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Aumento do diesel, gasolina e gás pressiona a inflação

Os preços do diesel e do gás natural aumentaram, enquanto o diesel e a gasolina tiveram um aumento na cobrança do ICMS
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O aumento do preço dos combustíveis, principalmente do diesel e da gasolina, contribuem para aumentar a inflação. Foto: MME/Reprodução

Os aumentos nos preços do diesel, gasolina e gás natural – que entram em vigor neste sábado (1º) – vão gerar mais inflação e impactar toda a cadeia produtiva. O preço dos alimentos será o mais impactado com a alta dos combustíveis, segundo dois economistas entrevistados pelo Movimento Econômico. Isso ocorre num momento em que a popularidade do presidente da República Lula (PT) está em baixa e o governo preocupado com a alta da inflação dos alimentos.

Os aumentos ocorreram por diversos motivos e foram protagonizados por atores diferentes. O aumento do preço do diesel às refinarias foi feito pela Petrobras – do qual o governo federal é sócio -; a gasolina e o diesel passarão a recolher um maior valor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributo recolhido pelos Estados e a cobrança a mais foi definida pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) em novembro do ano passado.

E o gás natural tem uma política de atualização do preço que ocorre geralmente a cada três meses. Em Pernambuco, os reajustes variam de 0,05%- para clientes industriais e comerciais que compram até 1 mil metros cúbicos por dia – indo até 10% para o cliente residencial que tem um consumo de até 30 metros cúbicos diários. O reajuste do preço do gás natural varia de acordo com o tipo de consumidor.

Ainda sobre o gás natural tem pelo menos duas categorias de consumidores terão variação negativa: usuários comerciais convencionais com consumo de até 9 mil metros cúbicos por dia (-0,46%) e os clientes do polo gesseiro do Araripe (-0,68%). O Gás Natural Veicular (GNV) terá um reajuste médio de 1,44% no preço que é vendido aos postos. Em Pernambuco, o gás natural é comercializado pela Copergás – estatal que tem como sócia o governo de Pernambuco – e o aumento foi autorizado pela Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe).

Aumento no preço do combustível

O diesel vai ter o aumento da Petrobras às refinarias (de 6,3%) e o valor do ICMS sairá de R$ 1,0635 para R$ 1,12, o que corresponde a um aumento de 5,3%. Na gasolina, a alíquota do ICMS será elevada em R$ 0,0979 por litro, passando de R$ 1,37 para R$ 1,47.

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“A gente não acreditava que ia ter aumento da Petrobras, porque o preço do barril de petróleo vem caindo no mundo e a cotação do dólar também caiu. Somente lá pra quarta-feira, teremos uma ideia do quanto vai ficar o preço para o consumidor final”, argumenta o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Pernambuco (Sindicombustíveis), Alfredo Pinheiro Ramos.

A expectativa do setor é de que o diesel tenha um acréscimo de R$ 0,28 a R$ 0,30 (com o aumento da Petrobras e do ICMS) por litro. Já a gasolina estava sendo vendida, a alguns postos, nesta sexta-feira (31) cobrando R$ 0,13 a mais por causa do aumento do ICMS. O preço dos combustíveis ao consumidor final é livre e a concorrência faz os preços serem diferentes. “O aumento é péssimo para o setor porque terá que arranjar mais dinheiro para fazer capital de giro e muitas vezes já ocorreu uma retração do consumo depois dos aumentos”, afirma Alfredo.

Rafael Lima Fecomércio-PE
Economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, comenta o impacto que o aumento dos preços dos combustíveis terá na inflação. Foto:Divulgação

O impacto que o aumento vai ter no bolso…

“O aumento dos combustíveis impacta diretamente os consumidores, assim como também toda a cadeia produtiva. Isso eleva os custos do transporte, o que pode resultar num efeito cascata sobre os preços de diversos produtos e serviços. Os setores mais afetados incluem os de alimentos e bens de consumo não duráveis, setores que mais dependem desse transporte rodoviário”, cita o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), Rafael Lima.

Rafael cita que os combustíveis têm um peso alto no cálculo do Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA). A gasolina chega a representar aproximadamente 5% deste indicador que é a inflação oficial do Brasil. “Ou seja, para cada 1% de aumento no preço da gasolina, espera-se que o IPCA suba cerca de 0,05 pontos percentuais. Com essa recente atualização nos preços, é esperado um incremento entre 0,08 e 0,1% percentual no índice geral de inflação”, explica Rafael.

Quando a inflação aumenta, geralmente o consumidor retrai o consumo. O economista alega que isso contribui para a volta de um cenário que já ocorreu muitas vezes: “Os consumidores tendem a redirecionar esses gastos e isso significa que eles podem reduzir despesas em outras áreas, como vestuários, lazer e priorizar outros pagamentos”, comenta. Ele acrescenta que a pequena e média empresa enfrenta, geralmente, dificuldade justamente porque suas margens de lucro já são baixas e quando há um incremento nos custos, isso pode ser naturalmente repassado para os consumidores. Muitas vezes, quando o empresário absorve este custo a mais, ele perde a viabilidade do negócio”.

Economista Edgard Leonardo fala do desgaste político que o aumento dos combustíveis provoca na atual gestão federal. Foto: Divulgação

O aspecto político do aumento dos combustíveis

Na semana que está encerrando, o presidente Lula (PT) afirmou que o aumento de combustíveis é com a Petrobras para evitar mais desgaste político. A estatal divulgou que o aumento era necessário por causa da valorização da cotação do dólar, que esteve em alta nos últimos meses, embora tenha registrado quedas nas duas últimas semanas. Grande parte do combustível consumido no Brasil é importado.

Recentemente, vários ministros afirmaram que o governo federal pretende adotar medidas que reduzam o preço dos alimentos. São principalmente os alimentos perecíveis, como frutas, carnes, hortifrutis e laticínios, que devem ser os mais impactados com o aumento dos combustíveis, segundo o coordenador do curso do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), Edgard Leonardo.

O professor argumenta que o aumento dos combustíveis pode trazer mais desgaste político para o governo federal, com a inflação impactando mais as pessoas que ganham até dois salários mínimos, que comprometem uma grande parte da renda com a compra de alimentos. “Existe, claro, um alinhamento muito forte do governo atual, do presidente Lula, exatamente com as camadas mais baixas da população. E a camada mais baixa da população tem um processo inflacionário muito maior, o que gera insatisfação. E quando se fala de uma inflação de alimentos, isso prejudica, proporcionalmente, muito mais a baixa renda do que a alta renda”, conta.

Os combustíveis são uma commodity e dependem do preço do petróleo no mercado internacional e também sofrem impacto com a alta do dólar. Leonardo diz que a Petrobras não pode deixar de reajustar o combustível, quando estes custos aumentam.

O economista argumenta que outro fator que contribuiu para a atual alta da inflação foi a desvalorização do real, porque é necessário mais dinheiro para conseguir comprar a mesma quantidade de alguma mercadoria, como por exemplo combustíveis. “O Real está tão desvalorizado, em parte, por causa da falta de confiança (do mercado) no programa de austeridade fiscal do governo federal”, conclui.

E já tem mais previsão de aumento dos juros, na próxima reunião do Copom, na tentativa de controlar a inflação. Os juros esfriam as atividades produtivas, a inflação vai continuar subindo, segundo os especialistas, e o Brasil não consegue ter um crescimento sustentável da economia.

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