
O sistema metroferroviário operado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Maceió está sendo avaliado em estudo para concessão à iniciativa privada. Os estudos são conduzidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e fazem parte de um projeto nacional da Casa Civil que visa modernizar e ampliar os sistemas de transporte público de média e alta capacidades em várias capitais brasileiras.
Segundo explicou o BNDES ao Movimento Econômico, o Banco, na qualidade de gestor do Fundo Nacional de Desestatização (FND), está conduzindo os estudos técnicos, que envolvem a análise dos investimentos necessários para aprimorar o sistema operado pela CBTU na capital alagoana. Ainda não há definição sobre o modelo que será adotado, mas o objetivo é estruturar soluções sustentáveis, com ganhos operacionais, financeiros e de qualidade do serviço prestado à população.
Nos últimos anos, a mobilidade urbana em Maceió foi comprometida por fatores como a limitação de opções no transporte público, aumento da frota de veículos e expansão urbana acelerada pela desocupação de bairros afetados pela mineração. O trajeto do VLT operado pela CBTU, que liga Maceió a Rio Largo, também foi afetado pelo afundamento do solo nos bairros por onde a linha passa.
Segundo a Casa Civil, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), ao qual a desestatização da CBTU está incluído, pretende ampliar e fortalecer a interação entre o governo federal e a iniciativa privada por meio da celebração de contratos de parceria e de outras medidas de desestatização. O projeto de PPI para a CBTU engloba as praças de Maceió, João Pessoa e Natal, e está em fase inicial de estudos. A proposta ainda deverá passar pelas etapas de consulta pública, acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), publicação de edital e, por fim, realização de leilão.
Estudo propõe expansão do BRT
Paralelamente à possível concessão da CBTU, Maceió e região metropolitana integram o Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU), coordenado pelo BNDES em parceria com o Ministério das Cidades. A iniciativa abrange 21 regiões metropolitanas com população superior a um milhão de habitantes e pretende identificar os principais gargalos, propor soluções técnicas e viabilizar parcerias para transformar a infraestrutura de transporte público no país.
Segundo informações do BNDES, em Maceió, o estudo analisa a demanda em eixos estruturantes para formulação de uma proposta de rede futura. Entre os projetos em avaliação estão a ampliação do sistema BRT até o município de Rio Largo e a criação de novos corredores nas avenidas Menino Marcelo, Josefa de Melo e Gustavo Paiva, que ficam em Maceió. Os resultados preliminares dessas análises, segundo o BNDES, serão apresentados, em breve, aos gestores do estado e dos municípios da região envolvida.

O estudo também contribuirá para a formação de uma carteira nacional de projetos de concessões e parcerias público-privadas (PPPs), com previsão de divulgação até o final de 2025. A expectativa é que essas iniciativas integrem o Novo PAC e sirvam como base para uma estratégia nacional de mobilidade urbana, com horizonte de planejamento de 30 anos.
BRT de Maceió já previsão de obras
Enquanto o estudo nacional avança, a Prefeitura de Maceió já anunciou um projeto próprio de renovação do sistema de transporte público, que inclui a implantação do BRT em avenidas estruturais da cidade. Com previsão de investimento de R$ 1,8 bilhão, o plano contempla a construção do corredor exclusivo, aquisição de novos ônibus, criação de abrigos e melhorias para comportar o novo modelo de operação.
O BRT funcionará na faixa da direita das avenidas Lourival de Melo Mota, Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima. Nesses trechos serão instaladas 23 estações de embarque e desembarque, com expectativa de beneficiar 600 mil pessoas. Também está prevista a construção de um terminal de passageiros no bairro Eustáquio Gomes, que fará a integração com outras linhas da cidade.
A nova frota contará com 310 ônibus, sendo 172 destinados ao sistema BRT, todos do tipo Padron e equipados com ar-condicionado. Os demais 138 veículos reforçarão a rede convencional. Além disso, a prefeitura pretende instalar 646 novos abrigos de passageiros em diferentes pontos do município. Segundo a DMTT, as obras devem começar no segundo semestre de 2025 e durar cerca de três anos, com previsão de entrada em operação logo após a conclusão.
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