
Cinco municípios do Sertão de Alagoas serão beneficiados por uma nova etapa de um projeto realizado pela Beeva Brazil, empresa alagoana que tem investido no fortalecimento da apicultura como alternativa de desenvolvimento socioeconômico e ambiental na região. Ao longo de um ano, jovens entre 18 e 25 anos e produtores serão capacitados para desenvolver a apicultura na região.
Segundo o presidente do Instituto Beeva, Geraldo Gomes de Barros Neto, o projeto Polinizando o Sertão está na sua segunda edição e recebeu aporte financeiro de R$ 500 mil, oriundos de emendas parlamentares para desenvolver as ações de capacitação. Os recursos serão aplicados nos municípios de Delmiro Gouveia, Pariconha, Água Branca, São José da Tapera e Pão de Açúcar, com a meta de formar 40 apicultores, sendo metade composta por jovens. Além das capacitações, o projeto prevê assistência técnica continuada, entrega de kits de produção e a realização de duas oficinas abertas ao público, com capacidade para 100 pessoas.
Geraldo explica que o objetivo é oferecer formação profissional e oportunidades de inserção produtiva. “A ideia é apresentar a apicultura como meio de transformar a realidade desses jovens, retirando-os da vulnerabilidade social e oferecendo uma profissão com acompanhamento técnico e direcionamento adequado, além de capacitar produtores locais que serão selecionados para terem uma qualificação e melhorarem o manejo em suas culturas”, afirmou.
Continuidade e expansão da apicultura no Sertão
O Polinizando o Sertão 2 é a continuidade de um trabalho iniciado em 2021, que já havia capacitado outros 40 produtores locais, com apoio de uma emenda parlamentar de R$ 400 mil. A nova etapa amplia a atuação do Instituto Beeva com foco em jovens e mulheres do semiárido alagoano.
Geraldo Barros disse que a iniciativa busca consolidar a apicultura como uma atividade economicamente viável e ambientalmente sustentável. A expectativa é aumentar a produção orgânica de mel e própolis, agregando valor ao produto final, gerando renda para as famílias e fortalecendo a agricultura familiar.

Apicultura como ferramenta de desenvolvimento sustentável
Segundo dados do Censo 2022 do IBGE, os municípios que serão atendidos apresentam baixos índices de desenvolvimento e pouca inserção no mercado formal de trabalho. Ao incentivar a apicultura, o projeto contribui para a inclusão produtiva e a valorização da biodiversidade da Caatinga.
O Instituto Beeva é o braço social da Beeva, empresa alagoana que iniciou suas operações em 2020 a partir da união de três empresários que apostaram na apicultura como vetor de transformação para o sertão. Com sede em Marechal Deodoro, a Beeva integra indústria e instituição social, aliando inovação e sustentabilidade.
A estrutura da empresa foi projetada com base em conceitos como design biofílico e Net Zero, reforçando seu compromisso ambiental. Hoje, os produtos da empresa alagoana ganharam o mundo e são encontrados em prateleiras na China e Portugal, por exemplo.
“A Beeva acredita no potencial da Caatinga e no poder transformador da apicultura. Nosso papel é dar suporte aos produtores para que eles possam crescer de forma sustentável, com técnica, apoio e mercado”, destacou Barros Neto.
O projeto Polinizando o Sertão reforça o papel da apicultura como alternativa econômica e ambiental para o semiárido alagoano, estimulando o protagonismo local e a formação de uma nova geração de apicultores.

Alagoas se destaca na produção de mel e própolis
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2023, Alagoas produziu 515.190 quilos de mel, sendo o município de União dos Palmares o maior produtor do estado. A cadeia produtiva do mel avança não só no Sertão, mas também no litoral, com destaque para a produção de própolis.
A comunidade da Palatéia, no município de Barra de São Miguel, é um dos polos da produção de própolis vermelha no estado. O Instituto Beeva, em parceria com o Sebrae Alagoas e a Usina Caeté, realizam um projeto na comunidade um projeto voltado para agricultores familiares e produtores rurais, que busca melhorar a qualidade de vida da comunidade e, ao mesmo tempo, apoiar a conservação dos biomas locais, com destaque para a Caatinga e a Mata Atlântica.
“Esse projeto é um marco para a apicultura em Alagoas e reforça nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e a valorização das comunidades locais. A parceria com o Sebrae Alagoas e a Usina Caeté nos permite enfrentar os desafios estruturais da apicultura no povoado da Palatéia, levando capacitação técnica que vai transformar a realidade dos apicultores da região. Nosso objetivo é que essa atividade gere renda e, ao mesmo tempo, contribua para a preservação da biodiversidade e o fortalecimento da cadeia produtiva local”, disse Geraldo Gomes.
A presença de manguezais ao longo do litoral, de Maragogi a Coruripe, favorece a coleta de resinas utilizadas na produção da própolis vermelha. Alagoas também tem registrado produção de própolis verde, a partir da planta Baccharis, e própolis da jurema preta.
A própolis vermelha alagoana é reconhecida por sua composição única, rica em isoflavonóides como formononetina, medicarpina, vestitol e isoliquiritigenina — elementos que não foram encontrados simultaneamente em nenhum outro tipo de própolis no mundo. Essas substâncias são associadas a propriedades antimicrobianas, antioxidantes e anticâncer, além de benefícios à saúde como prevenção de doenças cardiovasculares, controle do colesterol, prevenção da osteoporose e alívio dos sintomas da menopausa.
Segundo estudo do Banco do Nordeste, há apenas três empresas no Nordeste certificadas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) com reconhecimento internacional que garante a origem de seus produtos. Uma delas está localizada em Alagoas: a empresa Fernão Velho, que atua há mais de 17 anos no mercado e possui uma cartela extensa de produtos derivados do mel.
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