O município de Rio Largo, que fica na região Metropolitana de Maceió, vive desde a segunda-feira (31) iuma nstabilidade política, após a Mesa Diretora da Câmara de Vereadores ler duas cartas de renúncia supostamente escritas pelo prefeito Pedro Carlos (PP) e seu vice, Peterson Henrique, e posteriormente nomeando o presidente da casa como o novo chefe do Executivo da cidade. Nesta terça-feira (1º) o juiz da 1ª Vara de Rio Largo, Guilherme Bubolz Bohm, concedeu liminar anulando os atos da Câmara de Vereadores e reconduzindo o prefeito e vice de volta aos cargos.
A confusão política teve início durante a sessão ordinária da Câmara de Vereadores, no início da tarde de segunda-feira. Ela foi suspensa por alguns minutos e retornou com a leitura das cartas de renúncia do prefeito e vice. Em ato contínuo, o presidente da Câmara de Vereadores, Rogério da Silva (PP), foi empossado como prefeito do município.
A notícia gerou grande instabilidade na cidade e o prefeito Pedro Carlos desmentiu a informação de que teria renunciado ao seu mandato. Por meio de vídeo, o prefeito afirmou que as cartas eram falsas e que ele nem seu vice renunciaram ao mandato. “Foi o povo de Rio Largo que me elegeu e é o povo de Rio Largo que tem o poder de me tirar daqui. Esta carta é mais uma tentativa frustrada de tentar impedir nosso trabalho na cidade. Já comuniquei o fato às autoridades e conto com o apoio da Justiça”, disse.
Após as declarações, o prédio da prefeitura de Rio Largo chegou a ser fechado e cercado por guardas municipais e policiais militares. O juiz Guilherme Bubolz Bohm analisou o mandado de segurança impetrado pela defesa do prefeito e anulou, em decisão proferida nesta terça-feira (1º), os feitos do Ato da Presidência nº 01/2025, lidos pelo presidente da Câmara de Vereadores na tarde de ontem.
Em sua decisão, o magistrado avaliou que existem fortes indícios de falsidade ideológica nos documentos de renúncia apresentados, ressaltando que a renúncia precisa de manifestação explícita e clara do mandatário, o que não ocorreu neste caso. Além disso, enfatizou que os documentos apresentados à Câmara não possuíam a devida formalidade nem confirmação da autenticidade necessária.
O juiz considerou ainda o risco de dano institucional, administrativo e político que essa situação já estava causando ao município, destacando bloqueios nas contas da Prefeitura e incertezas na administração pública.
A Polícia Civil de Alagoas instaurou comissão de delegados para apurar a falsidade ou não das cartas de renúncia lidas no plenário da Câmara de Vereadores. O delegado José Carlos dos Santos, que presidirá as investigações, disse que já foram realizadas diligências sobre o caso. “Esperamos que nos próximos dias teremos mais respostas para esse caso. Nós estamos trabalhando junto ao Ministério Público Estadual, que tem nos dado total apoio, e esperamos que a solução venha nos próximos dias”, disse.
Briga familiar e disputa entre Lira e Renans acirra clima em Rio Largo
Pedro Carlos é sobrinho do ex-prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves, que era, até a tarde de segunda-feira, secretário do município. Após a toda a confusão sobre a falsa renúncia, o prefeito o exonerou do cargo. Gilberto é aliado de Arthur Lira (PP), que possui grande importância no xadrez da política na cidade.
Recentemente, Pedro Carlos, que chegou a utilizar o sobrenome do tio, intitulando-se Carlos Gonçalves, esteve reunido com o senador Renan Calheiros e o ministro dos Transportes Renan Filho. Na pauta, segundo anunciou o gestor em redes sociais, estava a busca por recursos para o município. A imagem dos três após reunião em Brasília rendeu muita especulação sobre uma futura aliança política entre Carlos e os Calheiros.
Após toda a confusão em Rio Largo, o senador Renan Calheiros postou vídeo repudiando a tentativa de golpe e se solidarizando ao prefeito Carlos. No vídeo, Calheiros ainda afirma que o ex-prefeito Gilberto Gonçalves estaria afirmando que seu sobrinho renunciaria ao cargo de prefeito. Ele cobrou punição aos envolvidos nas falsificações.
“Uma fraude grosseira em Rio Largo, o terceiro maior município de Alagoas. Uma falsificação golpista tentando tomar o poder. A fraude precisa ser apurada e punida com rigor”, disse o senador em vídeo postado em suas redes sociais.
Até o início da tarde desta terça-feira o deputado Arthur Lira não se manifestou sobre a situação política de Rio Largo.
Associação de Municípios sai em defesa de prefeito de Rio Largo
Em nota, assinada pelo presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Marcelo Beltrão, manifestou solidariedade ao prefeito Carlos e reafirmou a defesa da democracia. Veja a nota:
NOTA DE SOLIDARIEDADE
A Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) vem a público manifestar sua total solidariedade ao prefeito Carlos, do município de Rio Largo, diante dos últimos acontecimentos, nos quais o gestor afirma que não renunciou ao cargo e que a carta apresentada seria falsa.
A AMA reafirma sua defesa em prol da democracia, da legalidade e do princípio constitucional da soberania popular.
Confiamos que os órgãos competentes agirão com serenidade, responsabilidade e respeito à autonomia municipal, assegurando que prevaleçam a justiça, o equilíbrio e o Estado Democrático de Direito.
Marcelo Beltrão
Presidente da Associação dos Municípios Alagoanos – AMA
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