Exército transfere vila militar e reduz desmatamento com Escola de Sargentos

A partir deste ano, o Exército começa a avançar com o projeto, que tem previsto investimento de R$ 1,7 bilhão.
APA area do Exército
APA Aldeia Beberibe: boa parte da localidade é ocupada pelo Exército/foto: Exército Brasileiro

Às vésperas da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Exército anunciou nova mudança no projeto da Escola de Sargentos. O gerente do Subprograma de Implantação da Escola, general Joarez Alves Pereira Júnior, do Comando Militar do Nordeste, afirmou que a vila militar será transferida para uma área adjacente, fora do campo e da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe. Com isso, o desmatamento da Mata Atlântica cai de 180 hectares, como apresentado no projeto original, para 90 hectares.

O anuncio foi feito em coletiva de imprensa, na tarde desta quarta-feira (17). “Os 90 hectares vêm de uma proposta trabalhada com o Fórum Socioambiental feita ao Ministério da Defesa”, afirmou.

No entanto, os representantes do fórum não puderem participar da coletiva, porque foram impedidos de entrar. Ainda assim, Herbet Tejo, presidente do fórum, disse que a redução anunciada pelo Exército estaria de acordo com o que a entidade defende, embora tenha criticado o impedimento de acesso ao local: “Fazemos parte do Grupo de Trabalho criado pelo Governo do Estado para discutir o projeto”, reclamou.

Exército descarta mudanças

O general Joarez descartou o risco de Pernambuco perder o empreendimento para outro estado diante das modificações. “Estamos fazendo tudo aquilo que é previsto, que é necessário e legal para a implantação da escola. Todos os nossos estudos indicam a viabilidade dela ser implantada aqui”, garantiu. 

Em dezembro, o Movimento Econômico publicou uma reportagem especial sobre a Escola de Sargentos, mostrando seus impactos positivos e negativos sobre o Pernambuco, inclusive o que estava em jogo diante de 130 hectares de desmatamento de Mata Atlântica madura. A reportagem também mostrou a importância da presença do Exército, que ocupa a área desde os anos 40, para a preservação do local. Dias depois o Exército decidiu reduzir, novamente, a área a ser desmatada.

- Publicidade -
Apa antes do Exército
Área da APA antes da ocupação do Exército/Foto: Exército

O impacto positivo é econômico e ele se estende sobre Abreu e Lima e Paudalho, onde será instalada, e também aos vizinhos municípios de Araçoiaba, Camaragibe e Tracunhaém. A renda proveniente dos salários dos militares fará com que R$ 211 milhões a mais circulem anualmente nestas localidades, que carecem de força econômica para gerar renda e melhorar as condições de vida da sua população.

O problema é que o local escolhido para construção, o Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC), está situado numa área densamente ocupada pela Mata Atlântica. Trata-se da maior reserva florestal que há ao Norte do Rio São Francisco e uma das maiores do país. O projeto da ESA vinha gerando polêmica porque, previa desmatar 130 hectares na Área de Preservação Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, o que equivale a 130 campos de futebol (originalmente eram 180 hectares, mas a área foi reduzida por pressão da sociedade civil).

O General Joarez Alves Pereira Júnior, gerente do Subprograma de Escolas de Sargento do Exército. Foto: Assembleia Legislativa de Sergipe
O General Joarez Alves Pereira Júnior, gerente do Subprograma de Escolas de Sargento do Exército. Foto: Assembleia Legislativa de Sergipe

Na reportagem, o Movimento Econômico ouviu quatro diferentes atores envolvidos no processo: Exército, o Fórum Socioambiental de Aldeia, o Governo de Pernambuco e a Academia. Cada um coloca seu ponto de vista. O link de acesso ao conteúdo está no fim desta matéria.

Na reportagem, o general Nilton José Batista Moreno JR, gestor de Projetos Estratégicos do Comando Militar do Nordeste, informa que partir deste ano, ESA, que tem previsto investimento de R$ 1,7 bilhão, começa a dar avanços significativos. Segundo ele, os próximos passos são a elaboração dos anteprojetos para licitação das áreas a serem construídas, bem como o plano de compensação ambiental. As licitações para as obras devem ocorrer em 2025.

Leia também:

Escola de Sargentos: o que está em jogo em quatro depoimentos

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -