Em 2022, 85% das empresas aumentaram seus investimentos em sustentabilidade 

A pesquisa da Deloitte revela que, apesar dos avanços , as empresas esbarram ainda em dificuldades para implementar medidas duráveis de sustentabilidade.
crédito de carbono
Preocupação com as mudanças climáticas pôde ser percebida também nos investimentos em sustentabilidade/Foto: Pixabay

Pesquisa da Deloitte provocou líderes empresariais a classificar os desafios mais urgentes para as suas organizações. Muitos apontaram as mudanças climáticas como um dos três principais desafios, à frente de outros sete, incluindo inovação, competição por talentos e rupturas da cadeia de suprimentos. Os executivos brasileiros classificaram as mudanças climáticas em primeiro lugar, em taxa significativamente maior que a média global (59% e 42%, respectivamente).  

O estudo “CxO Sustainability Report 2023” foi desenvolvido em 24 países, incluindo o Brasil, e contou com a participação de 2 mil CXOs (Chief Experience Officers — executivos do alto escalão responsáveis pela experiência geral do cliente).  

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Quando perguntados sobre as questões mais urgentes a serem endereçadas durante o próximo ano, os executivos brasileiros apontaram, depois das mudanças climáticas: inovação (40% Brasil e 36% global); graves crises sociais, como insegurança alimentar e desigualdade (39% e 24%, respectivamente); conflitos geopolíticos globais (37% e 31%); perspectivas econômicas (36% e 44%) e outros desafios relacionados a talentos, como saúde mental e ativismo de funcionários (28% e 25%). 

A preocupação com as mudanças climáticas pôde ser percebida também nos investimentos em sustentabilidade: 85% das empresas aumentaram seus investimentos em sustentabilidade no ano passado (em comparação com 75% da média global). Apenas 12% das companhias brasileiras mantiveram o mesmo nível de investimentos; 3% reduziram. 

“Grande parte dos líderes empresariais do Brasil e do mundo já entendeu que os próximos anos serão determinantes para que alcancemos uma virada climática, garantindo prosperidade aos negócios e à economia como um todo. A pesquisa revela que, apesar dos avanços percebidos no último ano, principalmente no âmbito de investimentos, as empresas esbarram ainda em dificuldades para implementar medidas duráveis e rentáveis e para mensurar os resultados tangíveis desses esforços. Isto reforça a necessidade de olharmos para o assunto de forma multidisciplinar e sistêmica, conectando diferentes conhecimentos e stakeholders. A solução não é simples, mas possível e necessária”, destaca Anselmo Bonservizzi, líder das práticas de ESG e Risk Advisory da Deloitte. 

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Otimistas em certa medida 

Mais da metade (53%) dos CxOs brasileiros diz que as mudanças climáticas impactarão as estratégias e operações de seus negócios em um grau alto ou muito alto nos próximos três anos. Quase todos os entrevistados indicaram que os efeitos das mudanças climáticas impactaram negativamente suas organizações no ano passado. As organizações brasileiras são mais propensas do que a média global a sentir os seguintes efeitos negativos das mudanças climáticas: mudanças nos padrões de consumo (47% Brasil ante 45% Global), regulamentação de emissões (45% e 43%), incerteza regulatória/política (44% e 42%), custo da mitigação das mudanças climáticas (43% e 40%), impacto operacional de desastres/eventos climáticos (43% e 41%) e pressão da sociedade civil (43% e 38%). 

A ampla maioria (89%) dos CxOs brasileiros está de certa forma e/ou extremamente otimista de que o mundo tomará medidas suficientes para evitar os piores impactos das mudanças climáticas; na média global, esse número cai para 78%. Apesar desse otimismo, 69% dos executivos brasileiros dizem que se preocupam com as mudanças climáticas o tempo todo ou na maior parte do tempo. Os CxOs brasileiros (91%) também estão otimistas (mais do que a média global de 84%) de que o mundo pode alcançar o crescimento econômico global ao mesmo tempo em que atinge as metas de mudança climática. A maioria (84%) dos CxOs brasileiros diz que foi pessoalmente afetada por eventos climáticos de alguma forma, como calor extremo, seca severa e incêndios florestais. 

