O GNL avança no Nordeste como alternativa para a expansão do gás natural em regiões onde a construção de gasodutos se mostrava inviável técnica e financeiramente. A distribuidoras Bahiagás, por exemplo, vai investir R$ 70 milhões em dois projetos, voltados para os municípios de Vitória da Conquista e Juazeiro. Em Pernambuco, a Copergás anunciou recentemente iniciativa semelhante, orçada em R$ 6 milhões, para a mudança da matriz energética do Polo Gesseiro do Araripe, a 600 km do Recife.
Nesse modelo, o gás natural é transportado liquefeito – por meio de caminhões-contêineres refrigerados – até as cidades de destino. Na forma líquida, o combustível tem seu volume reduzido em 600 vezes. Nos municípios beneficiados, o GN passa por plantas de regaseificação. A partir dessas unidades, o produto é distribuído por redes tradicionais de gasodutos até os clientes finais.
GNL contribui para interiorização da Bahiagás
Na Bahiagás (sociedade entre governo do estado, Mitsui e Energia do Brasil), o presidente Luiz Gavazza frisa a contribuição dessa alternativa para a interiorização do gás natural, permitindo o atendimento de Vitória da Conquista, localizada a 519 km de Salvador, e Juazeiro (a 508 km da capital baiana).
Segundo o executivo, a Bahiagás tem atualmente 10 unidades de regaseificação de GNL em sua rede, fundamentais para a expansão do combustível no estado. Ele explica que o transporte do gás natural liquefeito até essas plantas é feito por meio de um contrato com as distribuidoras de combustíveis Petrobahia e GNLink.
Atualmente, a Bahiagás está presente em 22 municípios, atingindo 55% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial baiano. A meta da empresa para os próximos seis anos é alcançar 68 cidades – atingindo 78% do PIB industrial do Estado – e o GNL é essencial para a obtenção desse resultado.
Gás vai impulsionar polos do interior baiano
Em Vitória – ressalta o presidente – o objetivo do projeto de GNL é atender à Zona Industrial do município, um dos mais importantes centros da economia estadual no interior. A previsão é de que o empreendimento – orçado em R$ 58 milhões – seja iniciado no começo do segundo semestre e a entrada em operação da primeira etapa ocorra já em dezembro de 2024.
Nessa fase, serão implementados 3 quilômetros de dutos entre a estação local de transferência de gás de custódia (planta de regaseificação) e o distrito industrial.
Quanto ao volume de gás natural a ser entregue, na ponta do consumo, a expectativa é de 7,3 mil m³/dia no médio prazo, com expectativa de evolução para 20 mil m³/dia.
Em Juazeiro (Vale do São Francisco), um dos polos agroindustriais mais importantes do Nordeste, a projeção inicial contempla 7 mil m³/dia, podendo chegar a 15 mil m³/dia. Os investimentos programados são de R$ 12 milhões. Serão beneficiados, além das empresas desse segmento, os postos de gás natural veicular (GNV).
Governo vê avanço do desenvolvimento sustentável
O protocolo de intenções dos dois empreendimentos foi assinado recentemente pela Bahiagás e o titular da SDE-BA, Angelo Almeida. O secretário destaca a estratégia do uso do GNL para viabilizar a expansão do gás natural como “um passo significativo na promoção do desenvolvimento econômico e sustentável do estado”.
“A disponibilidade de gás natural atrai investimentos, impulsiona a economia local e ajuda no esforço para a redução das emissões de dióxido de carbono [CO2], em linha com as diretrizes do Governo da Bahia para o combate as mudanças climáticas”, acrescenta.
Copergás implanta terceiro projeto de GNL
Em Pernambuco, a Copergás anunciou, no início deste mês, a adoção do GNL para suprimento do Polo Gesseiro do Araripe, responsável por 80% da produção de gipsita e gesso do país.
O cluster – negligenciado ao longo de várias gestões da Copergás – enfrentava um gargalo energético e ambiental há décadas, já tinha tentado várias alternativas para a solução do problema e acabou contribuindo para a destruição do bioma da caatinga, ao utilizar lenha de espécies nativas.
O drama, com pedidos de socorro recorrentes do setor ao governo do estado, finalmente vai chegar ao fim. O projeto piloto de GNL para a região vai começar a ser testado em abril próximo.
o presidente da companhia, Felipe Valença, detalha que as obras da planta de regaseificação e rede de gasodutos da empresa serão iniciadas no final de 2024, após a conclusão dos testes do projeto-piloto. O término da implantação está previsto para até junho de 2025.
“Estimamos que, já num primeiro momento, com a finalização do projeto, ao menos 30 empresas vão aderir ao gás natural, o que vai gerar um impacto econômico de R$ 20 milhões na economia da região por ano”, projeta o executivo.
O polo reúne, ao todo, 700 empresa, responsáveis pela geração de 15 mil empregos e com uma demanda de gás natural estimada em 320 mil m³/dia.
Além desse, a Copergás tem outros dois projetos de GNL, que foram os pioneiros no estado. Localizados em Petrolina e Garanhuns, os empreendimentos entraram em funcionamento em 2022, por meio de uma parceria com a norte-americana New Fortress, responsável pelo transporte do gás natural liquefeito.
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