Em meio à maior crise na história do setor no Brasil, a argentina Pan American Energy inaugurou nesta quarta-feira (3) seu primeiro complexo eólico no país. Localizado na Chapada Diamantina, o empreendimento recebeu investimentos de R$ 3 bilhões. O projeto contempla 94 aerogeradores, distribuídos em 10 parques, com capacidade total de 423 MW, suficiente para abastecer cerca de 1 milhão de residências.
O CEO Marcos Bulgheroni, que participou da cerimônia em Boninal (a 580 km de Salvador), afirmou que a Pan American Energy “busca ser protagonista do processo de transição energética na região [América Latina] e o lançamento deste complexo eólico significa um passo concreto nessa direção”.
“Da mesma forma, na Argentina, continuaremos a crescer na produção de gás natural, um combustível que pode desempenhar papel fundamental no desenvolvimento econômico da região [América Latina] e acompanhar as diferentes economias do mundo nos seus processos de descarbonização devido às baixas emissões”, acrescentou.
Já o diretor-geral da Pan American Energy no Brasil, Alejandro Catalano, destacou que os planos de integrar o complexo eólico a um parque solar com 400 MW estão mantidos e para o curto prazo. A meta é atingir uma capacidade total de 800 MW.
Pan American Energy ignora crise
Os executivos da Pan American Energy não comentaram a situação atual do setor eólico no Brasil, que vem sendo afetado pela expansão acelerada da geração solar distribuída e pela superoferta de energia no mercado nacional.
Pelo contrário, reforçaram a aposta no país. “Nós viemos para ficar”, disse Alejandro Catalano.
Segundo o executivo, a PAE encontrou na Chapada Diamantina condições bastante competitivas. “Este é o nosso primeiro projeto de muitos no Brasil”, frisou.
Pan American Energy encara crise com otimismo
O otimismo da Pan American Energy contrasta com uma crise em que a parte mais perceptível é a paralisação na produção das indústrias de equipamentos para geração a partir dos ventos. Boa parte dessas plantas está situada no Nordeste, região que também lidera a geração eólica no país.
O segmento está sem novas encomendas de aerogeradores, pás, torres e outros componentes desde o segundo semestre de 2022. Entre 2023 e 2024, as demissões na área chegam a 2,5 mil.
A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Guannoum, defende que esse cenário não impacta geradoras que tiveram os contratos de venda de energia firmados antes da crise, como a PAE. “Esses contratos estão mantidos”, defende.
Segundo a executiva, o momento desfavorável do mercado energético tem efeito apenas sobre novas intenções de investimento em geração, a partir de 2022, o que justifica a falta de encomendas nas fábricas de insumos, nos últimos dois anos.
Elbia Guannoum também comemorou a ativação do projeto da PAE. “Este complexo da Pan American Energy reforça o cenário que vemos hoje no Brasil: um país crescer e ver seu PIB regional aumentar por meio de energia renovável”, ressaltou.
Complexo da Pan American Energy ocupa 2,7 mil hectares
O Complexo Eólico Novo Horizonte ocupa uma área total de 2,7 mil hectares, em seis municípios da Chapada Diamantina: Novo Horizonte, Boninal, Ibitiara, Piatã, Oliveira dos Brejinhos e Brotas de Macaúbas.
O empreendimento impulsiona ainda mais a geração eólica na região, num momento de investimentos bilionários do setor na chapada.
Além dos parques geradores, o projeto da PAE inclui uma nova subestação própria de energia elétrica, 80 quilômetros de linhas de alta tensão e uma subestação pré-existente na região e que foi ampliada. Essa unidade é responsável pela conexão do complexo com o Sistema Interligado Nacional (SIN).
Também fazem parte do empreendimento 75 quilômetros de estradas construídas pela geradora.
Durante as obras, foram gerados 3.200 empregos, com prioridade para a mão de obra local.
Projeto da Pan American Energy integra o PAC
Esse complexo da Pan American Energy é um empreendimento privado que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e recebeu financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Nordeste (BNB).
O evento de início das operações teve a participação do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, e do governador Jerônimo Rodrigues.
De acordo com o ministro, “essa obra beneficia uma área extensa da Chapada Diamantina. Além disso, vai alavancar 30 programas socioambientais nos próximos dois anos, impactando 52 comunidades”.
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