Polícia Federal conclui perícia no prédio do STF, atacado por vândalos bolsonaristas há três dias

Ataque aos prédios do STF, do Planalto e do Congresso foram repudiados pelas nações que compõem a OEA
Palácio do Supremo Tribunal Federal  teve os vidros pichados em atos terroristas no ultimo domingo (8).
Palácio do STF teve vidros pichados em atos terroristas no ultimo domingo (8). Foto: Fabio Rodrigues / Agência Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) informou nesta quarta-feira (11) que a Polícia Federal encerrou o trabalho de perícia da sede da Corte, que foi um dos alvos dos atos terroristas ocorridos na Esplanada dos Ministérios, no último domingo (8). Cerca de 50 peritos recolheram digitais, materiais genéticos, pegadas e outros objetos que vão ajudar na identificação dos responsáveis pela depredação. O laudo deve ser entregue em 30 dias. A partir de agora, funcionários do STF vão trabalhar no inventário dos objetos danificados para calcular os prejuízos. 

Os trabalhos de perícia foram chefiados pelo perito Carlos Eduardo Palhares, considerado um dos maiores especialistas na área. O profissional trabalhou na perícia do acidente aéreo da Air France, na identificação dos corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips e no desastre em Brumadinho. A presidente do Supremo, ministra Rosa Weber, pretende entregar a reforma do plenário até o dia 1º de fevereiro, quando termina o recesso, iniciado em 19 de dezembro do ano passado. 

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Também nesta quarta-feira (11), o plenário virtual do STF manteve, por maioria de votos, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que afastou o governador Ibaneis Rocha e determinou o fim dos acampamentos em frente aos quartéis do Exército. 

Apoio da OEA

A Organização dos Estados Americanos (OEA) manifestou apoio ao governo brasileiro e condenou os atos antidemocráticos em Brasília do último domingo (8). A manifestação da organização ocorreu nesta quarta-feira (11) durante reunião extraordinária do Conselho Permanente da OEA, convocada especialmente para “analisar os atos antidemocráticos contra a sede dos três poderes do governo brasileiro”.

O secretário-geral da OEA, Luiz Almagro, fez um duro discurso contra os atos golpistas e disse que a organização tem os instrumentos e os princípios democráticos para analisar e condenar esse tipo de ameaça no hemisfério. “Quando a democracia é ameaçada, como vimos no domingo, em Brasília, todos nós devemos agir imediata e firmemente para defender a democracia, investigando, denunciando e determinando as responsabilidades dos investigados, financiadores e responsáveis intelectuais. Não é possível que um movimento fique tanto tempo diante dos quartéis sem que alguém esteja financiando”, disse, referindo-se aos acampamentos de bolsonaristas montados após as eleições, em novembro, em frente a quartéis de todo o país.

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Resposta efetiva

Almagro disse ainda que, na condição de secretário-geral da OEA, soube imediatamente da invasão aos prédios representativos dos três poderes e que acompanhou de perto o desenrolar dos acontecimentos. “As instituições brasileiras responderam de maneira efetiva à situação. Essas situações não são mais eventos isolados e nós condenamos de maneira clara e enérgica essa mobilização de caráter fascista e golpista que ameaçou os três poderes do Brasil”, afirmou. “Manifesto toda nossa solidariedade com o presidente Lula e aos outros poderes”, acrescentou.

O secretário-geral disse ainda que os atos golpistas do último domingo fazem parte de um cenário que se encontra também em outros países. Ele destacou que há semelhanças na forma de agir desses grupos, como o uso de notícias falas, as fake news, manipulação de símbolos pátrios, não reconhecimento das instituições democráticas e da diversidade.

“Não foi só um ataque ao presidente Lula e aos poderes do Brasil. Eles estão atacando todos nós quando reagem de maneira fascista, de maneira antidemocrática, contra o desenvolvimento sustentável, a luta contra a desigualdade e a pobreza”, disse.

Manifestações das nações

A OEA foi fundada em 1948 e, atualmente, é formada por 35 países. O Conselho Permanente é composto por um representante de cada país e serve como um fórum político de discussão. A convocatória da reunião, feita um dia após os atos terroristas, foi um pedido das Missões Permanentes de Antígua e Barbuda, Canadá, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Honduras, Panamá e Uruguai.

Além da declaração conjunta do Conselho Permanente, embaixadores presentes na reunião também condenaram os atos de domingo. O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Hastings, reforçou a condenação aos atos antidemocráticos no Brasil. “Estamos apoiando o Brasil e suas instituições democráticas e o desejo do povo brasileiro. Os Estados Unidos se junta ao presidente Lula e às autoridades brasileiras no repúdio a essas ações antidemocráticas”, discursou Hastings, lembrando que o presidente estadunidense, Joe Biden, convidou Lula para um encontro em Washington, em fevereiro, para discutir uma agenda conjunta, inclusive nas áreas de paz e segurança.

O embaixador do Chile, Sebastián Eugenio Kraljevich Chadwick, também condenou os ataques, classificando o episódio como lamentável. “Isso foi um atentado contra a democracia que ocorreu domingo quando milhares de bolsonaristas invadiram as sedes dos três poderes, em Brasília, motivados por uma fraude imaginária [nas eleições]”, disse. “Isso mostra os perigos da ultradireita para o mundo e temos também a lembrança traumática desse tipo de invasão, há paralelos com outros eventos”, acrescentou, referindo-se à invasão do capitólio, nos Estados Unidos, há dois anos.

A declaração foi seguida pelo embaixador do Canadá, Hugh Adsett, que frisou que as eleições no Brasil ocorreram de forma livre e justa. “O Canadá condena com clareza os acontecimentos. O Canadá e a comunidade internacional estão ao lado do Brasil e seu governo democraticamente eleito e falamos com uma voz unida para falar com uma voz muito clara de que a democracia deve permanecer”, defendeu.

Durante a reunião, o embaixador do Brasil na OEA, Otávio Brandelli, disse que os atos golpistas trouxeram perplexidade e tristeza para o país, particularmente para os que defenderam o Estado Democrático de Direito. “Os lamentáveis e inescusáveis atos de violência e vandalismo perpetrados nos edifícios sedes dos três Poderes, em Brasília, constituem um desrespeito aos valores democráticos universais e não serão tolerados pelo estado brasileiro”, afirmou.

Brandelli citou o apoio recebido pelo governo brasileiro de outros países, lembrando que diversos organismos internacionais condenaram os ataques que, segundo ele, chocaram o Brasil e o mundo. O embaixador afirmou ainda que os responsáveis pelos ataques serão punidos, conforme a lei. “O Brasil acaba de realizar eleições amplas, livres e democráticas que foram saudadas e celebradas pelo conjunto da comunidade internacional. A posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva constituiu uma celebração à democracia com a presença expressiva de mais de 60 delegações internacionais de alto nível”, disse. “Os responsáveis pelos atos violentos serão identificados e tratados com o rigor da lei, dentro do devido processo legal. O estado dará resposta a altura dos crimes cometidos”, afirmou.

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