Copom reduz juros básicos da economia para 11,25% ao ano

Nos Estados Unidos, o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) optou por manter a taxa de juros do Federal Reserve (Fed).
Sob Campos Neto no BC, Copom reduz juros básicos pela quarta vez
Juros básicos caem a 11,25% ao ano sob Roberto Campos Neto, presidente do BC/Foto: Agência Brasil

O comportamento dos preços fez o Banco Central (BC) cortar os juros pela quinta vez seguida. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic, juros básicos da economia, em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros.

Em nota, o Copom informou que pretende continuar a reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. Na entrevista coletiva do Relatório de Inflação de dezembro, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicou que o Copom sempre se refere aos próximos dois encontros ao mencionar a expressão “próximas reuniões”, o que indica que os cortes continuarão até maio pelo menos.

- Publicidade -

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, destacou o comunicado. Em relação à quando os cortes serão interrompidos, o órgão informou que isso dependerá do cenário econômico “de maior prazo”.

Juros no menor nível de 2022

A taxa está no menor nível desde março de 2022, quando estava em 10,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

- Publicidade -

Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 2023, o indicador ficou em 4,62%. Após sucessivas quedas no fim do primeiro semestre, a inflação voltou a subir na segunda metade do ano, mas essa alta era esperada pelos economistas.

O índice fechou o ano passado abaixo o teto da meta de inflação, que era 4,75%. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,5% nem ficar abaixo de 1,5% neste ano.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a estimativa de que o IPCA fecharia 2024 em 3,5% no cenário base. A projeção, no entanto, pode ser revista na nova versão do relatório, que será divulgada no fim de março.

As previsões do mercado estão mais otimistas que as oficiais. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,81%, abaixo portanto do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 3,9%.

Crédito mais barato

A redução da taxa Selic ajuda a estimular a economia. Isso porque juros mais baixos barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais baixas dificultam o controle da inflação. No último Relatório de Inflação, o Banco Central reduziu para 1,7% a projeção de crescimento para a economia em 2023.

O mercado projeta crescimento semelhante. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 1,6% do PIB em 2023.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

Taxa de juros nos EUA

Nos Estados Unidos, o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) optou por manter a taxa de juros do Federal Reserve (Fed), nesta quarta-feira (31). A taxa segue no intervalo entre 5,25% e 5,50%, na primeira reunião de 2024.

“Essa estabilidade era esperada. O mercado está em busca de sinais sobre um possível corte de juros, que deve acontecer em março ou maio. A perspectiva otimista é que esse corte ocorra ainda este ano, o que seria positivo para as bolsas de valores tanto no Brasil quanto ao redor do mundo”, destacou a analista chefe da Money Wise Research, Cleide Rodrigues.

Cleide observa uma mudança global nos últimos anos, passando de inflação elevada para uma tendência inversa, com bancos centrais considerando reduções nas taxas de juros. “O Brasil, como um dos primeiros países a elevar as taxas, agora está em um momento favorável, já que está em processo de redução. O pior cenário já passou, me refiro aos anos de 2022 e 2023, marcados por inflação alta e taxas de juros em ascensão”, comenta.

Impactos nos Mercados Financeiros

A decisão de taxa de juros nos EUA, sendo a maior economia do mundo, tem implicações globais. Quando os juros aumentam nos EUA, os títulos públicos americanos se tornam mais atrativos, levando os investidores globais a realocar fundos, afetando as bolsas de valores tanto no Brasil quanto internacionalmente.

A Analista chefe da MW aponta que os setores sensíveis à taxa de juros são: o varejo e a construção civil, são os mais afetados por essas decisões. Cleide ressalta que, no longo prazo, boas empresas tendem a se valorizar, aconselhando os investidores a não se deixarem levar por eventos de curto prazo. Ela menciona a volatilidade em setores como varejo e a importância de focar em empresas sólidas.

“Para ter sucesso, os investidores precisam entender os eventos, mas não devem basear suas posições apenas neles. Ter uma estratégia bem definida e segui-la independentemente das oscilações do mercado é a chave para o investimento bem-sucedido”, finaliza a analista chefe da Money Wise Research.

*Com informações da Agência Brasil

Leia também:

Empresários do Nordeste reagem à tributação de incentivos fiscais

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -