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Pecém e Sines avançam na criação de “corredor de H2V” entre CE e Portugal

Complexo do Pecém e Porto de Sines, de Portugal, assinaram Memorando de Entendimento para desenvolver corredor logístico sustentável para transporte de H2V entre os dois continentes

Por Paulo Goethe e Fernando Ítalo

Assinatura corredor verde de H2V entre portos de Sines e de Pecém
Acordo entre o Complexo do Pecém e a Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS) para criação de corredor verde que inclui H2V foi formalizado na última sexta-feira (28), em Portugal,Foto: Ascom CIPP/Divulgação

Separados por 5,6 mil quilômetros de Oceano Atlântico, o porto brasileiro mais próximo da Europa e o porto português mais perto da América do Sul assinaram um memorando de entendimento para a criação de um “corredor verde” logístico. Trata-se de uma ligação marítima para transporte de produtos alimentícios, siderúrgicos e da cadeia de energia e combustíveis sintéticos, incluindo o hidrogênio verde.

Atualmente, navios cargueiros fazem esta rota em 22 dias, sem escalas. Em 2023, o volume de cargas entre os portos dos dois continentes chegou a 83 milhões de toneladas. A parceria vai permitir o desenvolvimento de um hub de hidrogênio verde e a consolidação de um corredor logístico que poderá incluir Angola. O Porto de Sines já vem estabelecendo parcerias estratégicas para o desenvolvimento de corredores verdes no país africano (Barra do Dande) e no Brasil (Companhia Siderúrgica Nacional).

O acordo entre o Complexo Industrial e Portuário do Pecém e a Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS), formalizado na última sexta-feira (28), em Portugal, integra a iniciativa Global Gateway, lançada em 2021 pela Comunidade Europeia (CE) e que vai disponibilizar até 300 milhões de euros em conexões inteligentes, limpas e seguras em cinco pilares estratégicos: setor digital; clima e energia; transporte; saúde; e educação e investigação. A inicitiva está alinhada com a Agenda 2030 das Nações Unidas e com o Acordo de Paris.

“Essa aliança com Sines vai fortalecer a estratégia de integração do Pecém com a União Europeia, ampliando o acesso dos empreendimentos do Complexo Industrial e Portuário do Pecém a mercados europeus e financiamentos do Global Gateway para empreendimentos do Hub de Hidrogênio Verde e da Transnordestina”, destacou Hugo Figueirêdo, presidente do Complexo do Pecém.

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“Estamos numa posição muito favorável como um dos locais mais competitivos para a produção de hidrogénio verde e a entrega na forma de amônia para mercados consumidores da Europa e da Ásia”, afirmou. Já o investimento na ferrovia Transnordestina, que conecta o interior do Piauí, “grande área produtora de soja, milho, algodão e minérios”, com o Porto do Pecém, “abre uma possibilidade de escoar essa produção para todo o mundo, principalmente o mercado europeu”, adiantou Figueirêdio à Agência Lusa.

O presidente da APS, José Luis Cacho, realçou que “as parcerias estratégicas, como as que hoje estabelecemos, trazem vantagens competitivas para o Porto de Sines e para o país, uma vez que promovem o comércio do Brasil para a Europa, destacando Sines como porta de entrada das exportações brasileiras para a Europa, particularmente no negócio agroalimentar e matérias-primas críticas”.

António Vicente, representante da Comissão Europeia em Lisboa que também esteve no evento, salientou que “para chegar aqui houve muito trabalho envolvido, mas ainda há muito trabalho pelo caminho. A importância da conectividade entre os países e continentes, principalmente na cadeia alimentar e à luz dos dias de incerteza que vivemos hoje, é fundamental para promover a autonomia estratégica da União Europeia”.

H2V no Ceará tem política de estado
Hub de H2V do Pecém tem segundo corredor marítimo entre o Ceará e União Europeia/Foto: Tatiana Fortes (Secom CE)

H2V em Pecém

Em maio de 2023, o Porto de Pecém fechou acordo com os Países Baixos para o transporte de hidrogénio verde entre o terminal cearense e o Porto de Roterdã, na Holanda. Em dezembro de 2022, o Grupo EDP, empresa portuguesa do setor energético, gerou a primeira molécula de hidrogênio verde, em São Gonçalo do Amarante, no estado do Ceará. Foi a primeira molécula de hidrogénio verde criada no país e na América Latina.

Com a criação de um segundo corredor marítimo entre o Porto do Pecém e a União Europeia, o Ceará reforça sua estratégia para ser o pioneiro e liderar a futura cadeia do hidrogênio verde no Brasil.

H2V tem política de estado no Ceará

Para viabillizar a instalação desse polo no estado, os cearenses criaram uma política de estado – o Hub de H2V do Pecém – que integra governo estadual, empresas privadas internacionais e nacionais, entidades brasileiras da cadeia do hidrogênio verde e energias renováveis, Complexo do Pecém, Porto de Roterdã e universidades.

O projeto tem um acordo de cooperação com a Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica).

Atualmente, o número de empresas interessadas em ter operações no hub se aproxima de 40, com sinalização de investimentos da ordem de US$ 30 bilhões de dólares (R$ 145,7 bilhões de reais).

*Com informações do Governo do Ceará e a Agência Lusa

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