Por Juliana Albuquerque
Com a proposta de reduzir a burocracia no sistema financeiro e incentivar o surgimento de novos produtos e serviços mais adequados ao perfil de cada cliente, tem início hoje (13), a segunda de quatro fases do open banking. A implementação do Open Banking se estenderá até setembro de 2022, de acordo com a Resolução 109 do Banco Central, que atualizou o cronograma.
A partir dessa segunda fase, os clientes, se quiserem, poderão solicitar o compartilhamento entre instituições participantes de seus dados cadastrais, de informações sobre transações em suas contas, cartão de crédito e produtos de crédito contratados.
Na prática, a instituição que receber as informações de cadastro e de movimentação financeira do cliente, após seu consentimento, poderá fazer propostas de crédito, de investimentos e de outros serviços de forma mais personalizada e que tragam melhores condições ao cliente.
Os consentimentos dos clientes serão dados sempre por meio eletrônico e dentro do ambiente de autenticação do banco. Não será solicitada nenhuma informação ao cliente que o banco já não tenha. A jornada envolverá dois participantes: uma instituição que está oferecendo um produto, e que irá buscar o consentimento expresso e explícito do cliente; e a instituição com a qual o cliente tem relacionamento e irá compartilhar os dados a pedido dele após autenticação no aplicativo do banco. Todos estes consentimentos serão dados de forma eletrônica e na tela do celular ou do computador, de forma muito intuitiva e simples.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o Open Banking é um sistema que promete facilitar o surgimento de novos produtos e serviços para o cliente. Isso é possível devido ao uso de um conjunto de programas que promove a conexão entre as instituições participantes e as informações que serão trocadas entre elas (chamadas de APIs padronizadas). “É nesta segunda fase de implementação que se iniciará uma interação mais direta com o cliente final. O Open Banking no Brasil, embora com um cronograma muito desafiador e um escopo bem abrangente, incentiva a inovação e tende a intensificar as ofertas de valor para os usuários, com novos produtos e serviços, acelerando a transformação digital do mercado financeiro. A expectativa do setor bancário com sua implantação completa é bastante positiva”, avalia Isaac Sidney, presidente da Febraban.
De acordo com o Banco Central, atualmente uma instituição bancária não enxerga o relacionamento do cliente com outra, o que dificulta competir por ele com melhores serviços. Com o Open Banking, com a permissão de cada correntista, será possível aos clientes receber ofertas de produtos e serviços mais adequados ao seu perfil, a custos mais acessíveis e de forma mais ágil e segura. “Digamos que uma pessoa tem um relacionamento com o banco X há mais de 15 anos, com cartão de crédito, ótimas taxas para financiamentos, mas decide que quer mudar de banco. Da forma como é hoje, essa pessoa teria que começar do zero o relacionamento com outro banco. Com o open banking, com a autorização prévia desse correntista, todo o histórico do cliente no banco X vai para o banco escolhido pelo cliente, instituição que terá taxas mais atrativas porque com base no histórico desse cliente consegue oferecer serviços e condições melhores. O cliente/consumidor será a parte mais beneficiada em meio à concorrência, sem dúvidas”, garante Caio Vilela, advogado e gestor do contencioso estratégico do escritório Queiroz Cavalcanti Advocacia.
Segundo a Febraban, além desse benefício, o consumidor também poderá conectar sua conta bancária a um aplicativo que analisará sua vida financeira, resultando em sugestões de investimentos ou até mesmo na recomendação de produtos e serviços mais personalizados e com condições que melhor se adaptem à sua necessidade. Outra possibilidade trazida pelo Open Banking é reunir em um único aplicativo os dados de contas em diferentes instituições, consolidando as informações e proporcionando ao consumidor uma melhor visão de toda a sua vida financeira.