Pressão de stakeholders 

Com taxas consistentemente mais altas do que a média global, os executivos do Brasil relatam sentir-se pressionados por vários grupos de stakeholders a tomar medidas sobre as mudanças climáticas: 74% dos executivos brasileiros dizem que reguladores/governo os estão pressionando para agir sobre as mudanças climáticas. Essa pressão parece estar gerando ação, já que 68% dos executivos brasileiros dizem que um ambiente regulatório em mudança foi a causa do aumento das ações de sustentabilidade em suas empresas no ano passado. Para 73% dos CxOs brasileiros, a pressão vem de clientes; outros stakeholders mencionados são: membros do Conselho de Administração (73%), investidores (71%), sociedade civil (71%), funcionários (63%), concorrentes (61%) e instituições financeiras (56%). A maioria dos CxOs brasileiros (63%) também diz que o ativismo dos funcionários aumentou as ações de sustentabilidade de suas organizações no ano passado. A média global é de 59%. 

Transição por sustentabildiade 

Os executivos brasileiros de alto escalão estão muito preocupados em garantir uma transição justa para uma economia verde: 67% relataram que isso é extremamente importante para os esforços de sustentabilidade de suas empresas, em comparação com 46% globalmente. O Brasil é o segundo país, dos 24 países participantes na avaliação, a classificar uma transição justa como extremamente importante, ficando atrás apenas da África do Sul. Depois do Brasil, vêm, na sequência: Emirados Árabes Unidos, China e Japão. De acordo com o estudo, uma transição justa procura assegurar que os benefícios substanciais da transição para uma economia verde sejam amplamente compartilhados, ao mesmo tempo em que apoia também aqueles que estão dispostos a perder economicamente – sejam países, regiões, indústrias, indústrias, comunidades, trabalhadores ou consumidores. 

As organizações brasileiras já adotaram diversas ações para ajudar a lidar com as mudanças climáticas. Quase dois terços (66%) estão usando materiais mais sustentáveis, enquanto 66% estão aumentando a eficiência do uso de energia; 63% dizem que estão treinando funcionários sobre ações e impactos das mudanças climáticas. Outras medidas adotadas foram: expandir uma posição existente (CFO, por exemplo) para incorporar liderança em iniciativas de sustentabilidade (63%) e desenvolver novos produtos ou serviços sustentáveis (61%). Todas essas taxas dos respondentes brasileiros estão acima da média global. 

Apesar das medidas adotadas, os respondentes elencaram algumas medidas que são mais difíceis de implementar, que representam desafios a eles, como a criação de produtos e serviços sustentáveis (61% Brasil X 49% Global); encontrar fornecedores e parceiros comerciais para atender a critérios de sustentabilidade (52% e 44%, respectivamente); incorporar considerações climáticas em lobby/doações políticas (44% e 32%); vincular a remuneração dos líderes seniores à performance de sustentabilidade ambiental (43% e 33%); e atualização/relocalização de instalações para torná-las mais resistentes aos impactos climáticos (40% e 43%). Os CxOs brasileiros (47%) estão mais confiantes do que a média global (29%) sobre a seriedade do setor privado para lidar com as mudanças climáticas; brasileiros (34%) também são mais otimistas que a média global (28%) em relação aos compromissos dos governos nesse sentido. 

Estratégia climática e obstáculos 

Os entrevistados brasileiros veem o reconhecimento e a reputação da marca (53%), a satisfação do cliente (51%) e a inovação em torno de ofertas e operações (50%) como os principais benefícios de seus atuais esforços de sustentabilidade. Outros benefícios citados foram: moral e bem-estar dos funcionários (45%) e o enfrentamento às mudanças climáticas (40%). Assim como a amostra global, no entanto, os CxOs brasileiros têm muito menos probabilidade de ver os benefícios financeiros mais tangíveis de seus esforços atuais em relação ao clima. Os executivos brasileiros citam o fornecimento insuficiente de insumos (26%), a dificuldade de medição de impacto ambiental (26%) e a falta de apoio político (25%) como suas principais barreiras para uma maior ação climática.

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