Pesquisa CNC: Confiança de empresários cai 1,8% em agosto

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) atingiu 124 pontos em agosto, resultado 1,8% menor em relação a julho, na comparação com ajuste sazonal. o ICEC, divulgado nesta quinta-feira (25), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) representa a primeira redução no otimismo dos varejistas brasileiros desde março deste […]

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) atingiu 124 pontos em agosto, resultado 1,8% menor em relação a julho, na comparação com ajuste sazonal. o ICEC, divulgado nesta quinta-feira (25), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) representa a primeira redução no otimismo dos varejistas brasileiros desde março deste ano. Porém, se comparado a agosto do ano passado, o nível de confiança dos comerciantes subiu 7,8%.

Comércio de rua
Empresários cauteloso sobre vendas futuras, mesmo com aumento do valor do Auxílio Brasil – FOTO: Tânia-Rêgo/Agência Brasil

Em entrevista à Agência Brasil, a economista da CNC, Izis Ferreira, explicou que a elevação do otimismo na comparação anual reflete o efeito da retomada do fluxo de pessoas nas ruas e no comércio. “O segundo semestre do ano passado teve uma melhora significativa na atividade do comércio. Mas a base ainda era muito baixa em relação ao segundo semestre de 2020”. 

- Publicidade -

Iniciado no segundo semestre de 2021, o efeito positivo da retomada do varejo veio se consolidando ao longo do ano. “Não teve piora no cenário de pandemia, não teve necessidade de novas restrições, a cobertura vacinal foi aumentando e, aí, o comércio foi sentindo esse benefício, digamos assim, da retomada, do fluxo de pessoas nas ruas, buscando estarem mais nos espaços comerciais e isso refletiu na comparação anual”.

Confiança abalada por riscos e incertezas

Entre julho e agosto deste ano ocorreu houve uma moderação na confiança dos varejistas justificada pelo aumento dos riscos e das incertezas, tanto no Brasil como no exterior. “O comércio sente muito isso se traduzir de várias formas”, comentou a economista.

A avaliação das condições atuais quanto às expectativas para os próximos meses, segundo a pesquisa da CNC, recuaram 2,3% e 2,4%, respectivamente, em agosto. as perspectivas dos comerciantes para o desempenho da economia no curto prazo também sofreram a maior diminuição entre os nove itens avaliados (-3,1%).

- Publicidade -

Os varejistas apostam ainda numa retração de 2,8% para o desempenho atual do comércio, acompanhando o declínio das vendas apontado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em junho (-2,3%). Dos 10 segmentos avaliados no varejo ampliado, nove tiveram retração, exceto as vendas de farmácias e perfumarias, que evoluíram 1,3%.

Ano eleitoral reduz perspectivas

Para Izis Ferreira, o comércio sofre os efeitos do calendário eleitoral em curso. “Historicamente, todo ano de eleições gerais tem uma moderação na confiança, que vai se acentuando conforme o processo eleitoral vai acontecendo”.

Na análise dos meses de agosto de anos recentes em que houve eleições gerais, verifica-se que dois a três meses antes da votação, o índice de confiança e as expectativas caem. Neste mês de agosto, porém, as expectativas do que o comerciante espera para os seis meses à frente foram maiores, somando 153 pontos, contra 144,9 pontos em agosto de 2018 e 142,4 pontos em agosto de 2014. “O nível de expectativas para o desempenho do comércio está um pouco acima desses meses de agosto de anos em que houve eleições gerais porque o governo tomou algumas medidas que, na verdade, já estão dando sustentação na renda das famílias”, explicou a economista.

Inflação e endividamento seguem em alta

Izis Ferreira indicou que isso terá um impacto positivo no comércio, mas ele será menor devido ao cenário atual de inflação alta, principalmente para as famílias de renda média e baixa, e em itens que mais pesam no orçamento, como alimentação e despesas com saúde e habitação. Esses itens e despesas ainda estão com níveis de preços muito elevados. “A gente não está vendo os preços dos alimentos caírem de forma tão rápida quanto a inflação geral”.

Segundo ela, a redução da inflação geral é explicada pela queda dos preços dos combustíveis. “Isso quer dizer que é uma inflação que ainda está desafiando o consumidor de renda média e baixa. Por mais que ele esteja sendo irrigado por recursos do Auxílio Brasil, ou por mais que outros recursos tenham ajudado na renda dessas famílias, como a própria liberação extraordinária do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a gente ainda tem esse desafio e tem um consumidor muito endividado, com mais de um tipo de dívida. Assim fica mais difícil para ele aumentar o seu consumo diante de um cenário de inflação e endividamento elevados”.

O impacto das medidas de elevação da renda, na opinião de Ízis, será moderado diante da conjuntura, que ainda vai desafiar os consumidores nas questões de inflação e do endividamento. Por isso, o comerciante também moderou ou reduziu sua intenção de investir. Ela acredita que esse cenário deverá se manter nos próximos dois meses, com o varejista sendo mais cauteloso, segurando um pouco a decisão de investimento e de contratação de pessoal. Por outro lado, ressaltou que no final do ano, uma vez superado o calendário eleitoral e influenciado por eventos como a Black Friday, a Copa do Mundo e o Natal, as expectativas do comércio podem ser revistas.

Queda na confiança em todas as regiões

As expectativas para o desempenho do comércio mostraram redução em agosto em todas as regiões brasileiras. Isso aconteceu pela última vez entre março e abril de 2021, quando o país atravessava a segunda onda da covid-19.

Embora as expectativas dos comerciantes da Região Norte apresentem o nível mais elevado (165,8 pontos), o indicador obteve a maior queda na comparação regional (-3,3%). A redução das expectativas dos lojistas do Norte para os próximos meses foi registrada mesmo sendo essa a região onde foram obtidos os maiores valores médios pagos pelo Auxílio Brasil, comparativamente às demais regiões, segundo dados do Ministério da Cidadania, da ordem de R$ 445.

Já os empresários da Região Sudeste responderam pela segunda maior queda das perspectivas para o comércio (-3%), apesar de a região englobar três dos cinco estados com maior número de famílias beneficiadas pelo atual programa de transferência de renda (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais).

Leia também:

Agenda da CNC defende volta da taxa TR e revisão de política de cotas

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -