
Das 31 concessionárias de grande porte avaliadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2024, apenas duas distribuidoras que operam no Nordeste ficaram entre as dez primeiras posições do ranking nacional do Desempenho Global de Continuidade (DGC): a Energisa Paraíba (EPB), em 2º lugar, com índice de 0,62, e a Neoenergia Cosern, do Rio Grande do Norte, em 4º, com DGC de 0,63.
As demais concessionárias da região ocupam posições mais baixas: Equatorial Maranhão, em 11º (0,69), Neoenergia Coelba (BA), em 13º (0,72), Energisa Sergipe (ESE), em 18º (0,75), Neoenergia Pernambuco (PE), em 19º (0,77), Equatorial Piauí, em 21º (0,80), e Enel Ceará, em 24º, com DGC de 0,87.
A Equatorial Alagoas não consta na lista porque, assim como a Amazonas Energia, a CEA e a Roraima Energia, permanece com os limites dos indicadores de continuidade flexibilizados em razão de designação recente.
A Enel Ceará, a Enel Rio e a RGE (RS) foram as distribuidoras que mais perderam posições no ranking em 2024, com queda de seis colocações cada, em comparação ao ano anterior. Já a Neoenergia Brasília apresentou a maior evolução entre as grandes, subindo nove posições.

O Desempenho Global de Continuidade (DGC) leva em consideração a duração e a frequência das interrupções no fornecimento de energia elétrica, com base nos limites estabelecidos pela Aneel. Quanto menor o DGC, melhor o desempenho da distribuidora.
Entre as concessionárias de grande porte — com mais de 400 mil unidades consumidoras — a CPFL Santa Cruz, de São Paulo, liderou o ranking com DGC de 0,58. Completando o grupo das dez melhores, aparecem ainda CPFL Paulista (0,64), EDP ES (0,64), Equatorial Pará (0,66), ETO (0,67), EMT (0,68) e CPFL Piratininga (0,69). Na outra ponta, a CEEE, do Rio Grande do Sul, teve o pior desempenho, com DGC de 1,76.
Compensações e tempo médio de interrupção
Em 2024, as concessionárias pagaram R$ 1,122 bilhão em compensações aos consumidores por descumprirem os limites regulatórios de continuidade, um aumento em relação aos R$ 1,080 bilhão pagos em 2023. A quantidade de compensações também cresceu, de 22,3 milhões em 2023 para 27,3 milhões em 2024. A média nacional foi de 4,89 interrupções por unidade consumidora durante o ano, com tempo médio de 10,24 horas sem energia, representando uma redução de 1,7% em relação a 2023, quando registrou-se 10,42 horas em média.
O valor médio das compensações por consumidor cresceu cerca de quatro vezes desde 2022, após ajustes na metodologia da Aneel que passaram a priorizar os consumidores mais afetados por interrupções. Os descontos são automáticos, aplicados diretamente nas faturas, sem necessidade de solicitação.
Investimentos impulsionam desempenho regional
De acordo com os Relatórios de Sustentabilidade das companhias, a Neoenergia investiu aproximadamente R$ 3,6 bilhões em 2023 em suas operações no Nordeste, com foco em digitalização, automação e modernização de redes. Já a Equatorial Energia destinou R$ 2,8 bilhões às distribuidoras da região, com destaque para expansão da infraestrutura e melhorias no tempo de recomposição do fornecimento.
A Aneel também atribui a melhora geral dos indicadores à adoção de novos critérios contratuais, planos de resultados para distribuidoras com desempenho insuficiente e à redução progressiva dos limites regulatórios de DEC e FEC.
Expansão do consumo e geração regional
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Nordeste é responsável por 16% do consumo nacional de energia elétrica, com forte presença de setores como agroindústria, mineração, alimentos e bebidas. A geração de energia na região também se destaca: mais de 80% da energia eólica e 30% da solar fotovoltaica instaladas no Brasil estão concentradas no Nordeste.
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