor desempenho do mundo – ou mesmo entre os dez melhores do mundo – em todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Segundo o documento, em 2020, mais de três bilhões de meninas e mulheres ainda viviam em países com pontuações “ruim” ou “muito ruim” para igualdade de gênero.

Por outro lado, o índice aponta que mais da metade dos países em todo o mundo estão se movendo na direção certa em relação à igualdade de gênero.

Recomendações para acelerar igualdade de gênero

A pesquisa faz seis recomendações para acelerar o progresso na igualdade de gênero. Entre elas, está a reforma de leis e a adoção de políticas afirmativas. O documento sugere ainda o incentivo a grupos de jovens meninas líderes; acabar com a falta de dados sobre gênero; investimento em serviços públicos e infraestrutura social; Investimento na criação de espaços e apoio a organizações e movimentos feministas; além de trabalhar no empoderamento de garotas e mulheres jovens.

“Como o relatório aponta, “países que fazem bom uso de leis para facilitar a inclusão econômica das mulheres têm melhores resultados de saúde, nutrição e educação para mulheres e suas famílias, emprego mais resiliente para mulheres e mais mulheres na política”, afirmou Raíla.

*Da Agência Brasil


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