Por Kleber Nunes
Líder no Brasil com 33,6% de market share no primeiro semestre deste ano, ou seja, responsável pela fabricação de um a cada três carros vendidos no Brasil da marcas Fiat, Peugeot, Citroën e Jeep, a Stellantis quer ampliar a capacidade de produção do polo automotivo de Goiana, zona da Mata Norte de Pernambuco, nos próximos quatro anos. Nesse período, a companhia espera saltar de 30 para 50 o número de empresas fornecedoras no entorno da fábrica, hoje responsável pela produção do Jeep Renegade, Fiat Toro, Jeep Compass e o novo Jeep Commander.
A Stellantis é resultado da fusão entre a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e a Peugeot S.A. (PSA), realizada em janeiro de 2021. Com a expansão, a montadora pretende avançar na estratégia de descarbonização do setor, contribuir com a descentralização da indústria no Brasil e reduzir os custos logísticos, uma vez que as empresas produzirão em solo pernambucano muito do que atualmente vem da Ásia.
Arco Metropolitano
A atração dos fornecedores para a planta da montadora também é uma alternativa ao Arco Metropolitano do Recife prometido para a instalação da fábrica e que deveria ter sido concluído em 2016, mas que até hoje não saiu do papel. A via de mais de 70 quilômetros deveria ligar a zona da Mata Norte ao Porto de Suape, no Litoral Sul, evitando a saturada BR-101 e contribuindo para o escoamento de produtos não só do polo automotivo, mas também do vidreiro e de hemoderivados.
“Temos que chegar rapidamente a 50 fornecedores [em Pernambuco], isso vai nos levar a mais produtos e equipamentos localizados, a empregar mais pessoas e a desenvolver mais tecnologia. Acreditamos que quando a indústria se move começa a levar renda e outros benefícios para o local e a vida das pessoas muda, porque qualifica o trabalho e todos os mercados ganham”, afirmou o presidente da Stellantis para América do Sul, Antonio Filosa, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (6).
Com vocação natural ao mercado sucroenergético, Pernambuco também é estratégico para o que Filosa chama de “a nova disciplina” da Stellantis: “eletrificação com etanol”. Segundo o presidente, equipes de engenharia da companhia já estão trabalhando regionalmente no desenvolvimento desses propulsores híbridos, que deverão compor os veículos da empresa nos próximos anos.
Dessa forma, a Stellantis aposta em carros menos poluentes desde a fabricação ao uso sem o encarecimento de 50% no valor de venda dos 100% elétricos como está acontecendo em países da Europa, “premiando o consumidor brasileiro com produtos mais competitivos”.
“Nessa caminhada da descarbonização se confirmará que o Brasil é o pulmão do mundo. Entre os grandes mercados é o país que menos polui, graças a sua matriz energética limpa que utiliza água, luz solar, vento e muito pouco de térmicas. O Brasil tem soluções simples – o etanol é uma delas – enraizadas na cultura econômica, o que precisamos é estudar, lançar produtos e ampliar a planta”, disse Filosa.
Visão de futuro
A despeito da crise agravada pela guerra entre Rússia e Ucrânia e pelos novos surtos de covid-19 na China, a Stellantis manteve uma estratégia agressiva no mercado com sete lançamentos de janeiro a junho deste ano. Além dos Jeep Renegade com novo motor T270 e do Jeep Compass 4XE, a montadora entregou o RAM 3500, os Peugeot Partner Rapid e 208 com motor 1.0 firefly e o Fiats Scudo e e-scudo.
Até dezembro, devem chegar às concessionárias o novo Citroën C3, o Pulse Abarth, o Jeep Gladiator e o Fiat Fastback. Este último na linha SUV Coupe.
Somando os projetos até 2025, a Stellantis espera lançar 16 modelos, fazer 28 reestilizações e colocar no mercado sete veículos elétricos ou híbridos. Sendo a maior parte dessas novidades, os carros do tipo SUV (34%) e pickups (25%).
“A crise de oferta no mercado é que nem todas as montadoras têm acesso adequado aos componentes. Claro que há uma oferta represada e existem ciclos econômicos que precisamos observar. Acredito que o próximo semestre será melhor com volume [de produção e vendas] parecido com o ano passado, pois não haverá deterioração. E também acredito que no começo do próximo ano teremos queda da inflação e dos juros”, apostou Filosa.
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