Após anos de espera, 684 famílias vão receber apartamentos construídos em habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano. O Residencial Vida Nova Sacramento tem 244 unidades habitacionais, com um investimento de R$ 14,6 milhões, e o Residencial Vida Nova Santo Amaro I é composto por 440 apartamentos, com investimento de R$ 26,4 milhões.
No entanto, os prédios praticamente acabados não foram ocupados e, com isso, os apartamentos se deterioraram e sofreram até com furtos de instalações elétricas e peças de acabamento. Foram necessárias reformas para que eles possam ser entregues nesta terça-feira (14).
Com o companheiro Emídio Barbosa, a dona de casa Sandra Cristina dos Santos, de 48 anos, também visitou o apartamento enquanto o condomínio passava pela última vistoria e limpeza antes de ser entregue aos novos moradores. “Mais de dez anos que estou esperando. Agradeço a Deus por ter saído”, afirma.
Sandra diz que está endividada pelo empréstimo consignado oferecido a partir do Auxílio Brasil, no ano passado, e que vai se mudar com a mobília antiga mesmo. “Eu não tenho muitos móveis, mas tenho umas besterinhas. Os meus bagulhos vou trazer”. O filho Emanuel, de 13 anos, está empolgado com a infraestrutura de lazer oferecida no local. “Meu filho ficou alegre por causa das quadras, ele gosta bastante de futebol. O sonho dele é ser jogador”, conta.
Conclusão das unidades habitacionais
O Ministério das Cidades informou que fez uma série de esforços nos últimos 30 dias para garantir que as obras paralisadas do Minha Casa, Minha Vida fossem entregues. A pilha de processos que chegou no último mês à mesa da coordenadora de Habitação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de Santo Amaro, Maria da Purificação Ribeiro, confirma isso. Ela conta que esperou, durante todo o ano passado, que os processos fossem enviados pela Caixa Econômica Federal e agora tem que se desdobrar para dar conta da demanda.
Os imóveis destinados à Faixa 1, com renda de até R$ 2,6 mil, atendem, de acordo com ela, a muitas famílias em grande vulnerabilidade. Ribeiro explica que nas áreas rurais do município muitas pessoas vivem em casas de taipa, sem acesso a saneamento ou em áreas de risco. A pasta não conta com dados precisos sobre as necessidades de moradia no município. Porém, só na enchente de 2015, chegaram a ficar desalojadas 757 famílias, o que dá uma dimensão de quantas pessoas vivem em situação precária.
Como parte das exigências do Minha Casa, Minha Vida, a secretaria vai apoiar os novos moradores na organização coletiva necessária para gerir os espaços de uso comum. “Nós vamos orientá-los a se organizar como condomínio. Existem praças, parques e quiosques que são de uso comum. Então, a gente vai orientar como vão usar para preservar aquele lugar”, diz.
Além disso, como as experiências das famílias são muito diferentes, Ribeiro destaca que é preciso trazer também orientações de como lidar com o novo patrimônio. “Fazer com que as pessoas desenvolvam o sentimento de pertencimento, que aquela casa é sua. Porque muitas famílias nunca tiveram um lugar. Saíam de um lugar para o outro. Nunca souberam o que é um banheiro, coleta de lixo”, acrescenta.