As exportações de Pernambuco caíram 15,3% em 2023 comparado a 2022. O desempenho negativo foi na contramão do Brasil, que ampliou as vendas no comércio exterior em 1,7% no período. Os números foram divulgados pela federação estadual do setor fabril, a Fiepe, a partir da compilação dos dados disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Na avaliação de Sthefany Miyeko, coordenadora do Centro Internacional de Negócios da Fiepe , “apesar de ser um cenário desafiador para o estado, já era esperado“, considerando a performance das empresas locais nas exportações ao longo do ano.
Em abril do ano passado, o resultado negativo em produtos exportados chegou a 20,54% em comparação com o mesmo mês de 2022.
A executiva chama a atenção também para a queda de 9,7% nas importações. O baque nos produtos importados surpreendeu o setor. “Mesmo o nosso estado sendo majoritariamente importador, houve uma retração cuja intensidade, nos anos recentes, só é comparável à de 2019, quando o baque chegou a 10%”, analisa.
“Essa é a prova de que enfrentamos um ano atípico no comércio exterior”, destaca a coordenadora.
Exportações impactadas pelos EUA e Argentina
Economista da Fiepe, Cezar Andrade ressalta que um dos principais fatores que explica o recuo nas exportações é o aumento da produção interna de combustíveis nos Estados Unidos.
“Os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais de Pernambuco e os produtos da Refinaria Abreu e Lima estão no topo da nossa balança comercial, liderando os embarques do estado”, detalha. “Como os EUA demandaram menos remessas de derivados de petróleo, houve um impacto significativo na balança do estado”, acrescenta.
O panorama na Argentina, outro parceiro estratégico do estado, também não foi favorável, analisa Cézar Andrade. “Com a crise econômica e política no país vizinho, as exportações de Pernambuco para o mercado argentino caíram de R$ 434 milhões em 2022 para R$ 345 milhões, redução de 20%”, contabiliza.
O efeito China nas importações de Pernambuco
Em relação à retração nas importações, Cézar Andrade considera a estratégia das empresas chinesas de priorizar o mercado interno como um dos fatores mais importantes. “A receita de importações de empresas chinesas caiu de R$ 1 bilhão em 2022 para R$ 995 milhões em 2023”, afirma.
Exportações em queda afetam produção industrial
Os problemas no mercado externo acabaram impactando a produção industrial em Pernambuco, que registrou baixo crescimento (0,9%) no acumulado de janeiro a novembro de 2023 comparado ao mesmo período de 2022. A área fabril só não ficou no vermelho devido a um grande esforço de redirecionamento de vendas para o mercado interno.
Em alguns meses, como em novembro passado, houve queda na produção. O recuo foi de 9,7% em relação a outubro – o maior em todo o Brasil – e de 1,8% em relação a novembro de 2022.
Essa queda no comparativo mensal foi a quarta consecutiva registrada pelo setor fabril estadual na pesquisa de Produção Industrial Mensal Regional (PIM Regional), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para se avaliar, de forma consolidada, o impacto das exportações em queda na produção industrial do estado são necessárias as informações da PIM Regional de dezembro, que será divulgada em fevereiro.
Confira os principais produtos exportados por Pernambuco*
- 1º – COMBUSTÍVEIS MINERAIS, LUBRIFICANTES E MATERIAIS RELACIONADOS
- 2º – MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE
- 3º – PRODUTOS QUÍMICOS E RELACIONADOS, N.E.P.
- 4º- ARTIGOS MANUFATURADOS
- 5º – PRODUTOS ALIMENTÍCIOS E ANIMAIS VIVOS
Fonte: Portal Fazcomex (Novembro/2023)
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