A rede pernambucana poderá captar cerca de R$ 850 milhões para abrir unidades próprias e realizar aquisições no país
Por Etiene Ramos
A rede de academias Selfit chegou à B3 para sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). O prospecto da oferta primária de ações foi protocolado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A expectativa é que o processo, coordenado pelo USB e o Bradesco BBI, seja concluído no primeiro trimestre de 2022.
Antes de levantar capital na bolsa ou seja, no pré-money, o valuation da Selfit está pouco acima de R$1 bilhão. Analistas do mercado acreditam que a rede poderá captar cerca de R$ 850 milhões. De acordo com o prospecto, desse valor, 70% devem ser aplicados no crescimento orgânico, com abertura de novas academias próprias, e 30% em aquisições de outras academias.
Capitalizada pelo IPO, a rede que hoje detém 73 unidades – quatro delas inauguradas neste mês de dezembro – poderá passar das 200. Segunda maior rede de academias do país, a Selfit vai continuar na vice-liderança, atrás da Smart Fit, que possui 300 unidades e, em meados deste ano, fez seu IPO.
A entrada em bolsa para ampliar o crescimento aparece como uma tendência no segmento, que foi nocauteado pelas restrições de funcionamento na pandemia, mas está voltando com força total. Na Europa e nos Estados Unidos, os números mostram crescimento acima do que ocorria antes da pandemia.
Expansão em curso
Apesar de ter estreado em Salvador, em 2012, a Selfit tem sede em Pernambuco, estado natal dos sócios fundadores, Nélson Lins e Leonardo Pereira, que está à frente dos negócios. Agora com 20 unidades em São Paulo, 11 na Bahia, e outras espalhadas pelo país, a fatia pernambucana está empatada com a do Ceará, com oito. Mas não por muito tempo. Pelo menos outras sete academias, entre próprias e franqueadas, estão em obras em Pernambuco. O planejamento da Selfit para médio prazo é incluir a expansão em outros estados do Nordeste e do Norte.
A evolução rápida da Selfit que, em nove anos, tornou-se uma empresa respeitada no segmento fitness e já alcança governança capaz de se lançar na B3 e atrair investidores para avançar ainda mais, é vista no mercado como resultado da gestão de Pereira. Discreto, segundo pessoas próximas, ele sempre ressalta o apoio do seu time para o sucesso alcançado pela rede.
Como vice-presidente da Associação das Academias do Brasil (Acad), o CEO da Selfit é reconhecido também por seu trabalho para a reestruturação da entidade, e por ser um empreendedor apoiado pela Endeavor, pelo seu case de crescimento em escala e de visão de oportunidades.
Uma delas foi a aquisição da plataforma de fitness digital Weburn, que atua no B2B e detém uma proposta de valor mais ampla, com oferta de produtos saudáveis (private label), além de atuar com marketing multinível. Leonardo hoje ocupa a presidência do conselho de administração da Weburn, dividindo a gestão com alguns sócios como o CEO, Renato Leal.
Observado pelos concorrentes, surgem comentários na mídia especializada em negócios que Leonardo Pereira poderá ser o sucessor de Edgar Corona, CEO do grupo Bio Ritmo, que, aos 65 anos, procura alguém para passar o bastão.