*Com informações do Governo do Ceará
Com o Brasil na presidência do G20 – Fórum de Cooperação Econômica Internacional formado pelos países mais ricos – o Ceará vai sediar seis encontros do bloco. Setor produtivo e governo vão aproveitar essa oportunidade inédita para engatar negociações que possam, no médio e longo prazo, incrementar as exportações do estado para as nações integrantes desse grupo e atrair mais investimentos para o mercado cearense.
Entre os produtos made in Ceará embarcados atualmente para países do G20 estão placas de aço da ArcelorMittal e calçados da Grendene, além de frutas frescas e pescados. Todos esses itens têm potencial de crescimento dos volumes destinados ao bloco, o que alavancaria a produção, dinamizando as atividades e gerando mais emprego nas cadeias impactadas.
É essa chance que as empresas e poder público no Ceará não querem deixar passar na agenda do G20. A estratégia é, ao longo dos encontros, apresentar uma vitrine de produtos e de negócios bilaterais.
“Durante essa janela única, o presente e o futuro da economia do planeta vão passar pelo Ceará. Realizaremos eventos para promover o nosso estado, proporcionar novos investimentos e ampliar a geração de emprego e renda”, afirma o governador Elmano de Freitas.
A agenda do G20 no Ceará terá quatro reuniões técnicas e duas ministeriais, todas no Centro de Eventos do Ceará, entre junho e julho próximos.
Conheça o G20, o clube dos ricos
Os números justificam o interesse do Ceará pelo G20. O clube das maiores economias do planeta é composto por 19 países (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) e dois órgãos regionais: a União Africana e a União Europeia.
Esse bloco representa cerca de 85% de toda a riqueza produzida no mundo – o Produto Interno Bruto (PIB) mundial – 75% do comércio global e dois terços da população mundial.
“Ou seja, é um mercado com alguns bilhões de consumidores e que já absorve boa parte do que as empresas cearenses enviam para fora do Brasil”, afirma a coordenadora do Centro Internacional de Negócios da federação das indústrias (Fiec), Ana Karina Frota.
Em 2023, por exemplo, os principais destinos das exportações do estado foram países que fazem parte diretamente do G20 – como Estados Unidos (47,2% da receita dos embarques), México (11,7%), Argentina (4,5%), Alemanha (4%), França (2,5%), China (2,4%), Itália (2,1%) e Reino Unido (2,1%) – ou por meio de comunidades regionais, a exemplo da Bélgica (3,3%) e Holanda (3,3%), membros da União Europeia.
No período, as empresas do estado faturaram US$ 2 bilhões no comércio exterior, segundo o boletim anual Ceará em Comex, elaborado pelo CIN.
Negócios à vista com o G20
Com a presença dos representantes do G20, o Ceará também quer reforçar articulações para a atração de investimentos e ampliar essas negociações para outros projetos.
Atualmente, os empreeendimentos em implantação ou em discussão envolvendo empresas desse bloco estão concentrados principalmente na geração de energia limpa – eólica e solar – e no Hub de Hidrogênio Verde do Ceará.
O estado, que pretende liderar essa indústria no Brasil, vem se destacando pela agressividade na captação de investimentos externos e nacionais para o futuro cluster estadual do H2V, conhecido como combustível do futuro.
Entre os países do fórum, a Austrália é um dos destaques entre as economias com empreendimentos anunciados no hub. A mineradora australiana Fortescue saiu na frente, como a primeira empresa a receber licença prévia para a produção de hidrogênio verde no estado.
Já a Cactus Energia Verde, cujo planejamento estratégico inclui um aporte de US$ 2 bilhões em H2V no Ceará, tem empresas canadenses entre os parceiros do negócio.
A Alemanha, por sua vez, reabriu, em 2023, o Consulado Honorário em Fortaleza. A representação tinha sido fechado em 2020, devido à pandemia da Covid-19. Mas foi reativada devido à demanda que vem sendo gerada pelas conversas entre o governo do estado e empresas alemãs interessadas no cluster de hidrogênio verde.
G20 não é só H2V no Ceará
Os negócios bilaterais do Ceará relacionados a investimentos de multinacionais dos países do G20 vão muito além da produção de hidrogênio sem pegada de carbono.
O capital holandês já está presente no porto-indústria que é a locomotiva do desenvolvimento do estado: o Complexo Industrial Portuário do Pecém (CIPP), joint venture entre o Governo do Ceará e o Porto de Roterdã.
Instalada no CIPP, a ArcelorMittal Pecém – operação que faz parte da subsidiária ArcelorMittal Brasil – é outro negócio com capital de companhias sediadas em nações do G20. Trata-se de um conglomerado controlado por investidores da Índia, Espanha, França e Luxemburgo, onde fica a sede da multinacional.
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