Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Fortaleza lidera no Nordeste, mas região concentra piores IFDMs

Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal 2025 mostra que o NE concentra 60% dos municípios com menor desenvolvimento do país. Fortaleza teve o melhor e Salvador teve o pior desempenho entre as capitais nordestinas
Fortaleza Ponte dos Ingleses IFPM
Fortaleza apresentou a melhor performance média nos indicadores da Firjan: Educação, Saúde e Emprego & Renda. Foto: Setfor/Instagram

A nova edição do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), com dados de 2023 e metodologia revisada, mostra que o Nordeste brasileiro mantém os piores indicadores do país. Dos 500 municípios com os menores resultados, 301 estão na região — o equivalente a 60,2% do total. Entre os estados com maior número de municípios em situação crítica estão Maranhão (123), Bahia (93) e Piauí (35). Já entre as capitais, Fortaleza (CE) registrou o melhor desempenho da região, com índice de 0,7389, seguida por Teresina (PI) e Recife (PE). Salvador (BA) apresentou o menor resultado entre as capitais nordestinas, com 0,6442 pontos.

Elaborado pela Firjan com base em dados oficiais referentes ao ano de 2023, esta edição do IFDM analisou 5.550 cidades, que respondem por 99,96% da população. O índice avalia anualmente os níveis de desenvolvimento dos municípios com base em três componentes: Educação, Saúde e Emprego & Renda. O resultado varia de 0 a 1 e é classificado em quatro faixas: desenvolvimento crítico (0 a 0,4), baixo (0,4 a 0,6), moderado (0,6 a 0,8) e alto (0,8 a 1,0).

“Através do IFDM conseguimos chamar a atenção para a situação crítica de muitas cidades, que sequer têm quantidade razoável de médicos para atender a população, em que a diversidade econômica é tão baixa que sete em cada dez empregos formais são na administração pública. Nossos cálculos indicam que as cidades críticas têm, em média, mais de duas décadas de atraso em relação às mais desenvolvidas do país. É como se parte dos brasileiros ainda estivesse vivendo no século passado”, ressalta o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.

Com Fortaleza à frente, capitais nordestinas têm desenvolvimento moderado

Todas as capitais nordestinas foram classificadas com desenvolvimento moderado. Fortaleza teve desempenho superior às demais, com destaque para os componentes de Educação (0,8080) e Saúde (0,7288). Teresina também apresentou bom resultado em Educação (0,7780) e Emprego & Renda (0,6791). Recife obteve o maior índice de Educação da região (0,8104), mas foi penalizada pelo desempenho mais baixo em Saúde (0,6514). Por outro lado, Salvador registrou os menores índices nos três eixos entre as capitais do Nordeste: 0,7722 em Educação, 0,5123 em Saúde e 0,6481 em Emprego & Renda.

A média geral do IFDM das capitais brasileiras em 2023 foi de 0,7269, superior à de todas as capitais nordestinas. Nenhuma delas aparece entre as dez primeiras do ranking nacional. Enquanto cidades como Curitiba, São Paulo e Vitória superaram a marca de 0,82 pontos, as nordestinas permaneceram abaixo desse patamar, reforçando as desigualdades regionais observadas no relatório.

- Publicidade -

Além das capitais, os estados do Nordeste apresentam elevada concentração populacional em municípios com desenvolvimento baixo ou crítico. No Maranhão, 77,6% da população vive nessas condições; na Bahia, o índice é de 70,5%; no Piauí, de 65,2%; em Sergipe, 63,8%; e em Pernambuco, 60,6%. O Ceará é a única exceção da região, com destaque positivo no componente de Educação, onde 99,5% dos municípios apresentaram desenvolvimento moderado ou alto.

Panorama das desigualdades do país

O gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, destaca que o estudo oferece um panorama abrangente sobre as desigualdades do país. “Estamos fornecendo um quadro representativo para a formulação de políticas públicas mais eficazes e equitativas”, pontua. Ele também observa que, embora todas as regiões ainda apresentem cidades em situação crítica, Norte e Nordeste continuam sendo as mais prejudicadas.

Os dados do IFDM também evidenciam disparidades estruturais no acesso a serviços básicos e na qualidade do mercado de trabalho. Nos municípios classificados como críticos, o índice de emprego formal é de apenas 9,1% da população em idade ativa, enquanto nos municípios de alto desenvolvimento chega a 44,3%. A taxa de atendimento em creches para crianças de até três anos é de 26,5% nas cidades críticas, contra 53,7% nas mais desenvolvidas. Na área da saúde, a oferta média de médicos é de 0,4 por mil habitantes nos municípios críticos, frente a 2,9 por mil nos de alto desempenho.

Impacto no PIB regional

Essas desigualdades também se refletem na estrutura econômica regional. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Nordeste foi de R$ 20.408 em 2022, cerca de 40% inferior à média nacional, segundo o IBGE. A região representa aproximadamente 14% do PIB do país e tem sua atividade concentrada em setores como administração pública, comércio e agropecuária. A baixa diversificação econômica, aliada à dependência de transferências federais e à deficiência em infraestrutura logística, limita o avanço sustentável do desenvolvimento municipal.

Embora o IFDM 2025 aponte evolução na média nacional, com 73,3% da população vivendo em cidades com desenvolvimento alto ou moderado, o Nordeste permanece com desempenho abaixo da média. Enquanto as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste concentram 99,2% dos 500 maiores IFDMs, o Nordeste e o Norte reúnem 96% das piores colocações. A distância entre os extremos permanece expressiva: municípios em situação crítica levariam, no atual ritmo de progresso, até 23 anos para alcançar o nível médio de desenvolvimento das cidades mais avançadas do país.

*Com informações da Firjan

Leia mais: Rendimento sobe no Brasil e Nordeste tem alta acima da média

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -