O polo de desenvolvimento do hidrogênio verde (H2V) em Pernambuco, um dos projetos mais ambiciosos do Nordeste e que pode transformar o estado em referência mundial no combustível do futuro, tem a entrada em operação confimada para entre novembro e dezembro de 2024, no Porto de Suape.
Esse é o prazo em que – de acordo com o diretor de inovação e tecnologia do SENAI PE, Oziel Alves – a primeira planta de hidrogênio verde do TechHub H2V vai começar a produzir, inicialmente em escala experimental. O Sistema S é um dos parceiros do empreendimento.
O TechHub é uma iniciativa desenvolvida em parceria com a empresa chinesa CTG, o Departamento Nacional do Senai, o Senai Pernambuco e o governo do estado. O objetivo é tornar o porto um espaço de pesquisa, desenvolvimento e inovação com foco no hidrogênio verde.
O hidrogênio verde, que ainda não é fabricado em escala industrial por nenhum país, vem provocando uma febre do ouro na região, com uma briga entre os estados nordestinos pelo pioneirismo nacional.
Nessa guerra, Pernambuco, Ceará, Bahia e Piauí se destacam pelo planejamento e estratégia muito bem estruturados, visando saírem na frente na produção – tanto experimental como em larga escala – e se tornarem clusters globais de um setor que é visto como uma das maiores promessas para acelerar a descarbonização da economia. O Ceará é quem se movimenta de forma mais ostensiva nesse grupo.
Em que fase se encontra o TechHub H2V?
Oziel Alves explica que a fase de escavação e corte do terreno do TechHub Suape está bastante adiantada. Em breve, segundo ele, deve começar o aterramento, com a compactação e drenagem do solo. Na sequência, haverá o acabamento final da área. A previsão é de que, em julho próximo, todas as etapas da terraplenagem estejam concluídas.
“O passo seguinte será habilitar o espaço para receber a primeira planta de hidrogênio”, afirma. A construção desse módulo está programada para entre agosto e setembro, com entrada em funcionamento estimada para até o final do ano.
A implantação do polo de H2V de Suape envolve também a recuperação de um galpão já existente no complexo portuário. Trata-se de um ambiente fabril, que receberá plantas de inovação e desenvolvimento tecnológico de diversas empresas.
“Estaremos iniciando o processo de revitalização e reforma desse local até julho e devemos concluí-lo até novembro”, destaca Oziel Alves.
Desentendimentos em torno do polo de H2V foram superados?
Sobre os desentendimentos entre o Sistema S e o Governo de Pernambuco em torno do projeto, o diretor afirma que as rusgas foram superadas.
O então presidente da federação estadual das indústrias, Ricardo Essinger, chegou a criticar, tanto reservada como publicamente, a morosidade da administração estadual nos compromissos que lhe cabem como parceiro do projeto.
Uma das principais queixas era justamente a definição e entrega do terreno para instalação do polo.
Na outra ponta, havia reclamações do governo sobre o ritmo de liberação dos recursos do sistema. Em reserva, um integrante da gestão estadual chegou a confidenciar, no primeiro semestre de 2023, que o Senai ainda não tinha desembolsado um centavo para a viabilização do empreendimento.
“Os desafios operacionais foram solucionados e, hoje, o processo está rodando no prazo esperado”, sustenta Oziel Alves.
Veja imagens exclusivas sobre o avanço da terraplenagem do TechHub H2V
O que é o TechHub H2V de Suape?
O TecHub H2V é iniciativa liderada pela CTG Brasil, uma das principais empresas de geração de energia limpa no país, em parceria com o Departamento Nacional do Senai, Senai Pernambuco e o Governo de Pernambuco.
Idealizado em julho de 2022, o TecHub H2V é uma plataforma de pesquisa e desenvolvimento nesse setor, ainda nascente.
O empreendimento é voltado para a implementação, em Suape, de projetos inovadores nas áreas de produção, transporte, armazenamento e gestão de hidrogênio verde.
Juntos, esses projetos vão receber, numa primeira fase, investimentos de até R$ 45 milhões. As propostas foram selecionadas por meio de chamada pública promovida pelo Senai e pela CTG Brasil.
Qual a estrutura prevista para o TechHub H2V?
O TechHub H2V vai ocupar uma área de 1,38 hectare. A estrutura planejada contempla usinas solares, três usinas de hidrogênio verde, conjunto de contêineres para o desenvolvimento de projetos e estações de abastecimentos de H2V, entre outros equipamentos.
Com esse empreendimento, os parceiros querem transformar Suape em um laboratório vivo, escala real, com toda infraestrutura necessária para o desenvolvimento, testagem e experimentação de soluções na cadeira do hidrogênio de baixo carbono.
O que é o H2V?
O hidrogênio é uma matéria-prima que possui aplicação em diversos setores industriais, desde o segmento de alimentos até fertilizantes. Porém 96% da produção mundial hoje é resultante de métodos poluentes, gerando 830 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, o correspondente a 2% das emissões anuais de CO2 em todo o mundo.
Daí a necessidade crucial da descarbonização da cadeia do hidrogênio para a transição energética.
O H2V, que também vem sendo testado em diversas aplicações como combustível, é obtido por meio da eletrólise (quebra das moléculas por meio de eletricidade) da água ou etanol, entre outros produtos.
A geração dessa eletricidade, bem como todo o processo produtivo, não pode emitir CO2, por isso as plantas eólicas, solares e outras fontes de energia limpa são vitais para essa indústria.
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