Por Kleber Nunes
O setor industrial de Pernambuco atualmente representa 20% do PIB estadual, mas não faz muito tempo que essa fatia era de 30%, ou seja, quase um terço de toda riqueza produzida vinha das indústrias. Retomar esse patamar é o primeiro passo a ser dado dentro de uma política pública que busque fortalecer os 14.109 empreendimentos de pequeno (96%), médio (3%) e grande porte (1%). O caminho, no entanto, passa por uma série de iniciativas que devem levar o estado de uma indústria de transformação para uma economia ancorada na indústria de base.
As ações a serem tomadas para a estruturação de uma economia industrial mais forte estão descritas em um documento preparado pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe). O texto, que destaca alguns tópicos considerados mais importantes pelo setor, foi entregue na última quinta-feira (1º) aos principais candidatos ao governo do estado e, posteriormente, pela primeira vez, aos concorrentes à vaga de senador.
O diretor financeiro da Fiepe, Felipe Coelho, explica que o grande desafio da indústria está na baixa competitividade e que para reverter esse quadro é preciso que o gestor estadual atue em três frentes: capacitação do empresariado, qualificação de mão de obra e renovação do parque industrial de Pernambuco. “A nossa indústria é de transformação, ou seja, compramos insumos, fazemos o produto acabado para vender no mercado. É preciso fortalecer a indústria de base, por exemplo, os polos da Jeep e da Vivix, para depender menos dos insumos, sobretudo, asiáticos”, afirma.
A sabatina com os candidatos ao Executivo estadual e municipal acontece desde 2012 na sede da Fiepe, no Recife, mas este ano o diálogo incluiu os candidatos ao Senado. Segundo Coêlho, a entidade entendeu que há temas transversais que dependem de iniciativas do Governo Federal, portanto, o senador ou a senadora deve conhecer bem as demandas da indústria estadual. “A reindustrialização é uma urgência do Brasil e o tema deve estar no Congresso Nacional”, diz o diretor.
Política Industrial
O texto que será apresentado e debatido com os principais candidatos ao governo de Pernambuco é uma versão reduzida do documento “Política Industrial”, elaborado pela Fiepe, mas que só será entregue após a eleição ao novo governador ou a nova governadora. De acordo com Coelho, as propostas não são sugestões de políticas de governo ou da federação, mas de Estado.
A Política Industrial apresenta o mapeamento das oportunidades e dos gargalos de cada região de Pernambuco, por exemplo, o texto indica o potencial do Sertão do Araripe com o gesso e a produção de mel, mas também aponta a deficiência na área de infraestrutura. A ampliação do Complexo Industrial Portuário de Suape também está entre as estratégias de reindustrialização propostas pela Fiepe. A partir desse panorama segmentado, o documento traz sugestões de soluções a curto, médio e longo prazo.
“Esse diagnóstico ajuda a desenvolver uma política pública que mostre caminhos para as atividades já saturadas e com capacidade ociosa ao mesmo tempo que destaca os setores com maior potencial de crescimento. Isso vai nos ajudar a ter geração de emprego e renda não só na indústria, mas com repercussão no comércio e no setor de serviços”, argumenta Coelho.
A Fiepe também espera do próximo governo que a política de incentivo seja revista e modernizada. Hoje, Pernambuco conta com o Programa de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco (Prodepe) que concede incentivo para indústrias do estado, através de concessão de créditos presumidos de ICMS, que podem variar de 47,5% a 95%. Também há o Programa de Desenvolvimento da Indústria Naval e de Mecânica Pesada Associada do Estado de Pernambuco (Prodinpe) destinado a estaleiro naval, voltado para construção, ampliação, reparo, modernização e transformação de embarcações.
“O maior problema dos programas de incentivo é a falta de isonomia entre as indústrias beneficiadas, isso impacta diretamente na competitividade do setor. Outro ponto que precisa ser avaliado é o fim do Fundo de Equilíbrio Fiscal, pois o estado já está com as contas equilibradas e, portanto, não existe a necessidade de cobrar esse imposto”, destaca Coelho.
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