Comércio internacional despenca 20,5% na BA

Instabilidade no mercado global do petróleo e crise na Argentina seguem impactando o comércio internacional baiano, com reflexos drásticos na indústria de transformação
Refino é um dos setores com pior desempenho no comércio internacional da Bahia
Na Bahia, indústria de transformação, especialmente o refino, vem puxando o resultado do comércio internacional para baixo/Foto: André Valentim (Divulgação)

O comércio internacional da Bahia, depois de dois meses seguidos de crescimento, voltou a cair em fevereiro. As exportações do estado despencaram 20,5% no comparativo com o mesmo período de 2023, evidenciando que a recuperação ensaiada em dezembro passado (6,8%) e janeiro deste ano (14%) ainda não é uma inflexão no desempenho negativo que a economia baiana apresentou como tendência, ano passado, no valor dos embarques.

Em 2023, as empresas instaladas na Bahia chegaram a registrar nove meses consecutivos (abril a novembro) de queda na receita de vendas externas.

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Já em fevereiro de 2024, o valor das exportações alcançou US$ 636,3 milhões, segundo informações divulgadas pelo Governo da Bahia, por meio da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI) .

De acordo com a análise da institutição, no mês analisado, houve uma aumento dos preços médios dos produtos exportados pelo estado (27,2%), que não foi o suficiente para compensar a retração de 37,5% registrada no volume enviado para o mercado internacional.

Indústria tem maior queda no comércio internacional

A indústria de transformação foi o principal setor responsável por puxar o comércio internacional da Bahia para baixo, em fevereiro. Houve queda de 53,2% na receita. Os segmentos que mais contribuíram para essa performance foram derivados de petróleo (-87,3%), metalurgia (-49,1%), químico/petroquímico (47,2%) e papel e celulose (15,6%).

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Agro segue em alta no comércio internacional

O agro, que vem evitando uma situação ainda mais dramática da Bahia no comércio internacional, salvou o estado mais uma vez de uma retração ainda mais profunda, em fevereiro.

As exportações do setor cresceram 63,4%, com destaque para a soja, algodão, café, frutas e fumo.

Embora não tenha o mesmo peso da agronegócio na balança comercial baiana, a indústria extrativa também deu uma ajuda importante para amortecer a queda na indústria de transformação. Houve aumento de 200%, relacionado principalmente à receita dos embarques de minério de cobre, níquel e magnesita.

Indústria de transformação preocupa

A área técnica da SEI reforça que o desempenho negativo na indústria de transformação é preocupante, pois “supera os ganhos dos demais setores”. A situação mais crítica, frisa a superintendência, vem sendo verificada na área de refino de petróleo.

“Desde o segundo trimestre do ano passado, o segmento não vem exportando grandes volumes de derivados, por conta da estagnação dos preços do petróleo no mercado internacional”, avalia o órgão.

País problema no comércio internacional: Argentina é 3º lugar entre os destinos das exportações baianas
Argentina, 3º lugar entre os destinos das exportações baianas, é um dos maiores problemas do estado no comércio internacional/Foto: Ciatrip (Site)

Argentina é o maior problema entre os destinos

Quanto aos países que estão entre os principais destinos dos embarques da Bahia, a Argentina continua sendo o maior problema. No primeiro bimestre do ano, as vendas para a nação vizinha – 3º mercado mais importante para as exportações baianas – despencaram 43,2%. Ou seja, ficaram reduzidas quase à metade.

A China, por sua vez, permanece no primeiro lugar no ranking de países que importam das empresas baianas. Houve crescimento de 125% no comparativo do acumulado janeiro/fevereiro de 2024 com o mesmo período de 2023. O gigante asiático tem atualmente 28% de participação nas exportações da Bahia.

Exportações sem previsão de melhora

Em relação à expectativa das exportações da Bahia no restante do ano, o coordenador de Acompanhamento Conjuntural da SEI, Arthur Cruz, afirma, que, no cenário atual, não há previsão de melhoria.

“Não temos indicativos nesta direção, embora haja uma previsão de leve recuperação do setor industrial nacional, devido à base de comparação baixa de 2023 e ao NIB [programa federal de estímulo à reindustrialização do país]”, detalha.

Ele acrescenta que “o núcleo da pauta de exportações da área fabril baiana é formado por refino, petroquímica, metalurgia e celulose e não há sinalização de crescimento da demanda ou melhoria dos preços internacionais nesses segmentos”, acrescenta.

Na visão do economista, outro fator que aponta para uma manutenção do quadro atual das vendas da Bahia no comércio internacional é a Argentina, parceiro estratégico do estado. “O país não está num processo de recuperação e sim de contração econômica”, assinala.

Importações também recuam

Da mesma forma que as vendas externas, as importações da Bahia também diminuíram em fevereiro, quando totalizaram US$ 621,1 milhões, recuo de 14,5% ante o mesmo mês do ano passado.

A indústria de transformação – cuja produção decresceu 1,8% no ano passado na Bahia – também está por trás dessa queda. Isso aumenta ainda mais a apreensão com a área fabril, pois a redução das compras de matérias-primas no mercado externo reflete o baixo dinamismo do segmento. É o que acontece de forma notória, por exemplo, no refino, cujas importações de petróleo cru caíram 28,5%.

Na contramão dessa tendência, se destacam os segmentos de geração de energia e construção civil, graças às importações de bens de capital (no caso dos parques solares e eólicos) e barras de ferro (pelas construtoras).

Comércio internacional teve crescimento discreto na Bahia (1,4%) no 1º bimestre de 2024
No bimestre, comércio internacional da Bahia foi salvo pelo resultado de janeiro, se não estaria no negativo devido à queda de dois dígitos em fevereiro/Foto: Ascom-SEI

Desempenho é positivo no 1º bimestre

No 1º bimestre deste ano, graças ao resultado de janeiro, as exportações baianas atingiram US$ 1,55 bilhão, crescimento de 1,4% no comparativo com o mesmo período de 2023. As importações somaram US$ 1,30 bilhão, queda de 23,6%.

Com isso, o saldo da balança comercial do estado atingiu US$ 252 milhões, contra um déficit de US$ 172 milhões no acumulado de janeiro e fevereiro do ano passado. Por sua vez, a corrente de comércio (soma de exportações e importações) totalizou US$ 2,85 bilhões, retração de 11,8%.

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