Avança a negociação para uma parceria na área de biocombustíveis, na Bahia, entre a Petrobras e a Mubadala. Uma proposta formal neste sentido já foi enviada pelo fundo árabe, segundo comunicado ao mercado divulgado pela petrolífera. A planta que seria resultado dessa associação é orçada em R$ 12 bilhões.
A informação sobre a correspondência da Mubadala, divulgada em dezembro passado, foi reforçada agora pela Petrobras, na sequência ao anúncio, no X, da volta da companhia brasileira às operações da Refinaria de Mataripe, adquirida pela empresa de Abu Dhabi em 2021. O post foi publicado pelo presidente Jean Paul Prates nesta terça-feira (13).
“A Petrobras informa que recebeu comunicação da Mubadala Capital propondo a formalização de discussões recentes sobre a formação de potencial parceria estratégica para o desenvolvimento do downstream no Brasil, em continuidade ao memorando de entendimentos divulgado em 4 de setembro de 2023″, diz o comunicado.
“A iniciativa tem como escopo negócios voltados ao refino tradicional, bem como o desenvolvimento de uma biorrefinaria, ambas no Estado da Bahia”, acrescenta o documento.
Segundo a Petrobras, “o objetivo da futura parceria é fortalecer o ambiente de negócios no setor e ao incremento do fornecimento de combustíveis de matriz renovável em nosso país”. “O modelo de negócio a ser analisado levará em consideração investimentos futuros e desenvolvimento de novas tecnologias em conjunto com a Mubadala Capital”, detalha a companhia.
Biocombustíveis: Mubadala apresenta condições
De acordo com a Petrobras, na proposta enviada, a Mubadala Capital – que por meio da Acelen controla a Refinaria de Mataripe (RefMat) e a Acelen Energia Renovável S.A. – “indica os principais termos e condições da eventual parceria”.
A Petrobras informa que “vai avaliar a aquisição de participação acionária nestes ativos”. A proposta ainda será objeto de avaliação interna.
“A companhia também esclarece que eventuais decisões de investimentos deverão, dentro da governança estabelecida na Petrobras, passar pelos processos de planejamento e aprovação previstos nas sistemáticas aplicáveis, tendo sua viabilidade técnica e econômica demonstrada e em linha com seu Plano Estratégico 2024-2028+”, detalha o posicionamento.
O que está em jogo na área de biocombustíveis?
A eventual associação entre a Petrobras e a Mubadala na área de biocombustíveis tem como objeto uma biorrefinaria com capacidade para 20 mil barris/dia (1 bilhão de litros por ano).
A planta será voltada para diesel renovável e combustível sustentável de aviação (SAF), a partir de óleo de soja (na fase inicial) e, numa segunda etapa, macaúba e dendê. A ideia é integrar o empreendimento a projetos agroindustriais na Bahia e Minas Gerais.
Em abril do ano passado, a Acelen Energia Renovável S.A. assinou um memorando de entendimento com o Governo da Bahia para a construção desse novo negócio no estado. Segundo o cronograma divulgado, as obras da unidade começariam já no início de 2024, com entrada em operação da primeira fase da refinaria em 2026.
No post em que informou o avanço das articulações com a Mubadala em relação à Refinaria de Mataripe, Jean Paul Prates sinalizou para uma acordo que também contemplaria a biorefinaria.
“Temos trabalhando há meses para construir uma parceria que visa recuperar a operação da Refinaria Landulpho Alves – Mataripe (RLAM), na Bahia, ao mesmo tempo em que ampliaremos e aprimoraremos juntos o empreendimento de biocombustíveis do grupo no Brasil”, disse o executivo.
Entenda negociação da Petrobras com a Mubadala
A Petrobras quer retomar as operações da Refinaria de Mataripe ainda este ano. Segundo Jean Paul Prates, em sua publicação no X, as negociações neste sentido já duram meses e serão aceleradas no pós-carnaval. A expectativa do executivo é de concluir os termos da recompra até o final deste semestre. Cumprido esse calendário, a petroleira reassumiria a unidade até o final deste ano.
A privatização, realizada em novembro de 2021, no Governo Bolsonaro, está na mira, por subfaturamento, do Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria Geral da União (CGU) e de uma investigação administrativa da Petrobras.
O valor da transação, US$ 1,6 bilhão, ficou abaixo das estimativas feitas, no mesmo ano, pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (US$ 3 bilhões), XP (US$ 3,5 bilhões) e BTG Pactual (US$ 2,5 bilhões).
A planta foi adquirida pela Acelen, braço no setor de energia do fundo Mubadala Capital, que integra a Mubadala Investment Company (Emirados Árabes Unidos). A companhia pertence à família real de Abu Dhabi, a mesma que presenteou o ex-presidente Jair Bolsonaro e a então primeira dama Michelle com estojos de joias.
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