
O Brasil registrou em 2024 os maiores níveis da série histórica para dois dos principais indicadores de renda, segundo a PNAD Contínua – módulo anual sobre Rendimento de Todas as Fontes, divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira (8). O rendimento mensal real domiciliar per capita do país atingiu R$ 2.020, com alta de 4,7% em relação a 2023. Desde 2012, início da série, a elevação acumulada foi de 19,1%.
Outro recorde foi observado no rendimento médio de todas as fontes da população com rendimento, que chegou a R$ 3.057, com crescimento de 2,9% em relação ao ano anterior. Esse indicador considera apenas pessoas que receberam algum valor mensal, e também teve alta acima da inflação.
Embora ainda registre os menores valores do país, o Nordeste apresentou crescimento superior à média nacional nos dois principais indicadores. A renda domiciliar per capita na região foi de R$ 1.319, com avanço de 7,3% sobre 2023. Já o rendimento médio de todas as fontes ficou em R$ 2.080, com alta de 6,1% no mesmo intervalo.
A Região Sul liderou o rendimento domiciliar per capita (R$ 3.576), seguida por Centro-Oeste (R$ 3.569) e Sudeste (R$ 3.497). O Norte (R$ 2.459) também ficou abaixo da média nacional. Entre os estados, o Distrito Federal teve o maior valor per capita (R$ 3.276), seguido por São Paulo (R$ 2.588) e Santa Catarina (R$ 2.544). Os menores valores foram registrados no Maranhão (R$ 1.078), Ceará (R$ 1.210) e Amazonas (R$ 1.231).
Alta foi mais expressiva entre os mais pobres
A melhora dos indicadores foi impulsionada principalmente pelas faixas de menor rendimento. O rendimento dos 40% mais pobres da população alcançou o maior nível da série histórica. Segundo Gustavo Fontes, analista do IBGE, “o dinamismo do mercado de trabalho, a elevação da ocupação e os reajustes do salário mínimo contribuíram para esse resultado, junto ao impacto dos programas sociais”.
Fontes destacou ainda que “o aumento no rendimento per capita ocorreu com maior intensidade nas classes de menor renda, enquanto no topo da distribuição o crescimento foi bem abaixo da média nacional”.
Desigualdade recua e atinge mínima histórica
A melhora nas camadas mais pobres impactou diretamente os indicadores de desigualdade. O índice de Gini caiu de 0,518 para 0,506 — o menor valor desde o início da série em 2012. A razão entre os rendimentos dos 10% mais ricos e dos 40% mais pobres caiu de 14,4 para 13,4 vezes. Já a diferença entre o 1% mais rico e os 40% mais pobres caiu para 36,2 vezes, ante 48,9 vezes em 2019, auge da desigualdade.
Massa de rendimento também cresce com destaque para o Nordeste
A massa de rendimento domiciliar per capita do país somou R$ 438,3 bilhões em 2024, aumento real de 5,4% em relação a 2023 e de 15,0% na comparação com 2019. A Região Sudeste concentrou quase metade desse total (R$ 217,4 bilhões). Nordeste (R$ 76,9 bilhões) e Sul (R$ 77,3 bilhões) responderam por pouco mais de um terço da massa nacional. Centro-Oeste (R$ 40 bilhões) e Norte (R$ 26,7 bilhões) completam a distribuição.
Entre 2023 e 2024, todas as regiões, com exceção do Norte, apresentaram crescimento na massa de rendimento. O Nordeste teve alta de 11,1%, atrás apenas do Sul (11,9%). No Norte, houve retração de 1,0%.
Trabalho e programas sociais ampliam impacto na renda
O rendimento médio do trabalho atingiu R$ 3.225, maior valor da série, reforçando o peso do mercado de trabalho na composição da renda domiciliar. A participação do trabalho passou de 74,2% para 74,9% em 2024. O patamar ainda é inferior ao recorde de 76,9% registrado em 2014.
Os programas sociais também alcançaram recorde de valor médio recebido (R$ 836), mas sua participação na renda domiciliar variou levemente de 3,7% para 3,8%. O ápice ocorreu em 2020 (5,9%), durante a pandemia. Em 2019, esse índice era de apenas 1,7%. Já a proporção de domicílios com beneficiários do Bolsa Família caiu de 19,0% para 18,7%, mantendo-se em nível elevado.
Aposentadorias e pensões perdem espaço, mas seguem relevantes no Nordeste
O rendimento médio por aposentadoria e pensão foi de R$ 2.528 em 2024, com variação discreta em relação a 2023 (R$ 2.512), mas ainda 3,1% abaixo de 2019 (R$ 2.608). A participação desse tipo de rendimento caiu de 17,5% para 16,8%.
A maior dependência de aposentadorias e pensões foi registrada no Nordeste (19,9%), seguida por Sul (17,1%) e Sudeste (16,6%). Norte (14,0%) e Centro-Oeste (13,6%) tiveram as menores participações.
*Com informações da Agência Brasil
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